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Blocos de BH condenam violência da PM no Carnaval de rua

Praça da Estação no Carnaval de Belo Horizonte: blocos condenam repressão da PM em carta aberta - Julia Lanari/Belotur/Divulgação
Praça da Estação no Carnaval de Belo Horizonte: blocos condenam repressão da PM em carta aberta Imagem: Julia Lanari/Belotur/Divulgação

Miguel Arcanjo Prado

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

15/02/2018 12h49

Assim que terminou o Carnaval, os blocos de Belo Horizonte divulgaram uma carta aberta à Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). O documento público, assinado pelos mais importantes blocos da capital mineira, denuncia e condena a violência policial durante a folia.

Segundo a carta, houve repressão no centro e na periferia da cidade. "Vários são os relatos de esculachos e dispersões descabidas e violentas contra foliões negros e LGBTIQs", dizem os blocos.

A PMMG afirmou que não recebeu nenhum documento formal contendo a carta, que foi publicada no Facebook pela página Carnaval de rua BH. Sem comentar as acusações de violência policial, o órgão afirmou que o policiamento no Carnaval provocou redução de 40% nos crimes na capital e de 30% nos roubos de celulares em relação à folia de 2017.

Segundo os blocos, mesmo com o crescimento do Carnaval de BH, atualmente com 3,6 milhões de foliões, "o que não muda nunca é a repressão da Polícia Militar de Minas Gerais à festa".

Neste Carnaval, o UOL apurou que a PMMG jogou bombas na região da praça da Estação ao fim do evento de abertura do Carnaval de BH, o Encontro de Blocos Afro Kandandu, na sexta (9). 

Também houve confronto entre PM e foliões ao fim do desfile do bloco Filhos de Tcha Tcha, em uma ocupação na região do Barreiro, na segunda (12), com dois presos, que foram soltos na manhã seguinte após pressão popular na internet.

Segundo a carta, a PM "atacou as pessoas que ali festejavam, incluindo crianças, com tiros de borracha, cassetetes, spray de pimenta e bombas de efeito moral".

Show de Veronez interrompido

O show do cantor Veronez na rua Guaicurus também foi interrompido no meio pela PM na madrugada de terça (13). O grupo Família de Rua não pôde subir ao palco, e os foliões foram dispersados com cassetete e spray de pimenta.

Segundo o cantor, "estava todo mundo assistindo ao show numa boa", quando "as pessoas foram retiradas da rua Guaicurus de forma autoritária, desproporcional, sem nenhum motivo". "Não havia nenhuma sombra de confusão. Mais pra baixo, na mesma rua teve spray de pimenta, teve cassetete", contou Veronez.

O UOL apurou que também houve dispersão violenta de foliões ao fim do bloco Pisa na Fulô, no bairro Carlos Prates.

"O que todos esses fatos --das centenas de ações similares por toda a cidade-- têm em comum, é que as festas citadas transcorriam em paz e segurança até a PM aparecer", diz o documento público assinado pelos blocos.

A carta ainda diz que uma jovem foi presa no centro "por usar boné com símbolo da maconha", que o Baile Uai Sound System "foi constrangido e ameaçado por tocar reggae" e que foliões do Garotas Solteiras e do Unidos do Barro Preto foram dispersados de forma violenta.

Pessoas elogiam a PM, diz major

Em entrevista ao site mineiro Uai, o major da PMMG Flávio Santiago afirmou que a polícia cumpre o previsto na constituição e que a corporação recebe elogios da população pela atuação neste Carnaval.

"Para a PMMG, toda e qualquer manifestação é importante e a gente reafirma o compromisso de ser cada vez mais próxima da sociedade e com o que é previsto constitucionalmente. As pessoas estão elogiando a atuação da polícia durante a festa na cidade", declarou o policial.