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Blocos de rua

Orquestra Voadora desfila com a bandeira do respeito à mulher

Foliões acompanham a Orquestra Voadora nesta terça de Carnaval no Rio - Elis Bartonelli
Foliões acompanham a Orquestra Voadora nesta terça de Carnaval no Rio
Imagem: Elis Bartonelli

Elis Bartonelli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/02/2018 18h37

Uma multidão ocupou o gramado do Aterro do Flamengo para acompanhar o desfile da Orquestra Voadora. O bloco, que sai, tradicionalmente, às terças-feiras de Carnaval há nove anos, começou sua concentração na altura do bairro da Glória, na Zona Sul do Rio, pontualmente às 15h, e desfilou até o monumento aos Pracinhas.

Meia hora antes, o entorno do caminhão de som já estava lotado de foliões.

Este ano, o bloco levantou a bandeira pelo respeito e endossou a campanha contra o assédio e a favor da ocupação da cidade. No início do desfile, uma bandeira mas cores do movimento LGBT cobriu os foliões.

“Queremos manter o diálogo com a cidade. A diversidade precisa ser aceita. Somos muitos, mas podemos ser um só, ocupando os espaços sempre olhando para o lado, para que todos tenham um carnaval democrático”, contou o DJ Lencinho, o mestre de cerimônia do grupo.

A bandeira contra o assédio estava presente em uma parceria com o Coletivo Todas por Todas, que armou uma tenda de atendimento psicológico e jurídico para as mulheres na dispersão.

“Queremos que o bloco seja um ambiente seguro para as mulheres. Por mais que a gente fale, tem gente que ainda não entendeu a questão e acaba fazendo do carnaval um ambiente hostil”, explica Ju Storino, integrante da banda e do coletivo.

A advogada Yasmin Araújo, de 28 anos, prestigia o bloco há três anos e acredita que o respeito às mulheres no carnaval está conquistando mais espaço.

“Agora estamos mais à vontade para usarmos a roupa que queremos. Estamos demarcando nosso território”, opinou.

As mineiras Kíssila Portes, 33, e Cinthia Helena, 32, ficaram encantadas com a performance da Orquestra Voadora e com o movimento em defesa dos direitos das mulheres. As duas saíram no bloco com o adesivo  “Eu Sou Rueira” grudado no braço.

“É a primeira vez que saiu só de body, sem short. Me senti segura de sair assim. E é importante que as cidades grandes passem essa ideia para o interior do Brasil”, comentou Kíssila, que veio pela primeira vez ao Rio no Carnaval.

A vertente artística da Orquestra também atrai muitos foliões. O bloco desfilou com grupo de acrobatas e 90 pernaltas, que vão na frente do bloco, abrindo a passagem.

“Venho há anos aqui. É um bloco diferente, coreografado, que mistura música e circo. É isso que me atrai”, contou o fotógrafo Alexandre Caipora, 45.

Elayne Leite, 31, veio de São Luís (MA), acompanhada da tia, Lauren Leite, 52, e da filha, Maria Laura, 5, para curtir o carnaval. Vestidas de Mulher Maravilha, elas curtiram a mistura de ritmos da banda e já garantiram a volta à cidade.

“Já decidimos: o carnaval do ano que vem será aqui no Rio de novo”, contou.

Fantasiado do meme “Nazaré Confusa”, referente à personagem Nazaré Tedesco, da novela senhora do Destino, o professor de literatura Daniel Massa era parado a cada minuto para fotos. Esta é a quarta vez que ele marca presença no desfile.

“Adoro a música deles, o repertório é incrível. Esse espaço democrático de convivência é a cara do Rio. A cultura popular está passando por
um momento difícil e é preciso sair às ruas para resistir”, disse.