O erro em 'Mania de Você': o que tem afastado o público da novela?

Novela não é para amadores, e isso todo mundo sabe. Mas até o experiente autor João Emanuel Carneiro, responsável por sucessos como "Da Cor do Pecado", "A Favorita" e "Avenida Brasil'', comete erros. E, desta vez, ele errou feio em ''Mania de Você''. A pergunta é: onde?
Como telespectador assíduo de novelas há 62 anos, acredito que ele errou justamente onde havia acertado muito em "Avenida Brasil": ao colocar a personagem Rita como vítima de uma grande maldade e levar o Brasil inteiro a torcer por ela. Talvez, entusiasmado pelo sucesso de "A Favorita" —onde não se sabia quem era a verdadeira heroína—, tenha exagerado na tentativa de ampliar esse efeito e acabou se perdendo.
Na atual novela das 21h, não dá para torcer por Viola, nem por Rudá, nem por Luma. Os três vítimas de Mavi —será?. Nenhum deles é suficientemente vítima e nenhum é heroico o bastante. Toda novela exige isso: uma grande vítima ou um grande herói por quem se possa torcer. Nesta trama, no entanto, todos já aprontaram, traíram... Parece mais um jogo, onde as peças se invertem. Um jogo frio, no qual o telespectador não se envolve emocionalmente.

O que ainda sustenta a audiência talvez seja o show de interpretação de Chay Suede nesse personagem narcisista obsessivo. Até mesmo a grande Adriana Esteves, nesta novela, repete traços de outras personagens criadas por João Emanuel, como a icônica Carminha, de "Avenida Brasil", ou a cafetina Laureta, de "Segundo Sol". Mas sabemos que ela é capaz de muito mais, como vimos recentemente na série "Os Outros", também da Globo.
Por outro lado, alguns personagens secundários da novela, como Fátima (Mariana Santos) e Robson (Eriberto Leão), despertam mais interesse nos telespectadores da trama, especialmente pela humanidade dos problemas em sua relação.
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