É comum engravidar após os 40 como Gisele? Grupo de mães divide vivências

Gisele Bündchen, 44, está gravida do seu primeiro filho com o professor de jiu-jitsu Joaquim Valente, 35. Ela já é mãe de Benjamin Rein, 14, e Vivian Lake, 11. Sabrina Sato, 43, é mãe de Zoe, 5, também anunciou sua gravidez com Nicolas Prattes, 27, dias atrás. Vale lembrar ainda que, em junho, a atriz Andreia Horta, 41, anunciou a espera do primeiro filho.

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As três retratam a gestação após os quarenta anos - gerando identificação e inspirando outras mulheres que adiam a gravidez, ou desejam ter um novo bebê após a idade considerada ideal por médicos (35 anos).

"São histórias como essas que fazem a comunidade do 'Mãe aos 40' crescer. As mulheres que adiaram a gravidez se reconhecem ali, notam que não estão sozinhas passando por essa experiência", diz Aline Dini, jornalista e criadora do perfil Mãe aos 40 no Instagram. Aline Dini, 35, conta que foi mãe jovem, aos 26, e não teve dificuldade para engravidar, mas sentiu necessidade de criar um grupo para conversar com mães mais velhas e trocar vivências.

Vi a dor de mulheres com dificuldades para engravidar, isso foi realmente me consumindo. Se eu olhar para minha história, foi natural. Mas entrei em um lugar de precisar e querer ajudar essas mulheres. E, hoje, mais velha, estou igualzinho a elas, sem saber se quero ter outro, quando, como.Aline Dini, jornalista e criadora do perfil Mãe aos 40 no Instagram

Antes mãe jovem, depois (possível) mãe mais velha

É comum mulheres que tiveram o primeiro filho sem desafios acharem que vão engravidar da mesma forma no segundo, mas nem sempre é assim. O seu corpo é outro, seu óvulo é outro, às vezes até o parceiro mudou -importante lembrar que dificuldade para engravidar e infertilidade existem por fatores compartilhados igualmente entre homens e mulheres.

Aline lembra que sua ideia inicial com a página era estimular mulheres a terem filhos quando bem entendessem. "Estava na vibe de 'você pode o que quiser, na hora que quiser'. Mas passei a ter acesso a muitas pesquisas mostrando que a mulher estava adiando a maternidade e pensei: 'tem alguma coisa aí que as pessoas não estão olhando, vou empoderar mais mulheres'", conta. E não bastou empoderar, foi preciso também conscientizar.

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Recebi muitos relatos de mulheres de quarenta anos tentando engravidar sem conseguir e, para ajudar, fui estudar o planejamento reprodutivo. Não é que aos quarenta você não possa engravidar. De forma nenhuma. Mas há essa falsa ideia de que é fácil, quando você vê várias famosas engravidando com 45, 47, 50 anos.Aline Dini, jornalista e criadora do perfil Mãe aos 40 no Instagram

"A realidade é que essas mulheres fazem parte da exceção e não da regra. Afinal, a chance de engravidar naturalmente nessa idade é menor que 5% ao mês. Esse é um momento lindo, e também uma oportunidade de lembrar o quanto é importante conhecermos nosso corpo", destacou.

"Quem não consegue engravidar fala muito que se sente como árvores secas, incompletas. Por quê? Porque você cresceu associando que ser mulher é ser mãe em algum momento. Se você não consegue cumprir essa função, começa a se cobrar e se culpar".

Informação é sempre uma boa pedida

Histórias como as destas e de outras famosas, como Cláudia Raia, podem mostrar que é possível engravidar após os 40 (sem ou com tratamento), mas correm o risco de serem armadilhas, se quem estiver do outro lado não tiver informações suficientes. É preciso entender a porcentagem de sucesso de uma gravidez tardia (sabemos que o termo é péssimo, mas é o utilizado na literatura acadêmica), e nunca se comparar.

Além disso, é preciso se educar sobre planejamento reprodutivo. "Hoje no Brasil, planejamento familiar é sinônimo de contracepção. Você faz seu exame transvaginal, o exame de mamas, e acabou. E você sai achando que está tudo bem com você, que quando parar o método anticoncepcional a gravidez vai acontecer. Você vai achar que terá problema para engravidar? Não?", reflete a jornalista e pesquisadora do tema. Converse com seu médico para alinhar expectativas e entender quais exames fazem sentido para quando você quiser ter filhos.

