Faz sentido consumir doce de leite e paçoca como pré-treino?

Quem frequenta academia ou faz atividade regular sabe que é importante se atentar para o que consome antes de treinar. Geralmente, os carboidratos e as proteínas são ingeridos para melhorar o desempenho físico, dar energia e ajudar no ganho de músculos.

Além dos pré-treinos clássicos, como banana com aveia, um lanche ou suco, o doce de leite e a paçoca vem ganhando destaque. Mas será que traz resultados?

O doce de leite pode ser consumido antes do treino, principalmente para quem busca hipertrofia. O consumo de alimentos ou preparações ricas em carboidratos de rápida absorção favorecem a performance física Jamile Tahim, nutricionista e mestre pela UECE (Universidade Estadual do Ceará).

De acordo com a especialista, o ideal é ingerir uma colher (sopa) rasa que equivale a 20 g. Essa porção contém cerca de 60 calorias, 1,3 g de proteínas, 10 g de carboidratos e 1,4 g de gorduras totais.

Mas é preciso cuidado. O doce de leite é considerado um alimento com baixo valor nutritivo e rico em açúcar, o que pode se tornar ruim a longo prazo. Como ele é calórico, em excesso, contribui com o ganho de peso.

Ele pode prejudicar o funcionamento do metabolismo, causar picos de insulina e gerar um efeito reverso durante ou após o treino, promovendo a queda do rendimento e a redução da performance tanto desejada Andrea Sampaio, nutróloga do Hospital Sírio-Libanês.

É por isso que o consumo do doce de leite antes da atividade física deve ser avaliado por um especialista. Segundo Tahim, existem outras fontes que devem ser incluídas e que fornecem um valor nutricional superior.

Paçoca também não é a melhor escolha

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Imagem: Getty Images/iStockphoto
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Não há problema em consumir uma paçoca de vez em quando. Mas, de acordo com os especialistas consultados por VivaBem, ela não é a melhor opção para quem treina, já que também é rica em gordura e açúcar. O excesso de açúcar, inclusive, atrapalha a dieta de quem tem o objetivo de emagrecer.

A paçoca tem a característica positiva de fornecer carboidratos e gorduras boas, oferecendo energia rápida e sustentável, além de conter proteína, vitaminas e minerais. Porém, por conter açúcar adicionado, leva a um aumento rápido de energia seguido por uma queda brusca, principalmente se o exercício for de longa duração Débora Palos, nutricionista da Clínica Maria Fernanda Barca.

Não há uma recomendação de quantidade padrão, pois isso varia de acordo com o tipo de treino, mas uma porção já é considerada bastante calórica. O ideal é consumir em quantidades moderadas para evitar o excesso de calorias.

É preferível ingerir o amendoim não processado no pré e pós-treino, pois oferece energia na forma de ácidos graxos e tem menos açúcar. Outra opção disponível é a paçoca sem açúcar. No entanto, é fundamental adicionar outra fonte de carboidratos, principalmente se for um treino de longa distância ou de alta performance. Roberta Frota Villas Boas, endocrinologista do Hospital Nove de Julho (SP).

Pasta de amendoim integral e sem açúcar é uma alternativa mais saudável para o pré e pós-treino
Pasta de amendoim integral e sem açúcar é uma alternativa mais saudável para o pré e pós-treino Imagem: Getty Images/iStockphoto

Contraindicações

O doce de leite não é recomendado para quem tem alergia à proteína do leite ou intolerância à lactose.

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Além disso, tanto o doce de leite quanto a paçoca não são indicados para quem tem diabetes e para crianças menores de dois anos. Alérgicos a amendoim também não devem ingerir paçoca.

"As pessoas que têm síndrome do ovário policístico, resistência insulínica, esteatose hepática (gordura no fígado), síndrome metabólica, sobrepeso, obesidade e aumento do nível do colesterol devem evitar o consumo do doce de leite como pré-treino. Isso porque ele contribui com a piora do quadro devido a sua absorção rápida e a alta carga glicêmica", ressalta Andrea Sampaio, nutróloga do Hospital Sírio-Libanês.

As pessoas devem ter cuidado com modismos no contexto da saúde e alimentação. Com a influência das redes sociais, diferentes estratégias nutricionais se popularizam, mas o que pode ser seguro para alguns, também não é recomendado para outros. Jamile Tahim, nutricionista e mestre pela UECE

*Com informações de reportagem publicada em 24/04/2023 e 13/01/2024

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