Paula Gama

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Caoa Chery renasce em 2024 com salto histórico após despencar em vendas

Depois de enfrentar anos turbulentos, marcados pela queda nas vendas e dúvidas sobre a gestão do novo comando, a Caoa Chery deu um salto significativo em 2024, alcançando a maior participação de mercado de sua história no Brasil.

A montadora sino-brasileira fechou o ano passado com 3,13% de market share, na 11ª posição no ranking de vendas com 60.929 unidades emplacadas. O desempenho foi impulsionado principalmente pelo sucesso do Tiggo 7, que sozinho vendeu 30.896 unidades, representando mais da metade das vendas da montadora no ano.

Esse crescimento de 93,6% em relação a 2023 marca uma guinada na gestão de Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, que assumiu as rédeas após a morte do pai em 2021.

De queda histórica à recuperação surpreendente

A trajetória recente da Caoa Chery é marcada por altos e baixos. Em 2021, ano da morte de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador do grupo, a marca ainda sustentava vendas de 39,7 mil unidades. Era um momento importante já que, na época, a Caoa praticamente tinha dobrado as vendas em relação a anos anteriores.

Porém, em 2023, os números caíram para 31.479 carros, com a participação de mercado recuando para 1,83%. A queda foi de 13,5% em um momento em que o mercado brasileiro de automóveis crescia quase 10%.

A recuperação de 2024 foi construída com uma série de medidas estratégicas. O lançamento do Tiggo 7 Sport no início do ano foi um divisor de águas. Posicionado com um preço inicial agressivo de R$ 135 mil, o modelo entregava tecnologia, design e boa relação custo-benefício, tornando-se uma alternativa atrativa no segmento.

O sucesso do Tiggo 7 foi tanto que filas de espera de até seis meses se formaram, e muitas concessionárias não conseguiram manter unidades para test-drive. Apesar disso, a Caoa Chery conseguiu emplacar 30.896 unidades do modelo. O Tiggo 5x, outro SUV de destaque, foi o segundo carro mais vendido da marca, com 20.159 unidades.

Além dos produtos, a empresa concentrou esforços em ajustes operacionais. A produção foi reorganizada, com o fechamento da fábrica de Jacareí (SP) em 2022 e a ampliação da planta de Anápolis (GO), que se tornou o centro de produção dos SUVs da marca.

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E o futuro?

Outro movimento estratégico que marcou a mudança da Caoa foi o fim da importação dos modelos da Hyundai. Desde o ano passado, a marca sul-coreana retomou o controle sobre todos os seus produtos vendidos no país e a montadora deixou de ser a importadora oficial. O acordo também incluiu a produção de novos veículos Hyundai na fábrica da Caoa em Jacareí, começando pelo novo Tucson.

Embora 2024 tenha sido um ano de recuperação impressionante, o cenário ainda apresenta desafios. A relação entre a Caoa e a Chery atravessa um momento delicado, com tensões crescentes devido à chegada das marcas Omoda e Jaecoo no Brasil.

Criadas como apostas globais pela chinesa, o futuro dessas marcas está sendo debatido em negociações. Por um lado, a Caoa entende que elas só poderiam ser importadas através da sua parceria com a Chery, por outro, a chinesa afirma que são empresas distintas, portanto, devem ter operações independentes.

Em meio às incertezas, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho tem sinalizado, em raras aparições públicas, a intenção de transformar a Caoa em uma montadora e distribuidora 100% brasileira, com produtos desenvolvidos e fabricados localmente. Contudo, especialistas do setor veem a proposta com cautela, já que criar uma montadora do zero demandaria investimentos bilionários e enfrentaria a severa concorrência das montadoras globais.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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