Mobi por R$ 95 mil? 6 carros bem equipados, mas que não fazem sentido
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Você pagaria quase R$ 100 mil em um subcompacto popular com motor 1.0, porta-malas enxuto e espaço para quatro adultos apertados? Pois é exatamente esse o valor que o Fiat Mobi pode alcançar quando equipado com alguns acessórios desejáveis. O fato, que viralizou nas redes sociais, evidencia o que vem acontecendo desde a pandemia: os carros 'populares' não cabem no bolso, mas em algumas versões a balança de custo e benefício estão mais desreguladas do que outras.
Não é novidade que os preços dos carros novos no Brasil subiram - e muito. Mas quando um modelo conhecido por sua proposta de mobilidade urbana econômica e básica ultrapassa a barreira dos R$ 90 mil, acende-se um alerta.
E o Mobi não é o único: selecionamos outras versões de carros que, embora bem equipadas, não valem a pena. Em muitos casos, por uma diferença pequena de valor, é possível levar para casa um veículo maior, mais moderno ou com proposta mais coerente.
1. Fiat Mobi Trekking com acessórios - R$ 95.465,37

A versão Trekking do Mobi parte de R$ 81.490, mas quando o consumidor adiciona acessórios básicos como alarme volumétrico, chave canivete com trava elétrica, central multimídia, rodas de liga leve, sensor de estacionamento e pintura metálica, o preço salta para R$ 95.465,37.
Apesar de visual aventureiro e equipamentos úteis para o dia a dia, trata-se de um carro com projeto antigo, motor Firefly 1.0 de 75 cv e espaço limitado no banco traseiro e porta-malas.
Por esse valor, é possível adquirir modelos como o Fiat Argo, com mais espaço interno, projeto mais moderno e conforto superior — ou até considerar versões de entrada de SUVs compactos seminovos com baixa quilometragem.
2. Jeep Renegade Willys - R$ 188.490

Lançado como edição especial, o Renegade Willys presta homenagem aos veículos militares da marca. Ele traz tração 4x4, adesivos exclusivos, interior escurecido, teto solar panorâmico e o motor 1.3 turbo de 185 cv. Mas o que chama atenção é o preço.
Por R$ 188 mil, incluindo a pintura bitom, o consumidor poderia optar pela versão Trailhawk, que tem o mesmo motor, visual mais sóbrio, mas entrega os mesmos recursos off-road por, pelo menos, R$ 5 mil a menos.
E se a ideia for ter um SUV maior, o Compass, com o mesmo motor, parte de R$ 186 mil e oferece mais espaço, porte e presença.
3. Chevrolet Onix Premier - até R$ 136.490

A versão topo do Onix, com motor 1.0 turbo de 116 cv e bom pacote de equipamentos - incluindo alerta de ponto cego, sensores de estacionamento lateral, traseiro e dianteiro, assistente de estacionamento automático e ar condicionado digital — é oferecida por R$ 127.490, mas só para quem der um usado na troca. Caso contrário, o valor chega a R$ 136.490.
É um bom carro, mas o custo começa a rivalizar com o de SUVs compactos como o Tracker, que parte de R$ 119.990 e entrega mais espaço, melhor dirigibilidade em piso ruim e posição de dirigir elevada. O Onix Premier acaba pagando caro por estar no limite do segmento de compactos.
4. Renault Duster Iconic Plus - R$ 165.990

O Duster Iconic Plus tem bom motor 1.3 turbo de 163 cv, câmbio CVT que simula 8 marchas e um pacote generoso de equipamentos, com destaque para alerta de ponto cego, ar digital, sensor de pressão dos pneus e câmera 360°. Mas seu valor de R$ 165.990 o coloca numa zona desconfortável.
Por esse preço, dá para considerar SUVs médios como o Toyota Corolla Cross ou versões iniciais do Compass, que oferecem melhor acabamento, plataforma mais refinada e melhor valor de revenda. O Duster é espaçoso e robusto, mas seu projeto já começa a mostrar sinais de envelhecimento.
5. Jeep Compass 4xe híbrido plug-in - R$ 347.300

É o Jeep Compass mais tecnológico já vendido por aqui, combinando motor 1.3 turbo a um propulsor elétrico, somando 240 cv com tração integral e autonomia elétrica de até 44 km. O problema é o preço: R$ 347.300.
No mesmo mercado, há opções como o BYD Song Plus (R$ 244 mil) e GWM Haval H6 Premium (R$ 220 mil), todos híbridos, mais espaçosos, com consumo semelhante e preços até R$ 100 mil menores.
6. Citroën C3 You! Turbo AT - R$ 103.690

A versão turbo automática do novo Citroën C3 chega equipada com o mesmo motor 1.0 turbo usado por Fiat Pulse e Fastback, mas sem o mesmo nível de acabamento ou espaço. Por mais de R$ 100 mil, a proposta deixa de fazer sentido.
O C3 nasceu com a promessa de ser o carro de entrada acessível, com apelo jovem e preço justo. Versões aspiradas, por menos de R$ 80 mil, cumprem bem esse papel. Mas pagar o preço de um hatch médio por um compacto com acabamento simples e proposta urbana é pouco racional.
Vale a pena pagar mais pelo 'pacotão'?
Na hora de comprar um carro novo, é tentador ir adicionando opcionais e subindo de versão. Mas muitas vezes a diferença de valor leva o consumidor a uma faixa de preço onde há opções melhores, mais modernas, seguras e com maior valor de revenda.
A recomendação aqui é clara: olhe para o todo, não só para a ficha técnica. Espaço interno, projeto atual, desvalorização e rede de pós-venda também contam - e muito. Afinal, ninguém quer pagar mais para levar menos, certo?
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