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Blocos de rua

Em bloco feminista de SP, mulheres se sentem à vontade para ficar semi-nuas

Helena Bertho

Do UOL, em São Paulo

13/02/2018 16h45

No centro de São Paulo, em meio a uma pequena multidão, entre as folionas que acompanham o bloco Pagu, é possível notar uma tendência: seios quase ou totalmente à mostra.

O uso de adesivos para cobrir o mamilo é quase uma moda no bloco feminista e elas dizem que em outros blocos não se sentiriam à vontade para se vestir igual.

A vendedora Amanda Leite, 22 anos - Helena Bertho/UOL - Helena Bertho/UOL
A vendedora Amanda Leite, 22 anos
Imagem: Helena Bertho/UOL
"Eu fui em vários blocos gays ou de mulheres exatamente para me sentir mais confortável, mas com certeza aqui eu me sinto mais. Tipo, eu vim semi nua e o trajeto até aqui foi bem mais difícil", conra Camila carreira, 26, que é de Florianópolis e passa pela primeira vez o Carnaval em São Paulo.

Para não passar pelo que ela passou, a cientista social, Heloísa, 21, veio de blusa até o bloco. "No trajeto eu não me senti confortável, tenho medo de assédio. Mas aqui é tranquilo, tem bastante mulher, mesmo os homens que tem aqui, eu me sinto mais confortável com eles", conta.

Ela fez a proteção para os mamilos com adesivos brilhantes, em casa mesmo.

Para elas, a escolha do bloco tem um viés de manifestação contra o machismo e estar à vontade é parte disso. Elas questionam o quanto os homens sempre puderam estar sem camisa, enquanto o peito feminino é tão sexualizado. Estar com os seios quase de fora é uma transgressão que elas acham que podia ser normal.

A vendedora Amanda Leite, 22, escolheu ir ao Pagu exatamente por isso. "Eu vim porque é m bloco de mulheres, tocando mulheres". E por quê veio com os seios quase descobertos? "Porque eu me sinto confortável".