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F1 não vai parar campeonato se tiver infectados com covid-19, diz dirigente

GP da Áustria será a primeira etapa do calendário, dia 5 de julho - Leonhard Foeger/Reuters
GP da Áustria será a primeira etapa do calendário, dia 5 de julho Imagem: Leonhard Foeger/Reuters

Colunista do UOL

04/06/2020 04h00

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A Fórmula 1 vai seguir adiante mesmo se houver casos de coronavírus confirmados, afirmou o CEO da categoria, Chase Carey. O dirigente se mostrou confiante de que o extenso protocolo para controlar o vírus vá impedir que a doença se espalhe, e deixou claro que eventuais casos positivos, mesmo entre os pilotos, não vão atrapalhar o plano da categoria de fazer de 15 a 18 provas neste ano. Até o momento, oito GPs estão com as datas confirmadas, começando dia 5 de julho, com o GP da Áustria.

Será a segunda vez que a Fórmula 1 vai se preparar para começar a temporada. A primeira foi em março, quando um membro da equipe McLaren acabou contaminado, gerando o cancelamento da prova pouco antes dos primeiros treinos livres do GP da Austrália. De lá para cá, a categoria teve uma série de adiamentos e outros cancelamentos, até montar toda uma estrutura para convencer os governos para receber as etapas da categoria. São esses procedimentos que deixam Carey confiante de que, mesmo se houver casos positivos no paddock, o cenário da Austrália não vai se repetir.

"Se uma pessoa se contaminar, isso não vai levar ao cancelamento da prova", afirmou Carey, categoricamente. "Estamos encorajando as equipes a usarem procedimentos para que, se um indivíduo tiver de ser colocado em quarentena, ele seria substituído. Há algumas situações em que ainda precisamos trabalhar, já que há uma série de possibilidades, mas se uma equipe não puder correr, isso não vai cancelar a corrida. E, se um piloto for infectado, o reserva estará disponível. Não estaríamos seguindo adiante se não estivéssemos confiantes de que teremos os procedimentos e a capacidade de prover um ambiente seguro e de lidar com quaisquer problemas que aparecerem."

Os procedimentos a que Carey se refere são os seguintes:

  • Serão conduzidos testes a cada dois dias em todos os profissionais envolvidos nos eventos.

  • O número de profissionais será bastante reduzido (cerca de 30% dos que geralmente viajam aos GPs). Eles serão organizados em "mini-bolhas", para controlar uma possível propagação do vírus, facilitando o isolamento.

  • As viagens serão feitas com voos fretados apenas para os profissionais da F1 e o transporte para a pista também será feito de forma controlada.

  • Medidas de distanciamento social serão tomadas para que evitar, ao máximo, que duas pessoas fiquem a menos de 2m uma da outra. Isso vai mudar, inclusive, protocolos como o alinhamento dos pilotos na frente do grid para a execução do hino nacional, e o pódio.

"Haverá processos que serão usados se encontrarmos algum infectado. E estamos trabalhando para colocar em prática possibilidades de rastreamento; estamos trabalhando com duas possibilidades no momento", disse Carey. A opção deve ser por usar aplicativos de celular, como os adotados por alguns governos, que ajudam a rastrear com quem cada um entrou em contato, a fim de controlar o vírus no caso de haver alguém infectado.

Além disso, os profissionais que não puderem manter o distanciamento social devido à natureza de seu trabalho usarão outros equipamentos de proteção adicionais. "Reconhecemos que, em nosso esporte, às vezes não dá para manter 2m de distância entre os membros dos times. Como quando um carro entra no pit para trocar os pneus. Precisamos ter procedimentos para administrar estes riscos da forma mais rápida possível."

Todas essas medidas foram definidas depois que a Liberty Media, empresa que detém os direitos comerciais da F1, e a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) consultaram diversos profissionais de saúde. "Acabamos com umas 80 a 90 páginas de orientações que incluem tudo, desde cuidados com a viagem até o que fazer nos hotéis e os processos que devem ser seguidos na pista: da alimentação ao uso dos banheiros."

E o restante da temporada?

Chase Carey não quis dar uma data para divulgar o restante do calendário e admitiu que há outras provas que podem ser canceladas. Até o momento, já se sabe que os GPs da Austrália, Mônaco, França e Holanda não serão realizados neste ano, e a F1 ainda busca remarcar as provas do Bahrein, China, Vietnã, Azerbaijão e Canadá. No total, 22 provas estavam programadas para acontecer em 2020, incluindo o GP Brasil.

"Não daremos um prazo. Com a fluidez da situação, um prazo só geraria pressões que não seriam realistas. Então estamos pensando em metas. Nossa meta seria tentar ter uma ideia do restante do calendário até o fim do mês. Esperamos que algumas corridas que estão no calendário no momento não aconteçam."

Chase disse ainda que a F1 trabalha com opções caso mais provas sejam canceladas, como deve acontecer com os GPs do Canadá e de Singapura em breve. Para assegurar que a meta de pelo menos 15 GPs seja mantida, a Liberty Media tem negociado com Hockenheim, que não está no calendário, para que o circuito receba até duas corridas se necessário. Também é possível que os GPs que devem encerrar o campeonato, Bahrein e Abu Dhabi, tenham mais de uma corrida, como vai acontecer com Áustria e Inglaterra neste início de temporada.