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Defesa muda argumento em caso Tatiane Spitzner: "Se acidentou"

Julgamento de Manvailer entra no terceiro dia nesta quinta-feira (6); defesa mudou argumento sobre o caso - Reprodução/Instagram
Julgamento de Manvailer entra no terceiro dia nesta quinta-feira (6); defesa mudou argumento sobre o caso Imagem: Reprodução/Instagram

Nathália Geraldo

De Universa

06/05/2021 12h48Atualizada em 06/05/2021 16h38

A defesa do réu Luis Felipe Manvailer, que teve o júri popular iniciado na terça-feira (4), mudou o argumento para o caso de Tatiane Spitzner, morta em julho de 2018. O advogado Claudio Dalledone Jr., um dos que representam Manvailer, afirmou para Universa, por telefone, que a vítima "se acidentou quando utilizava uma estratégia emocional para conseguir o conteúdo do telefone de Luis Felipe Manvailer".

O julgamento segue nesta quinta-feira (6), e a previsão do advogado e assistente de acusação do Ministério Público do Paraná, Gustavo Scandelari, é que o veredito do caso saia somente no fim de semana.

Dalledone diz que o ponto controvertido entre acusação e defesa é a causa da morte de Tatiane. A defesa afirma que há uma declaração de óbito, emitida por um médico legista e auxiliar de necropsia, em que se mostra que foi de politraumatismo, após a queda. O documento contestaria o laudo do IML que afirma que a morte foi por esganadura, o que também consta na denúncia do Ministério Público.

Anteriormente, a defesa sustentava a tese de que Tatiane tinha um quadro depressivo e teria se suicidado. Ela foi encontrada morta após cair do quarto andar em que o casal morava, em Guarapuava (PR). Manvailer é acusado de homicídio qualificado (com as qualificadoras de motivo fútil; mediante asfixia e meio cruel; e feminicídio) e fraude processual (por ter removido o corpo da vítima do local da queda e limpado vestígios de sangue deixado no elevador).

Para Scandelari, que representa a família Spitzner, o discurso ofende a memória da vítima e agride a família. "Surpreendentemente, a defesa mudou mais uma vez a versão do réu. Ele sempre deu versões conflitantes, mas afirmando que ela havia se suicidado. Primeiro, segundo ele, Tatiane havia executado um salto direto, depois que ela que se havia se pendurado no parapeito e se soltado", diz o advogado.

"Como eles nunca conseguiram provar que Tatiane tinha indícios clínicos de depressão, o mínimo sinal de tristeza, pois provamos que ela era uma moça alegre e que fazia planos para o futuro, mentalmente saudável, agora optam por uma versão que agride a memória da vítima e da família, dizendo que ela era uma chantagista emocional."

O julgamento e as testemunhas ouvidas

Entre o primeiro e o segundo dia do julgamento, foram ouvidos o delegado responsável pelo inquérito do caso, Bruno Maciozeck, um homem e uma mulher que eram vizinhos de porta do então casal, o médico legista que assinou o laudo do IML em que foi confirmado que Tatiane morreu por asfixia mecânica e o síndico do edifício.

Nesta quinta, o investigador de polícia Marco Aurélio Jacó foi questionado pela Promotoria de Justiça e os assistentes de acusação. Ele contou que estava no prédio no momento em que o crime aconteceu. O investigador dormia no apartamento da namorada, que fica no mesmo local, e não percebeu a movimentação. No dia seguinte, ao chegar à delegacia, soube do crime e voltou ao prédio para pedir as imagens das câmeras de segurança e ouvir as testemunhas.

Imagens da vítima

Hoje, a promotoria exibiu várias imagens fortes que mostram Manvailer levando o corpo da esposa até o apartamento e limpando os vestígios de sangue espalhados no elevador. Neste momento, a família, que acompanha o júri desde o começo, foi retirada do local. O investigador disse que chegou à conclusão de que não foi suicídio devido a todos os indícios das investigações.

A previsão é que o chefe administrativo do IML de Guarapuava, Obadias de Souza Lima Júnior, seja ouvido nesta tarde.

Adiamentos

O julgamento já foi adiado três vezes: na primeira vez, em dezembro, um advogado da defesa teve covid-19. Em janeiro, houve conflito de agendas. Já em fevereiro, o cancelamento ocorreu poucas horas após o início da sessão. Segundo o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), a defesa do réu abandonou o plenário. O juiz entendeu a atitude como "abandono injustificado" e aplicou multa de cem salários mínimos (ou R$ 110 mil) aos advogados, que foi cassada pelo TJ-PR posteriormente.

Como funciona o júri

O júri popular do caso foi sorteado na terça, e é totalmente masculino, com sete homens o compondo. Eles formam o Conselho de Sentença, que ouve as testemunhas e o interrogatório do réu. Na sequência, acusação e defesa falarão. A votação que irá decidir se ele é culpado ou não será feita entre os jurados em uma sala secreta. Se decidirem pela condenação, o juiz aplicará a pena de acordo com o que prevê a legislação para cada crime.

O caso

  • Tatiane Spitzner morreu em julho de 2018; em Guarapuava (PR). Foi encontrada após cair do 4° andar do prédio
  • Luis Felipe Manvailer é acusado de ter matado Tatiane por enforcamento e jogado seu corpo da sacada do edifício.
  • Câmeras registraram o acusado agredindo Tatiane no elevador, recolhendo o corpo dela na calçada e, por fim, limpando as marcas de sangue.
  • A acusação defende que Tatiane foi jogada; a defesa afirma, agora, que ela se acidentou.
  • Depois de três julgamentos adiados, o júri popular de Manvailer começou na terça-feira (4) e deve durar de 2 a 3 dias.
  • Manvailer responde pelos crimes de homicídio (com as qualificadoras de motivo fútil; mediante asfixia e meio cruel; e feminicídio) e fraude processual.