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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Flamengo só escapou de nova goleada porque o Del Valle não é mais o mesmo

Vidal em ação pelo Flamengo no duelo diante do Del Valle, pela Recopa Sul-Americana - Rodrigo BUENDIA / AFP
Vidal em ação pelo Flamengo no duelo diante do Del Valle, pela Recopa Sul-Americana Imagem: Rodrigo BUENDIA / AFP

Colunista do UOL Esporte

22/02/2023 01h47

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Segundo o Sofascore, o Independiente del Valle finalizou 21 vezes contra o Flamengo de Domènec Torrent em 2020, quando aplicou a maior goleada sofrida pelos rubro-negros e que era a última derrota em competições sul-americanas nos 90 minutos.

Pois desta vez, pela ida da Recopa Sul-Americana, a equipe equatoriana concluiu 27 vezes. A diferença? Há quase três anos foram 11 no alvo e cinco nas redes. Desta vez foram apenas seis na direção da meta de Santos. A única que entrou foi na jogada ensaiada de escanteio que Mateo Carabajal foi certeiro, minutos depois de, em cobrança idêntica de Sornoza, o zagueiro cabecear rente à trave.

O Flamengo foi um desastre novamente. Nem a altitude justifica tamanha passividade. Um pouco menos no primeiro tempo, quando repetiu o desenho tático dos tempos de Dorival Júnior, com losango no meio-campo e a estratégia de fechar o "funil" defendendo com sete homens, mesmo escancarando os lados do campo, que o Del Valle aproveitava com os alas Matías Fernández e Beder Caicedo, bem municiados, para variar, pelos inesgotáveis Pellerano e Faravelli.

Para sorte do campeão da Libertadores, o Del Valle de hoje tem pouco além de seus dois ótimos meio-campistas e jogou apenas a segunda partida oficial em 2023, demonstrando nítida falta de ritmo de jogo. Um pouco mais de acerto técnico para aproveitar os generosos espaços cedidos pelo time de Vítor Pereira e eficiência nas finalizações e a Recopa estaria resolvida na ida.

Há algo muito errado quando Arturo Vidal, que há poucos dias se ofereceu para o Colo Colo em uma live e deu um chilique atirando chuteira por não entrar em campo, que poderia já ter sido dispensado, é o jogador que mais se esforça em campo, desarmando cinco vezes, cobrindo Ayrton Lucas outras tantas e tentando levar o time à frente. A ponto de ser eleito o melhor em campo pela Conmebol - este que escreve teria votado em Pellerano.

No mais, Gabigol reviveu os gols perdidos da última temporada, Arrascaeta novamente se arrastou em campo e errou quase tudo que tentou e Pedro saiu sentindo desconforto muscular, o que é uma enorme preocupação para a volta. Sem o artilheiro da última Libertadores ficará bem mais difícil a virada no Maracanã.

Feito que é até possível, mas sem nenhuma base do que se viu em campo até aqui. Camisa, mística, torcida e as limitações do Del Valle, que perdeu Segovia, Angulo e Chávez do time campeão da Sul-Americana contra o São Paulo. Que não tem mais Moisés Caicedo, melhor em campo lá na goleada em 2020.

O Flamengo só tem a esperança de um despertar para não perder mais uma taça em 2023.