Pacto Global da ONU quer mais saúde mental nas empresas até 2030
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Quantas vezes ficamos atordoados porque não conseguimos responder a todas as demandas - quase sempre urgentes - que chegam ao mesmo tempo por diversos meios, como celular e redes sociais? Não estamos preparados para tanta sobrecarga de informação e para a exigência de respostas tão rápidas. Quem falha primeiro, neste caso, é a saúde mental. A opinião é de Adriana Alves, Diretora de Pessoas, Governança e Integridade (CPO) do Pacto Global da ONU - Rede Brasil. A executiva é também educadora, palestrante, conselheira de organizações, como a Fiesp, e especialista em saúde mental no mundo corporativo.
Para cuidar desta questão, o Pacto Global da ONU - Rede Brasil propôs a iniciativa Mente em Foco, em que convida empresas e organizações brasileiras a agir em benefício de seus colaboradores, combatendo estigmas e trazendo a pauta da saúde mental para o centro das decisões. Segundo Adriana, atualmente a iniciativa já conta com a adesão de 93 empresas - a ambição é chegar em 2030 com ao menos 1.000 companhias, impactando 10 milhões de trabalhadores.
Na entrevista a seguir, Adriana explica melhor de que forma entende este papel das lideranças hoje em prol da saúde mental corporativa, como a comunicação está diretamente ligada a estes resultados, e por que a orientação deve estar no caminho da diversidade.
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Ecoa: Como está a saúde mental hoje dentro das organizações?
Adriana Alves: Existe uma pressão que vem por todos os lados e as pessoas simplesmente não estão dando conta. É um reflexo da pandemia em que houve um aumento do trabalho online. Além da alta demanda de trabalho, com equipes enxutas, percebo que a comunicação está cada vez mais rápida e isso vem trazendo uma dificuldade de relações. Muitas vezes você recebe uma mensagem e não entende bem o tom e isso gera ansiedade. As lideranças não conseguem tangibilizar o que acontece do outro lado e muitas vezes não percebem que sua equipe precisa de ajuda.
Ecoa: Qual o papel das lideranças para tornar o ambiente de trabalho mais saudável?
Adriana Alves: O líder é o guardião da cultura de uma organização, é aquele que deve promover uma conversa e uma escuta mais ativa, que precisa ser bilateral. Ele deve criar relações de autonomia, segurança psicológica, que permite que a equipe desafie o ambiente e mostre outros caminhos. Com segurança, o líder consegue mapear melhor o ambiente em que trabalha.
Ecoa: Como este líder faz isso?
Adriana Alves: Em primeiro lugar, melhorando a comunicação, que não dá para seguir como está. E com inclusão, diversidade.
Ecoa: Saúde mental e diversidade andam juntas?
Adriana Alves: Sim. Divulgamos junto ao CEERT, neste mês, os primeiros dados da pesquisa sobre as ações relacionadas às áreas de Diversidade, Equidade e Inclusão das empresas brasileiras. Os avanços ainda são lentos. Então o papel do Pacto é seguir como agente desta transformação. Kofi Annan dizia que não vai andar só com os anjos e sim com quem ele precisa transformar.
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Além da caridade: voluntariado empresarial se torna estratégia ESG
No dia 28 de agosto, em que o país comemora o Dia Nacional do Voluntariado, o aumento do número de ações sociais promovidas pelas organizações - assim como o engajamento dos colaboradores - chama a atenção. Mais do que ações isoladas estimuladas apenas pela solidariedade, o voluntariado corporativo se estruturou e hoje é considerado uma das principais ferramentas de negócios atreladas ao ESG das companhias.
De acordo com o último levantamento realizado pelo CBVE (Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial), os programas de voluntariado nas empresas aumentaram 35% desde 2021. Segundo Gislaine Catanzaro, coordenadora da Secretaria Executiva do CBVE, 100% das empresas associadas possuem hoje um orçamento dedicado ao voluntariado e estas iniciativas mobilizam pelo menos 20% do quadro de colaboradores. Entre 2021 e 2023 o investimento total destas empresas foi de cerca de R$ 16 milhões.
Criado há 16 anos, o CBVE reúne 28 grandes empresas do país. A pesquisa mostra que 77,8% das associadas afirmaram que as altas lideranças, como gerentes, diretores, presidentes, estão presentes nas ações de voluntariado - 16,7% relataram uma participação ainda mais relevante desses líderes.
"Houve uma virada de chave: antigamente, o voluntariado empresarial vinha da benevolência, do trabalho de primeiras-damas, de questões ligadas à caridade, ou religiosas. Hoje ele ganhou um posicionamento perante à sociedade, está estruturado, é percebido pelas lideranças, e está alinhado aos objetivos estratégicos do negócio da empresa", afirma.
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Píer flutuante vai ajudar navegação durante seca no Amazonas
As águas do rio Amazonas estão descendo cada vez mais rápido. De forma preocupante, o maior e mais caudaloso rio do mundo tem baixado cerca de 18 a 20 centímetros por dia. Autoridades já soaram o alerta e preveem a possibilidade de um período de seca histórico nos próximos meses.
Com a estiagem chegando meses antes do período previsto - em geral, ela acontece a partir de outubro -, a navegação, principal transporte de cargas utilizado na região, fica restrito, prejudicando com gravidade a economia. Para minimizar estes impactos, a Norcoast, empresa brasileira de navegação costeira, anunciou uma solução criativa: a instalação de um píer gigante na região de Itacoatiara (AM), que deve mitigar o problema.
O píer flutuante de 240 metros de comprimento e 24 metros de largura deverá ficar posicionado antes de dois pontos considerados críticos no rio Amazonas (Tabocal e Enseada do Rio Madeira), que, na época de estiagem, não têm profundidade suficiente para a passagem dos navios. As embarcações deverão atracar no píer, onde três guindastes, com braços de 64 metros, farão a retirada dos contêineres e os posicionarão em balsas para que sigam viagem.
"Esperamos desde o ano passado uma resposta do governo para dragagem dos rios que não aconteceu. Como o cenário é pessimista, com eventos extremos previstos, montamos uma operação de guerra. É uma solução de emergência para estancar a crise, mas sabemos que isso não vai resolvê-la definitivamente", afirma Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast.
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Dica de leitura
ESG: Teoria e prática para a verdadeira sustentabilidade nos negócios
Autora: Ana Cláudia Ruy Cardia Atchabahian
Editora: Saraiva Jur
O livro explica, de forma didática e interessante, as principais características de cada letra da sigla ESG. A autora pontua por que a aplicação dos programas ESG não devem permanecer apenas no papel e sim compor o DNA da companhia.
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