Jorge Moraes

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ReportagemCarros

Trump presidente: o que muda para montadoras com novas medidas nos EUA

O retorno de Donald Trump à Casa Branca levanta algumas dúvidas significativas para a indústria automobilística, especialmente no que diz respeito ao futuro das políticas de eletrificação de veículos nos Estados Unidos.

No discurso de posse, Trump criticou iniciativas para os carros elétricos. "Com as minhas ações de hoje, acabaremos com o New Deal verde e revogaremos o mandato dos veículos elétricos", afirmou. Estava no mote de campanha e ele assim o fez.

Para especialistas da área, um possível desmonte das iniciativas que visam a redução das emissões de carbono poderia colocar os Estados Unidos em desvantagem na corrida tecnológica global, especialmente frente à China.

Nelson Silveira, consultor sênior com mais de 20 anos de experiência na indústria da mobilidade, analisa as consequências desse cenário.

"Políticas que impeçam o avanço tecnológico rumo à economia 'verde' e que imponham barreiras físicas ('fechar fronteira') e econômicas, têm como consequências atrasar o desenvolvimento, comprometer a sustentabilidade dos negócios e gerar inflação", explica.

A indústria automobilística chinesa tem dado grandes avanços no desenvolvimento de veículos elétricos e fontes de energia renovável. O país, que já lidera a produção de veículos elétricos (EV), se destaca pelas inovações tecnológicas, que são cada vez mais eficientes e acessíveis.

Em um cenário onde os Estados Unidos impõem barreiras ao comércio de tecnologias, a China se posiciona como uma ameaça crescente à liderança americana no setor automotivo.

Segundo especialistas, com a aproximação geográfica e as estratégias agressivas de vendas, marcas chinesas poderão conquistar com mais facilidade mercados na América do Sul, incluindo o Brasil, como tem acontecido, se o governo americano optar por isolar-se dessa evolução tecnológica.

Para o consultor Cassio Pagliarini, as barreiras que poderão ser impostas à China, de alguma forma, teriam consequências ao Brasil.

"Se as barreiras fiscais forem colocadas contra China, o Brasil tem a possibilidade até de exportar componentes automotivos que seriam fornecidos pela China e poderiam ser fabricados aqui no país. Tudo depende do formato da legislação que será publicada nos EUA", avalia Pagliarini. Essa é uma estratégia que já está em construção no México.

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Volkswagen preocupada

A Volkswagen, inclusive, já se mostrou em alerta com as medidas de Trump. "O Grupo Volkswagen está preocupado com o impacto econômico prejudicial que as tarifas propostas pela administração dos EUA terão sobre os consumidores americanos e a indústria automotiva internacional", afirmou um porta-voz da empresa em uma declaração enviada à Reuters.

A declaração da fabricante acontece mediante taxação de veículos do México em 25%. A Volkswagen tem uma planta no país e sabe da importância do mercado norte-americano para o negócio. O mesmo deve acontecer com Honda, Nissan e BMW, por exemplo, que também produzem naquele país.

*Colaboração de Rodrigo Barros

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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