Bangalafumenga comemora consolidação entre os blocos no Carnaval de SP
O bloco carioca Bangalafumenga desfilou na tarde deste domingo, na Avenida Faria Lima, com um clima bastante ameno, sem muito calor.
O calor mesmo ficou por conta da apresentação do bloco e sua famigerada energia em um repertório repleto de brasilidades. O bloco que conta com uma filial de bateria devidamente ensaiada em São Paulo, abriu o desfile com homenagens à Iemanjá (que teve comemoração no dia 2/2), entoando canções populares, como "Minha Jangada Vai Sair Para o Mar", de Dorival Caymmi.
O Bangalafumenga comemora 20 anos de vida e sete desfilando em São Paulo. Para Rodrigo Maranhão, fundador do Banga, vocalista e compositor, é difícil mensurar o que mudou nesses vinte anos, mas de um Bloco 100% carioca, para alcançar uma "filial" com bateria na cidade, é, com certeza, uma história de bastante carinho e acolhimento.
"Vivo o Carnaval intensamente, então não tenho como mensurar o que mudou ou não na festa da cidade, o que o Banga trouxe, fez ou deixou de fazer. O Carnaval de rua é como uma cachaça: quando a cidade entende que pode fazer sozinha, ela explode".
A bateria do Banga conta 240 integrantes, que ensaiam semanalmente no Carioca Club, de abril até fevereiro. Entra as integrantes, a potiguar Ataliia Lima, que mora no Brasil há sete anos, "coroa" sua transformação pessoal estreando na bateria do Banga, tocando surdo de primeira. Ao longo de dois anos, perdeu mais de 50 kg, após uma cirurgia, e viu sua vida mudar, em relação à vida, a si mesma e o Carnaval.
"Ia aos blocos de calça jeans. Tinha vergonha. Acho que temos que nos amar, independente do peso, mas me sentia em um casulo. Hoje realizo um dos meus planos, que nunca colocava em prática, que é tocar um instrumento. Eu estou me amando nesse momento e nunca estive tão plena", contou Atalija, que utilizava como adereço justamente uma tiara com a palavra "plena".
#NãoéNão
Amanda Talamonte, coordenadora da campanha #CarnavalElesporElas, da ONU Mulheres, que questiona os limites da paquera e do assédio, estava presente no desfile e falou sobre a dificuldade dos homens entenderem essa diferença e escutarem as mulheres, de verdade. "Essa cultura de que quando a mulher diz 'não, pode ser 'sim', vem do patriarcado, que 'ensina' que as mulheres não têm liberdade para o 'sim', por isso fazem joguinhos, e assim os homens tem comportamentos nocivos. Estamos batalhando por essa conscientização."
Duas frequentadoras assíduas de blocos de Carnaval em diferentes cidades, Maria Helena Hernandes e Jeannee Guimarães, afirmam que sentem já mudanças positivas na atitudes dos homens neste ano.
"Antes chegavam encurralando, puxando, e do que estamos vendo desse Carnaval, já sentimos diferença nessa atitude. Muito melhor dessa forma, que siga assim".
Já Elisa Martins acredita que depende do horário: "Conforme avança a noite, costuma piorar".
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