Renata Fan, Pabllo Vittar, transfobia e cancelamentos: será que tem saída?

Renata Fan está no olho do furacão por ter sido chamada à realidade por Pabllo Vittar. Depois de repostar em sua rede social um meme considerado LGBTfóbico, Renata foi confrontada por Pabllo: esse tipo de brincadeira mata, disse a cantora.
Pabllo está certa; Renata errou. Aquilo que muitos chamam de meme divertido, na outra ponta da corda, é assassinato com requintes de crueldade. O Brasil é o país que mais mata LGBTQs no mundo. E quase 80% dessas mortes contém a desfiguração do rosto ou do corpo da vítima. De forma bem simplificada, trata-se do ódio pelo próprio desejo.
Então, a questão é séria. Mais séria ainda se a gente fizer um recorte em mulheres trans, muitas delas trabalhadoras sexuais porque não existe alternativa no mercado de trabalho, e enxergar qual é um dos grupos sociais que mais consomem o trabalho sexual das travestis. São os chamados "hetero-top" justamente. São homens casados com mulheres, que se identificam como heterossexuais, têm filhos, são fãs de futebol.
Alimentar esse ódio, fantasiado de piada, é cruel.
Isso tudo dito, me pergunto se o melhor caminho rumo a um mundo melhor é a gente massacrar publicamente quem errou. Não me parece ser a coisa mais pedagógica a ser feita. E nem foi Pabllo que chamou para briga. Pabllo apenas comentou a publicação. Quem faz circular o ódio são os proprietários das redes sociais, que a cada novo tsunami de cancelamento compram um iate maior.
O dono do Instagram e do Facebook deixou cristalinamente claro o que quer da gente: briguem! Matem-se. Odeiem-se. Ele quer ver tudo queimar. Não se importa. Vai para Marte quando o mundo acabar.
Renata Fan é jornalista e também se formou em direito. É craque no que faz. É inteligente, popular e pode ser aliada importante. Torço para que ela aproveite o episódio para se aprofundar no tema e usar sua voz de tanto alcance para construir um mundo mais justo. E torço também para que a gente perceba como as redes sociais nos estimulam a sermos o pior que podemos ser. E consigamos dar uns passos atrás.
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