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Opinião

Com tanto pra mostrar, Globo destaca mais do mesmo na festa de seus 60 anos

Dá para entender que a Globo tenha usado pouco do seu acervo dos anos iniciais —da chegada ao Brasil, em 26 de abril de 1965, até 1972— para comemorar seus 60 anos. Afinal, muitas imagens da época eram em preto e branco, e grande parte do material se perdeu em incêndios ou foi apagada com a reutilização de fitas para economizar.

Ainda assim, tenho certeza de que o público adoraria rever novelas como "Ilusões Perdidas", "Eu Compro Essa Mulher", "Anastácia - a Mulher Sem Destino", "O Sheik de Agadir", "O Rei dos Ciganos", "A Rainha Louca", "A Grande Mentira", "A Sombra de Rebeca", "Sangue e Areia", "A Última Valsa", "A Gata de Visón", "A Cabana do Pai Tomás", "Demian, o Justiceiro" e "Pigmaleão 70".

As produções foram marcadas por talentos como Leila Diniz, Reginaldo Faria, Marieta Severo, Henrique Martins, Zilka Salaberry, Miriam Pires, Miriam Pérsia, Hélio Souto, Tarcísio Meira, Glória Menezes, Nathalia Timberg, Sérgio Cardoso, Tereza Amayo, Cláudio Marzo, Carlos Alberto, Ziembinski, Miriam Mehler, Neuza Amaral, Norma Blum, Amilton Fernandes, Emiliano Queiroz, entre tantos outros que emocionaram e ainda emocionam gerações.

Reginaldo Faria e Leila Diniz em 'Ilusões Perdidas'
Reginaldo Faria e Leila Diniz em 'Ilusões Perdidas' Imagem: Acervo/Globo

O que a Globo apresentou, repetidamente, foram suas produções mais recentes e seus artistas atuais —muitas vezes com um destaque exagerado. Ícones como Glória Menezes, Tarcísio Meira, Regina Duarte, Carlos Alberto, Rosamaria Murtinho, Mauro Mendonça, Eloísa Mafalda e Ary Fontoura, verdadeiros pilares da construção do império Globo, foram citados de maneira tímida. Mereciam mais, muito mais.

A ausência de homenagens proporcionais à novelista Ivani Ribeiro —reconhecida como a mãe da telenovela brasileira e autora de clássicos como "O Profeta", "A Viagem", "Mulheres de Areia" e "A Gata Comeu" —foi mais um erro. Janete Clair, outra gigante, foi muito mais lembrada. Uma injustiça histórica.

Mais lamentável ainda foi a homenagem prestada a Jô Soares e ao jornalismo da emissora no Caldeirão do Mion. Era para ser engraçado, mas foi apenas constrangedor. A presença do músico Derico, ex-integrante da banda do Jô, garantiu alguma emoção espontânea —assim como o momento em que Fátima Bernardes se emocionou ao tentar ler um autoelogio. De resto, tudo soou frio, no melhor estilo Globo: excessivamente editado, polido como um hall de hospital.

Um detalhe importante: o deslumbramento da produção com o Vídeo Show. O especial parecia uma edição estendida do antigo programa das tardes. Serviu, na prática, para mostrar que a atração ainda não amadureceu o suficiente para voltar à grade diária da emissora. Destaque positivo para Paulo Vieira, o único que realmente apontou para o tão alardeado "futuro" que a Globo sessentona quer vender em suas chamadas.

Miguel Falabella e Cissa Guimarães gravam Vídeo Show para 60 anos da emissora
Miguel Falabella e Cissa Guimarães gravam Vídeo Show para 60 anos da emissora Imagem: Fábio Rocha/Globo

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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