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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Abel leva nó de Lázaro, mas Weverton e bola parada salvam Palmeiras

Renato Augusto durante Corinthians x Palmeiras, jogo do Campeonato Paulista - RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Renato Augusto durante Corinthians x Palmeiras, jogo do Campeonato Paulista Imagem: RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL Esporte

17/02/2023 08h23

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Um dos detalhes táticos na montagem desse já histórico Palmeiras de Abel Ferreira é o posicionamento de laterais e pontas de acordo com as características dos atletas e também em função do adversário.

Do lado mais forte do adversário no apoio joga Rony, ponteiro mais tático e que volta para ajudar. Como ele marca, mas também ataca infiltrando em diagonal, o lateral por aquele setor tem liberdade para apoiar. Do lado oposto, Dudu fica bem aberto e ataca todo o corredor, com o suporte do meia central do 4-2-3-1, hoje Raphael Veiga. Com isso, o lateral fica mais preso, inclusive auxiliando os zagueiros Gustavo Gómez e Murilo na saída de bola.

O Corinthians complicou esse "plano" do treinador alviverde na Neo Química Arena. Porque há força dos dois lados no ataque. Fagner desce bem pela direita, no corredor deixado por Adson, e o trio Fábio Santos-Renato Augusto-Róger Guedes também entrega volume ofensivo pela esquerda. Como marcar?

O primeiro gol do Corinthians é um retrato disso. Marcos Rocha, mais liberado para descer à direita e fazendo Rony entrar para se juntar a Endrick, foi ao ataque, mas a resposta do rival foi rápida e Renato Augusto encontrou Róger Guedes às costas do lateral para abrir o placar com bela finalização.

Do outro lado, Dudu tentava voltar para auxiliar Piquerez, mas a dupla Fágner-Adson, com o apoio de Giuliano, novidade na escalação que reforçou o setor direito, obrigava Zé Rafael a sair para ajudar e deixar apenas Gabriel Menino contra Renato Augusto. O cobertor estava curto. Sim, o jovem Fernando Lázaro tinha dado um nó no melhor treinador em atividade no Brasil.

Restou ao Palmeiras não baixar a guarda, seguir competindo no campo molhado pela forte chuva e contar com dois grandes pilares desses anos vitoriosos: as defesas de Weverton que fazem o time levar poucos gols mesmo quando está desorganizado, e as jogadas de bola parada, bem aproveitadas por Rony, em assistências de Veiga, que levaram o atual campeão brasileiro e paulista ao "milagre" de virar um clássico que já poderia estar perdido.

Porque as chances mais claras foram corintianas, mesmo que os números apontem que o Palmeiras finalizou mais e teve a bola por mais tempo:: 20 a 19, oito a seis no alvo, e 55% de posse. De fato, os visitantes cresceram na segunda etapa, especialmente depois das substituições. Mas as cinco defesas de Weverton, mais o esforço hercúleo para evitar o gol contra de Murilo, foram bem mais relevantes que as seis de Cássio.

Na prática, porém, o Corinthians foi salvo por Gil, que falhou nos gols alviverdes. Em um chute mais evitável que outros que Weverton defendeu ao longo da partida, decretando os 2 a 2. Coisas do clássico que entregou tudo que o torcedor esperava, menos a vitória para um dos lados.

O Corinthians teve o jogo na mão, especialmente no primeiro tempo. Atacou pelos dois lados e deixou o rival zonzo. Mas não nocauteou, mesmo com a força da torcida na Arena. Com esse Palmeiras não pode haver perdão.

(Estatísticas: SofaScore)