Correndo aos 40, Hamilton e Alonso mostram 'do que o novo atleta é capaz'
Quando Alonso terminar o contrato que acabou de renovar com a Aston Martin, vai se tornar o piloto mais velho a largar na Fórmula 1 em mais de 50 anos. No final de 2026, ele terá 45 anos, mesma idade que o bicampeão Graham Hill tinha quando fez seu último GP em 1975. Ao seu lado no grid, cumprindo seu contrato com a Ferrari, deverá estar Lewis Hamilton, perto dos 42.
"Eu vou correr por um bom tempo ainda", disse Hamilton. "Nunca pensei que estaria correndo depois dos 40. Eu tenho certeza de que eu não estaria correndo quando chegasse aos 40, mas a vida é uma viagem maluca, e não me sinto nem perto de ter 40 anos de idade, sinto-me muito jovem."
Os dois são motivados pela mudança de regulamento da F1 em 2026, que pode lhes dar a chance de conquistar aquele último título que sentem merecer pela carreira que tiveram.
Para o heptacampeão, mais do que isso, eles estão mostrando do que atletas que se preservaram ao longo dos anos são capazes de fazer. "Acho que ele tem mais problemas físicos que eu tenho atualmente", disse o inglês, sentado ao lado do companheiro George Russell. "Eu sei que você tem passado mais tempo com seu fisioterapeuta que eu!"
Os dois riram e Russell, de 26 anos, não desmentiu Hamilton. "É muito positivo [que Alonso permaneça]. Primeiro, porque não sou o piloto mais velho aqui, essa é a melhor parte, mas Fernando é um dos melhores pilotos que temos aqui, então vê-lo continuar mostra o que é possível e também mostra que estamos em uma nova era em termos de atleta, do que o corpo humano pode fazer se você cuidar dele."
Talvez não seja coincidência que justamente dois campeões do mundo estejam redefinindo os limites de idade para mostrarem competitividade na Fórmula 1. O esporte é diferente de outros, em que a força muscular ou o condicionamento cardiorrespiratório são muitas vezes tão importantes quanto a técnica.
No automobilismo, conta muito conseguir usar pouco da sua capacidade mental para pilotar, e é essa a marca dos grandes campeões. Primeiro, porque isso permite que eles não apenas reajam a cada curva, como também tenham um controle mais amplo da corrida, e segundo, porque isso faz com que eles se desgastem menos fisicamente e consigam manter um ritmo forte.
Mas é claro que também conta, como lembrou Hamilton, ter se preservado durante a carreira, cuidando de problemas que costumam aparecer principalmente na coluna, muito forçada pela posição adotada pelos pilotos no cockpit.
E também a alimentação, horas de sono, adaptação aos fusos horários. Nesse sentido, Hamilton e Alonso fizeram mudanças nos últimos anos e ambos dizem que passaram a se sentir melhores fisicamente depois que adotaram dietas apenas com alimentos de origem vegetal.
Mas uma carreira tão longeva em uma categoria cujo calendário não para de aumentar não é só explicada por mudanças na dieta ou porque esses pilotos já se desgastam naturalmente menos por conta de sua habilidade. O que mais impressiona os jovens com os quais Alonso e Hamilton estão batendo roda no grid atual é a motivação.
"É muito raro ver alguém se comprometer por tanto tempo em qualquer esporte, Alonso é provavelmente um dos caras mais velhos competindo no topo de qualquer esporte no mundo e acho que fazer isso no nível em que ele está é algo que será difícil ver de novo na F1. E, se virmos, será algo extremamente raro", disse Lando Norris, de 24 anos.
De fato, Alonso disse no começo do ano que testaria passar a chegar bem em cima das corridas realizadas mais longe da Europa para minimizar o tempo que passa fora de casa, a exemplo do que já faz nas provas europeias. Isso porque queria sentir se o prazer de estar na F1 era maior do que as renúncias geradas pelo calendário de 24 provas.
Pelo jeito, todas as viagens e compromissos ainda estão valendo a pena.
Reportagem
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