Donos contam por que decidiram investir no carro elétrico

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Cada vez mais brasileiros têm preferido investir em um carro elétrico. Em 2024, por exemplo, foram vendidos mais de 60 mil automóveis deste tipo no país, de acordo com a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).
Um número pequeno frente aos quase 2,5 milhões de veículos do mercado em geral, mas um crescimento significativo se comparado a 2023, quando o registro foi de pouco mais de 26 mil unidades.
As motivações são diversas. Uma das principais é unanimidade entre quem já tem um (ou até mais de um) carro elétrico: o alívio no bolso.
"Anoto o consumo de todos os veículos que tive desde 2005 e, com essa gasolina cara, é um baita alívio rodar uma semana com apenas uma carga de bateria e gastar apenas, R$ 50, R$ 60, para recarregá-la", afirma Daniel Eloy, 44, servidor público e que tem veículos elétricos em casa.
E não dá nem para falar que um carro elétrico custa mais caro. Atualmente, no Brasil, há alguns automóveis movidos a bateria que têm o preço parecido ou até menor do que o de um similar térmico.
Morador de Brasília, Daniel Eloy ainda aponta outro benefício: não pagar o IPVA anual, pois no Distrito Federal há isenção tanto para elétricos quanto para híbridos como forma de estimular a sustentabilidade.
O caso de Luciana Ribas, 51, também não é raro. A biomédica iria substituir um dos carros a combustão da família por um híbrido plug-in. Mas colocou na balança dois fatores e saiu da concessionária com um sedã elétrico.
"O financeiro para nós tem um impacto grande. Pensamos que a economia de combustível que estamos tendo hoje vai compensar a desvalorização na hora de vender", explica Ribas, que mora no Mato Grosso (MT), e tem o costume de trocar de automóvel a, no máximo, cada três anos.
O fator financeiro também pesou para Marcelo Mello, 46, empresário residente em Balneário Camboriú (SC), que acompanha o cenário da eletrificação desde 2015.
Melo teve contato com carros híbridos e elétricos, inicialmente, no exterior e não queria ficar dependente da variação constante do preço do combustível.
Em 2018, tomou a decisão de comprar um carro elétrico, mas esbarrou no alto preço. Acabou optando, então, por um SUV híbrido, que entregava um consumo melhor, mas ainda não era o que ele queria. Depois, trocou por um do tipo plug-in, que tem o uso da eletricidade mais preponderante.
O empresário catarinense cria conteúdo na internet (ele tem mais de 24 mil seguidores) como forma de divulgar o seu negócio, bem como mostrar o funcionamento no dia a dia e desmistificar as novas tecnologias.
"Rodei 27 mil quilômetros e enchi o tanque só cinco vezes", diz Mello, que é sócio em uma rede de pontos de recarga.
A decisão de migrar totalmente para um carro elétrico de fato veio há menos de um ano. Mello tem um SUV e a esposa, um hatch, ambos movidos somente a bateria.
"O carro elétrico que carrega em casa é o da minha esposa. Ela roda 350 quilômetros na cidade com R$ 31", explica Mello, que 'abastece' seu carro em uma estação de recarga perto de casa — e sem custo.
Além do bolso
Mello diz ainda ter se encantado por outro aspecto dos veículos elétricos. "Sou um fã de tecnologia e esses carros tendem a vir mais equipados nesse sentido", completa.
Os outros proprietários concordam com ele.
"O silêncio também chega a impressionar, pois um elétrico hoje de R$ 150 mil já entrega um silêncio a bordo só encontrado em categorias superiores", afirma o servidor público Daniel Eloy.
"Você acha que nunca ia precisar da ausência de vibração e som, mas depois que você se acostuma é difícil voltar atrás", completa Marcelo Mello.
Ainda há desafios
Ter um carro elétrico no Brasil requer um certo planejamento — especialmente em viagens longas. "O tempo de recarga da bateria ainda é demorado e autonomia é limitada para vários casos de uso, principalmente em um país com dimensões continentais e com pouca infraestrutura como aqui", pontua Daniel Eloy.
O jeito então é adequar a rotina.
Luciana Ribas carrega seu carro no wallbox que tem instalado em casa e, para percursos mais longos, tem um cronograma bem esquematizado.
"Eu procuro os pontos de recarga. Inclusive, na minha próxima viagem, eu terei que aumentar em 200 km meu trajeto, pois não há nenhuma estação na rodovia que vou trafegar", relata a biomédica, que de Cuiabá (MT) a Campo Grande (MS), um trecho de 700 km.
O empresário Marcelo Mello, por sua vez, conta que já se acostumou.
"Para mim, não é problema ficar uma hora carregando, uma vez a cada sete ou dez dias, sendo que é de graça para a minha realidade. Uso o tempo para responder mensagens, postar uns conteúdos, uns vídeos", conta Mello, que, de vez em quando, também aproveita para almoçar ou jantar durante o processo.
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