Grávida tentou 'segurar' parto do filho com medo de avô morrer no mesmo dia
Durante a gestação do segundo filho, Syndel Sensulini viveu um dos momentos mais difíceis de sua vida, a internação do pai. Em uma das visitas, ela o viu desacordado e cheio de máquinas. "Foi uma experiência horrível, chorei muito, não acreditava", conta ela à apresentadora Mariana Kupfer, no programa AMAR, em parceria com Materna, a newsletter e editoria de Universa.
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Com a saúde do pai em estado grave, Syndel não conseguia cuidar do filho mais velho Anthony, que é autista e demanda idas as terapias, ou mesmo se alimentar da forma adequada, o que refletiu diretamente no baixo peso de Arthur.
Acho que até o meu trabalho de parto eu me segurei com medo de o meu pai morrer e eu não poder me despedir. Foi muito difícil essa situação.Syndel Sensulini
Com uma indução que durou quatro dias, Syndel entrou em trabalho de parto, mas após a saída da placenta perdeu cerca de um litro de sangue e quase foi entubada. Aos prantos, ela pediu à médica que não a entubasse, pois o pai dela estava entubado.
Na última vez que viu o pai vivo, Syndel conta que ele abriu os olhos, ela disse que o filho mais velho estava bem e que o bebê estava para nascer. "Ele soltou uma lágrima e foi assim que eu me despedi do meu pai". Treze dias após o nascimento de Arthur, o pai dela faleceu.
Syndel não sabe se filho mais novo tem TEA
Com o diagnóstico de autismo de Anthony e grávida de Arthur, Syndel diz que foi questionada se não tinha receio de os dois filhos terem TEA (Transtornos do espectro autista). "Fui um pouco contra a maré, porque todo mundo falava: 'Como você vai ter outro filho e se ele for autista?', 'Você não tem medo?', 'Se eu fosse você, não teria outro filho', comenta.
Sem saber se Arthur tem autismo, Syndel diz que o filho tem sido observado pela neurologista de Anthony e pela família. Com um ano, ele já anda e fala algumas palavras, mas não dá tchau e nem manda beijos.
Com o desejo que os dois filhos cresçam e façam tudo juntos, Syndel incentiva essa aproximação mesmo com demandas diferentes. Ela conta que quando Arthur foi para casa após o nascimento, Anthony sentou em cima dele no carrinho.
"A gente não pode gritar porque eles [autistas] têm sensibilidade com grito. A gente falou: 'filho, não pode, irmãozinho é bebezinho'. Ele fez um carinho e saiu. (...) Hoje ele vive beijando o Arthur toda hora. Acho que agora ele tem a percepção que é um bebezinho, como é menorzinho ele gosta de ficar abraçando e beijando o Arthur".
Syndel usa a força do pai para criar os filhos
Na rotina com as crianças, Syndel diz que não teve tempo para sofrer a perda do pai, mas conta que usou a força dele para criar os filhos.
Meu pai me deixou isso de a gente viver a vida da melhor maneira possível. Ele foi muito intenso em tudo o que ele fazia. Ele me ensinou a não ser uma pessoa fraca, eu continuo lutando para ser forte para os meus filhos.Syndel Sensulini
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