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Leclerc está mostrando neste ano um novo lado como estrategista da Ferrari

Uma das críticas que Charles Leclerc ouviu nos últimos anos foi por aceitar passivamente as decisões estratégicas da Ferrari e depois sofrer com as consequências dos planos que não saem como o planejado na Scuderia. Isso ficou ainda mais claro depois que ele passou a ser companheiro de Carlos Sainz, que por várias vezes brigou para ter uma estratégia melhor e conseguiu.

Nas últimas duas corridas, ouvimos Leclerc opinando mais sobre as suas estratégias. No Japão, enquanto seu engenheiro pedia que ele entrasse nos boxes, o monegasco questionava. "Mas por que entrar agora se nosso ritmo é bom?"

No final das contas, ele ficou na pista, fez apenas uma parada e se recuperou bem de uma classificação ruim e saltou de oitavo no grid para quarto na classificação final.

No último final de semana, na China, Leclerc também questionou a estratégia escolhida - plano D. Aqui, vale um parênteses: como a Ferrari opta por se comunicar com seus pilotos com esta maneira codificada, com cenários discutidos anteriormente sendo representados por letras, isso gera a impressão de que eles estão mais perdidos que os outros dentre várias opções. Mas é só uma questão de comunicação. Outras equipes falam em "delta + um número X de voltas", o que é efetivamente mudar do plano A para o plano B, por exemplo.

Na China, o plano D era fazer uma parada apenas, decisão tomada depois que Leclerc começou a correr sem trânsito e demonstrou bom ritmo com o pneu médio. O questionamento veio depois que ele colocou o pneu duro e estava frustrado com o ritmo ruim, o que não tinha a ver com a estratégia em si, mas sim com a decisão da Ferrari de tirar carga aerodinâmica das asas, o que fez com que o carro tivesse mais dificuldade de aquecer os pneus.

Desta vez, a Ferrari não o ouviu, porque fazer mais paradas àquela altura não resolveria o problema e ele terminaria mais atrás.

Perguntado pelo UOL Esporte sobre essa nova faceta de estrategista dentro do carro, Leclerc explicou que encontrar o equilíbrio entre brigar por uma tática que acredita ser melhor e ouvir a equipe é a parte mais complicada, e admitiu que está trabalhando para ter mais voz ativa em relação a suas táticas.

"Temos trabalhado nisso. É sempre algo que você tem que equilibrar porque às vezes a equipe tem mais informações do que você e às vezes é o contrário, você tem um feeling forte e a equipe tem que acreditar nesse feeling mesmo que os números estejam dizendo algo diferente - e é difícil às vezes para a equipe", ponderou. "Acho que estamos fazendo um bom trabalho nessa área no momento."

Ferrari vê a McLaren encostando

O resultado da China, causado mais pela configuração do carro do que por qualquer falha de estratégia, no entanto, acendeu a luz amarela na Ferrari. Leclerc fez exatamente a mesma estratégia de Lando Norris, viu o rival chegar em segundo e cruzou novamente em quarto, a 10s do inglês.

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A pista de Miami, próxima etapa, é um desafio diferente: circuito de rua com asfalto mais liso e a necessidade de atacar algumas zebras. Teoricamente, a Ferrari volta a estar na frente da McLaren, mas Leclerc lembra que as atualizações nos carros podem desequilibrar.

A Ferrari deve ter que esperar pelo menos até a etapa seguinte, em Imola, para ter seu primeiro grande pacote. E a McLaren já divulgou que terá novas peças em Miami.

"Vai ser algo na linha do que temos visto até aqui. Mas também depende se alguém vai levar novidades para a corrida. Nós provavelmente não levaremos nada. Vamos ter que esperar um pouco mais. E acho que isso vai ser importante no restante da temporada: as atualizações serão muito importantes."

Perguntado sobre qual o principal ponto que quer ver melhorar em seu carro, Leclerc disse que as curvas lentas são o maior problema no momento. "Os trechos de baixa velocidade em geral não têm sido o nosso forte. Esse é o foco, mas temos que ganhar um pouco em todas as áreas e esse vai ser nosso objetivo quando atualizarmos o carro."

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