Mica Rocha não romantiza maternidade ou os negócios: 'meus pratinhos caem'

Empresária e influenciadora, Mica Rocha, 39, é a mente criativa por trás de conteúdos - que atraem mais de um milhão de seguidoras - e das marcas autorais Misha e Open Era, mas nem de longe é isso que a define. A paulistana é mãe de três, se multiplicando todos os dias não só para tentar dar conta de tudo, mas revelando um mind set de negócios para exercer um maternar real - sem fórmulas prontas, com erros, acertos e muita dedicação.

Newsletter

Materna

Conteúdo personalizado com tudo que importa durante a gravidez. Informe seu email e tempo de gestação para receber a newsletter semanal

Tempo de gestação
Selecione

Ao assinar qualquer newsletter você concorda com nossa Política de Privacidade

A maternidade para mim é muito intensa. É visceral. É muita presença, é um exercício de doação que, muitas vezes, é exaustivo. Mica Rocha, 39, empresária, influenciadora e mãe de três

Mica leva os filhos ao dentista, à escola, e acompanha os pequenos passos de Luísa (6), Olívia (4) e Henrique (3), enquanto cria marcas, coleções e projetos. Entre uns e outros, enfrenta perrengues comuns a mulheres empresárias; senta para brincar e também para embalar pedidos, com a mesma leveza que assume seus fracassos publicamente.

Em suas redes, a influenciadora falou sobre o fechamento de uma de suas marcas sem medo de parecer fracassada. Enfrentou seu pior puerpério também com coragem: uma hemorragia no parto do caçula a obrigou a passar por cirurgia e pós-cirurgia; entre amamentações e trocas de fraldas, Mica lançou um novo negócio, sem deixar os cuidados com os dois filhos mais velhos de lado.

Para ela, o segredo para ter energia é normalizar os perrengues sem romantizar, mas também sem torná-los maiores, além de celebrar as pequenas vitórias.

Sabe o que eu vejo em comum entre minhas duas funções, de mãe e empreendedora? Tenho rede de apoio no trabalho e em casa, mas ninguém tira a nossa função - e eu gosto de exercer minha função de mãe assim como de ter minhas marcas. Não conseguiria só delegar e ponto. Mica Rocha, 39, empresária, influenciadora e mãe de três

Faro para os negócios -e para terapia

A paulistana não deixa de trabalhar - tanto que, quando criou a Misha, marca de acessórios, estava grávida da segunda filha. No início do novo negócio, contou com a ajuda do pai, recém-aposentado, para embalar os pedidos. "Ele era alto executivo e de repente, estava lá comigo, numa salinha de 20 metros quadrados. Resumindo bem, foi ali que nasceu a nossa sociedade. Porque a marca teve um começo muito meteórico, bastante pedido no site e eu só tinha uma pessoa me ajudando", lembra.

Continua após a publicidade

A vida atribulada não a impede de estar com os filhos, deixar na escola, levar no dentista, brincar, ter tempo de qualidade, se preocupar com a saúde deles, física e mental. "Minha mãe fala, 'não sei como é que você faz isso aí', mas eu faço com muito prazer", observa.

A verdade é que Mica mistura o faro para negócios que aprendeu com pai com a presença forte da mãe, psicóloga. A culpa, prefere deixar longe:

Não sinto. Acho que fui amadurecendo essa ideia. Minha mãe me ajudou muito. Chegava em casa cansada, mas mesmo assim com disposição de conversar com a gente. Sempre sabia o que estava acontecendo. Mães desenvolvem uma habilidade de polvo. É uma habilidade que cansa? É. Tem dias que tô sobrecarregada, outros consigo fazer tudo muito bem. Mas é isso que não me deixa culpada. Porque você tá dando tudo de si, né?Mica Rocha, 39, empresária, influenciadora e mãe de três

Mica sabe que o fato de poder trabalhar de casa possibilita a ela viver a maternidade com plenitude. "Acho que me sentiria muito culpada se tivesse uma distância física o dia todo. Eu imagino como deve ser duro pra muitas mulheres", reflete, mas lembra que trabalhar, mesmo que seja fora de casa, não é um fator excludente para a potência materna na vida dos filhos.

A maternidade é única para cada mãe. Tem mães muito presentes que trabalham muito. É fácil? Não. Mas existe, eu conheço muitas mães maravilhosas que trabalham o dia todo. A gente não pode ser cruel com a maternidade de ninguém. Mica Rocha, 39, empresária, influenciadora e mãe de três

A forma de pensar dos negócios fica clara: se, numa empresa, há indicadores-chave de desempenho, na maternidade, Mica acaba elegendo alguns, mesmo que sem querer. Para ela, a confiança dos filhos em conversar sobre tudo é de suma importância. E não é só o tempo junto que garante isso, mas a qualidade dele, e outras formas de se fazer presente. "Se fosse assim, nenhuma mãe poderia trabalhar. Toda mãe pode estar presente, a que trabalha fora e a que está exercendo a maternidade arcando 100% com todo o trabalho braçal, operacional".