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Aline lembra que a mulher tem várias fontes de realização, não é mais exclusivamente a maternidade e que, por isso, o dilema de ter filhos aparece cada vez mais, assim como a dúvida sobre o congelamento de óvulos, algo que antes ninguém pensava. "Os médicos falam muito de congelamento, mas não é sobre isso, congelar também não é garantia, depois vem todo o processo de fertilização. É sobre as escolhas da mulher", diz.

É sobre beber de várias fontes de informação não apenas para se realizar, mas para se preparar para o que pode ou não querer viver mais adiante. Se informe o máximo possível, com ginecologistas, especialistas em reprodução humana, conheça seu sistema reprodutivo e olhe para saúde do seu parceiro.

É preciso recordar: temos cerca de 8 milhões de pessoas inférteis no Brasil, um problema que é diagnosticado, que tem até classificação internacional de doenças (CID).

"É uma doença que deveria ter tratamento coberto por plano de saúde, ter muito mais acesso no SUS. Mas essa é uma mulher sofrendo quietinha, calada, porque tem vergonha, porque sempre recai sobre a mulher - que é virada do avesso antes mesmo do seu parceiro, cujo exame é muito mais simples, um espermograma. Se todas se juntassem e dessem voz para esse negócio, poderia mudar muita coisa. E tem que conscientizar. As mulheres que estão pensando em adiar a maternidade, que elas adiem conscientemente, sabendo dos prós e contras", conclui Aline.

É importante saber que todas podem ter uma história como a da Gisele, e que podem também não ter. "As chances de gravidez caem consideravelmente após os 35 anos e reduzem de uma forma extremamente abrupta a partir dos 38, 39 anos. Para se ter uma ideia, enquanto a chance de gravidez em um ano de tentativas é de 96%, aos 25 anos é de 84% aos 35 anos, aos 40 anos essa taxa cai para 55% e para 35% aos 43", destaca Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana.

Além de existirem exceções à regra, é possível também optar por técnicas de reprodução humana, como a Fertilização In Vitro (FIV), uma das mais populares. Só vale ressaltar que as taxas de sucesso da técnica também são afetadas pelo processo de envelhecimento, já que a idade do óvulo utilizado é que determina a chance de gravidez.

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"Para se ter uma ideia, a chance de gravidez na FIV com óvulo próprio aos 44 anos é de 5% e aos 45 anos é menor que 1%", explica Rodrigo. Aqui também existem exceções à regra, como mulheres com reserva ovariana acima da média ou que congelaram os óvulos anteriormente. E, quando esse não é o caso, a solução é o tratamento conhecido como ovorecepção, destaca o especialista.

15 comentários

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Sandra Zarpelon

Como tudo na nossa sociedade, ser mãe depois dos 40 está sendo romantizado. Torço para que todas as mães depois dos 40 tenham uma gravidez tranquila e um bebê saudável. Mas não é algo para se romantizar e influenciar outras mulheres. É perigoso. Ainda mais para mulheres que não têm todos os recursos que as famosas têm. Muitos falam que o mundo mudou, que nós mudamos, mas o corpo não mudou

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Maria Eugênia da Silva Fernandes

Um artigo sobre o lado masculino seria bastante útil, para tirar a carga pesada que geralmente recai sobre a mulher. Por exemplo, a fragmentação do DNA espermático é um problemão que deveria ser mais abordado em TODAS as reportagens que tratem da questão de (in)fertilidade. O bebê não é gerado apenas por uma mulher. A contribuição masculina na frustração de muitos casais inférteis é relevante e não pode ser ignorada. A pesquisa cientifica nessa questão da fragmentação ainda está muito atrasada!

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Luiz Rodrigues Barbosa

O que faltou mencionar é que, além dos óvulos  " com validade vencida" serem menos férteis, apresentam muito mais probabilidades de defeitos genéticos, como Down ! Também o organismo  de mulheres muito novas, como antes dos 16,  assim como depois dos 40. tem menos capacidade para o stress da gestação  e sofrem mais, tanto a mãe, como o feto!

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