Paula Gama

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Vitória de Trump deve barrar chineses e impactar futuro de carros no Brasil

O retorno de Donald Trump à Casa Branca promete influenciar o mercado automotivo mundial, e o Brasil não ficará fora dessas repercussões. Durante a campanha, o novo presidente eleito dos Estados Unidos fez diversos acenos a mudanças na indústria automotiva do país, especialmente em áreas como os veículos elétricos e a presença de montadoras chinesas, como a BYD.

A marca chinesa e a Tesla adiaram ou reavaliaram seus planos de expansão no México devido às incertezas em torno do processo eleitoral nos Estados Unidos. Com a eleição de Trump, há a expectativa de um endurecimento nas tarifas sobre produtos mexicanos, prejudicando a exportação de veículos para os EUA. Isso pode alterar as estratégias globais das montadoras que utilizam o país como um hub de produção e exportação.

Em seu último comício antes das eleições em Michigan, no berço da indústria automotiva dos EUA, Trump prometeu acabar com os benefícios à produção de veículos elétricos, trazer incentivos fiscais para o financiamento de carros feitos nos EUA e a taxação de importados chineses em até 200%.

No entanto, essas tensões podem abrir oportunidades para o Brasil. Com o México potencialmente sob novas barreiras comerciais, nosso país poderia atrair parte dos investimentos inicialmente previstos para a América do Norte.

A BYD, por exemplo, já investe por aqui, com a implantação do complexo industrial na Bahia, focando na produção de veículos elétricos para o mercado local e exportação.

O Brasil como alternativa para montadoras chinesas

Com as barreiras comerciais dificultando cada vez mais a entrada das marcas chinesas nos EUA, o Brasil pode se consolidar como o maior mercado para veículos elétricos asiáticos no ocidente.

Já em 2023, o país viu um aumento expressivo nas importações de automóveis elétricos, colocando o Brasil como um dos principais destinos para as fabricantes que buscam expandir fora do território americano.

Além disso, caso uma política mais protecionista prevaleça nos Estados Unidos, a América Latina, e especialmente o Brasil, poderá ser vista como uma zona de escape para as empresas chinesas. Isso pode resultar em uma concorrência mais acirrada no setor, beneficiando o consumidor brasileiro com preços mais competitivos e uma maior oferta de veículos. O desafio será fazer o mercado absorver todo esse volume.

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Desafios para o crescimento dos elétricos no Brasil

Apesar das oportunidades, o Brasil enfrenta uma série de desafios internos para sustentar o crescimento do mercado de veículos eletrificados. Em entrevista, o consultor automotivo Ricardo Bacellar ressaltou problemas cruciais que podem dificultar a expansão do setor.

Um dos maiores gargalos está na "infraestrutura de recarga", que não acompanha o ritmo de crescimento da frota de veículos elétricos. Bacellar explica que isso pode frustrar os consumidores à medida que mais veículos entram no mercado e menos pontos de recarga estão disponíveis.

Outro ponto crítico é o pós-venda. À medida que o mercado de veículos elétricos cresce no Brasil, começam a surgir problemas relacionados à "disponibilidade de peças e mão de obra especializada". Bacellar destaca que, sem uma rede de suporte eficiente, o consumidor poderá sofrer com carros parados por longos períodos, prejudicando a imagem das montadoras e a confiança no mercado.

O Brasil tem vantagens inegáveis para liderar a transição para a eletrificação, como sua matriz energética limpa e diversificada. "Ironia do destino, o Brasil é um país perfeito para ter carro elétrico", destaca Bacellar. No entanto, como explica a especialista, essas vantagens não serão suficientes sem uma infraestrutura adequada e uma rede de suporte.

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Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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