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Calendário, pinturas e regras: o que mudou na Fórmula 1 após o coronavírus

Largada para a primeira corrida do ano será neste domingo, às 10h10 - Lat Images
Largada para a primeira corrida do ano será neste domingo, às 10h10 Imagem: Lat Images

Colunista do UOL

01/07/2020 04h00

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Muita coisa mudou desde que a Fórmula 1 teve de cancelar o que seria sua etapa de abertura da temporada apenas duas horas antes de os carros irem à pista, na Austrália, em março. Pouco antes, a OMS tinha acabado de declarar que o mundo vivia uma pandemia. Nos últimos três meses e meio, foi necessário adotar novos procedimentos, várias corridas mudaram de data ou foram canceladas, e até algumas regras tiveram de ser mudadas para diminuir o impacto financeiro do coronavírus nas equipes. E a única certeza sobre o campeonato que começa neste final de semana, na Áustria, e que marca os 70 anos da F1 é que ele será bem diferente.

Calendário segue indefinido

Há a expectativa de que pelo menos algumas outras corridas sejam anunciadas nos próximos dias, mas no momento o campeonato tem apenas oito GPs confirmados, todos na Europa. Esse número é o mínimo para que o campeonato seja validado. Nestas 8 primeiras etapas, haverá algo inédito: a Áustria e a Inglaterra receberão dois GPs em finais de semana seguidos. E há grandes chances de que provas que não estavam no calendário original, como Portugal e uma segunda prova na Itália, sejam confirmadas. Tudo porque a F1 avalia ser difícil fazer muitas corridas fora do continente onde estão sediadas as equipes. O GP do Brasil é um dos que seguem esperando a confirmação, e há a possibilidade de que não possa ser realizado em Interlagos neste ano devido ao coronavírus.

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GP Brasil de 2020 não está confirmado
Imagem: Lat Images

Desenvolvimento dos carros e motores será limitado

Mesmo com o campeonato sendo realizado, o fato de menos provas estarem previstas (ao invés de 22, a F1 fala em 15 a 18) e de muitas delas ocorrerem sem público faz com que a arrecadação dos times sofra. Pensando na saúde financeira das equipes, foi decidido que o desenvolvimento de carros e motores será limitado, com a introdução de fichas de desenvolvimento que só podem ser usadas duas vezes no ano (para as primeiras oito provas e para as restantes). Há itens que não entram na lista de peças "congeladas", como superfícies aerodinâmicas, por exemplo.

GPs sem torcida ou pódio

Pelo menos as oito primeiras corridas serão sem torcida, mas há a possibilidade que isso mude nas provas seguintes. E as mudanças não param por aí: até mesmo a cerimônia do pódio não vai poder ser realizada normalmente, e será feita na área dos boxes. O grid vai ser bem diferente do normal: ao invés da movimentação de celebridades e jornalistas, apenas as equipes terão acesso à pista antes da largada para evitar contaminação.

Procedimentos anti-covid

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Mercedes testa procedimentos anti-coronavírus com Lewis Hamilton
Imagem: Mercedes/Dilvulgação

O CEO da F1, Chase Carey, já afirmou que casos positivos isolados não farão com que corridas sejam canceladas, mas isso não quer dizer que a categoria esteja ignorando a presença do vírus. São várias as medidas tomadas, que vão desde a diminuição do número de pessoas que viajam às corridas, testes a cada cinco dias, uso de máscaras e visores dependendo da função do profissional e até a divisão interna das equipes em "mini-bolhas" para minimizar o contato. Todos os profissionais usarão um rastreador para determinar com quais pessoas cada um teve contato e isolá-las no caso de algum teste der positivo. Por conta disso, os pilotos reservas estarão mais a postos do que nunca. Entre eles, estão dois brasileiros: Pietro Fittipaldi, da Haas, e Sergio Sette Câmara, da Red Bull/AlphaTauri.

Novas pinturas para Williams e Mercedes

Motivos diferentes fizeram Williams e Mercedes mexerem nas pinturas com as quais os carros foram lançados em fevereiro: a Williams não tem mais os detalhes em vermelho, uma vez que rompeu com a patrocinadora máster, RoKit, por falta de pagamento. E a Mercedes decidiu mudar da pintura prateada para o preto como forma de mostrar seu comprometimento com a promoção da diversidade dentro da equipe, em resposta à cobrança de uma postura mais efetiva da equipe por parte de seu astro, Lewis Hamilton.

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Pintura de carro preta da Mercedes para temporada 2020 de F1
Imagem: HANDOUT

F1 mais próxima de questões da sociedade

Não foi apenas a Mercedes que buscou se aproximar de questões latentes da sociedade, algo bastante incomum no mundo da Fórmula 1 normalmente: a categoria em si, que já tinha iniciado ano passado projeto para ser mais sustentável, agora adotou o slogan We Race as One (corremos como um só, em inglês), buscando promover diversidade e agradecendo os esforços das pessoas que vêm combatendo o coronavírus na linha de frente, como médicos e enfermeiros. A Federação Internacional de Automobilismo também vem firmando parcerias mais concretas para seu programa de inclusão de mulheres no esporte e a última ação do tipo foi da equipe Racing Point, em parceria com sua patrocinadora BWT: para cada top 10 de seus pilotos, a empresa vai construir uma fonte de água em Gâmbia, na África.

Várias mudanças acertadas para 2021 e 2022

Com toda a preocupação acerca da saúde financeira no pós-coronavírus, a F1 viu uma oportunidade de fazer mudanças que eram necessárias na categoria. A mudança de regulamento foi transferida de 2021 para 2022, mas a adoção de um teto orçamentário de 145 milhões de dólares foi de 2022 para 2021, ou seja, a vantagem que os times grandes teriam de fazer seus novos carros sem limites para gastar acabou. Outra mudança foi a introdução de um escalonamento de desenvolvimento, que vai fazer com que quem termina mais no fim da tabela possa desenvolver mais seus carros para o ano seguinte. E, por fim, mudanças nas duplas de pilotos já foram anunciadas para 2021: Sebastian Vettel perdeu o lugar na Ferrari para Carlos Sainz, e a vaga do espanhol na McLaren ficou com Daniel Ricciardo, atualmente na Renault. Vettel ainda não anunciou qual seu futuro na F1.