Continua após a publicidade

Não há como dar conta, derrube os pratinhos

Antes de ser mãe, Mica tinha medo de não dar conta. Hoje, ela entende que, para isso, acaba abrindo mão de algumas coisas, e que está tudo bem. "Outro dia fiquei horas pensando? Se alguém me pergunta qual é o meu hobby, eu não tenho hobby. Não consigo te falar que é jogar tênis. Porque eu não vou jogar tênis, eu vou ficar no clube com os meus filhos. Meu hobby também não é cozinhar, provavelmente se eu cozinhasse, eu ia entrar numa aula de culinária com os meus filhos", admite.

O que não quer dizer que seu lado mãe não se divirta, pelo contrário. Segundo ela, o maior segredo do sucesso, tanto no empreendedorismo quanto na maternidade, é a leveza.

Quando a gente é recém-mãe, fica pensando 'ai, meu Deus, eu vou dar conta?'. Vai, e vai dar tudo certo, você vai aprendendo a se divertir também. Eu me divirto muito com eles, e nos negócios. Nada como viver. E ver que é um perrengue mesmo, e que a gente dá um jeito, né? Sentimos culpa do quê? É que, às vezes, temos uma preocupação com o que os outros pensam.Mica Rocha, 39, empresária, influenciadora e mãe de três

O maior medo de Mica em relação à maternidade? "Ah, eu acho que a superproteção, querer controlar demais as coisas. Às vezes, ela dificulta o nosso filho de crescer, sabe?". Qualquer semelhança com o empreendedorismo não é mera coincidência: a mulher de negócios precisa ter olhar de dona, e aprender a delegar para que a empresa cresça - assim como a mãe.

Continua após a publicidade

"Acho que é isso? É não olhar para a superproteção como sendo o máximo, porque nela a gente acaba, talvez, perigando que os nossos filhos fiquem inseguros, e eu me preocupo muito com isso, sabe?"

O maior perrengue da maternidade até agora? "É a minha cabeça, às vezes sinto que meus pratinhos estão caindo. É olhar esses pratinhos caindo e ser boa comigo mesma, sabe? É muito difícil entender que não é tudo que você vai fazer perfeito, mas acho que quando você começa a ser boa com você, você também começa a ser menos exigente com as pessoas, e consegue ser uma pessoa mais leve no casamento, na liderança, na empresa, na maternidade."

Um manifesto sobre vínculo

Mica Rocha e mãe assistindo 'Afeto'
Mica Rocha e mãe assistindo 'Afeto' Imagem: Divulgação

Mica escolhe não romantizar o caos, nem em casa e nem nos negócios, e costuma falar abertamente sobre seus medos, especialmente sobre seus fracassos. Talvez por isso tanta gente se identifique com ela. A forma com que encara a vida é uma verdadeira lição de empreendedorismo aplicado à maternidade.

Um dos seus segredos é não separar os dois mundos, ou seja, filhos e carreira. "Eles participam, a gente vai visitar a loja, ensino coisas que tô fazendo no trabalho. Acho gostoso colocar a família dentro desse ambiente. Eles sabem que isso me faz feliz também. E que isso ajuda a construir um futuro pra eles. É tudo interligado", observa.

Continua após a publicidade

A empresária, que se destacou na internet com sua forma direta e bem-humorada de falar, vem traduzindo várias versões de si em produtos, conteúdos e experiências que celebram a autenticidade e o afeto — tema central de seu mais recente projeto. Mica lançou o curta-metragem "Afeto", para celebrar o Dia das Mães e se tornar o ponto de partida para a coleção homônima da Misha, desenvolvida em parceria com sua mãe, Blenda, e suas irmãs, Carol e Gabrielle.

A produção resgata as memórias afetivas de sua família e reforça a potência do feminino em suas múltiplas versões, sendo um verdadeiro manifesto, que nasceu da relação profunda de Mica com a própria mãe. Um lembrete de que vínculos profundos não precisam de perfeição, mas de presença e verdade. "É sobre lembrar que a gente não precisa estar o tempo inteiro dando conta de tudo. Mas que a gente pode encontrar beleza no simples, no toque, no olhar, na memória, no abraço." O curta, lançado no final de abril, está disponível no YouTube da marca.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.