Bolacha pode tirar 40 minutos de vida, diz estudo da USP; banana dá oito

Comer 115 gramas de bolachas recheadas —menos de um pacote— "encurtaria" o seu tempo de vida saudável e sem doenças incapacitantes em cerca de 40 minutos.

A conclusão é de um estudo a respeito do impacto médio dos principais alimentos consumidos no país para a saúde humana, liderado por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), da DTU (Universidade Técnica da Dinamarca) e da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). O trabalho foi publicado no periódico International Journal of Environmental Research and Public Health.

O que você come realmente aumenta ou diminui a sua vida?

Para responder a esta pergunta, a pesquisa analisou os 33 alimentos que mais contribuem para a dieta dos brasileiros. Eles foram avaliados de acordo com o Heni (Índice Nacional de Saúde), sistema americano de pontuação que avalia o impacto da alimentação com base em dados epidemiológicos (de doenças) de uma população e suas características nutricionais.

O estudo também levou em conta qual é o custo ambiental da produção de um alimento. O processo de fabricação de uma pizza de muçarela de 280 gramas, por exemplo, gasta muito mais água (306 litros) do que uma banana (14,8 litros).

Produtos derivados de animais, em especial a carne vermelha, tiveram os maiores custos ambientais. A criação de um bovino emite níveis altos de gás carbônico na atmosfera —o que também impacta a qualidade de vida do ser humano. Já alimentos de origem vegetal, como feijão e frutas, tiveram as melhores pontuações no Heni e também os menores impactos ambientais.

O estudo apontou que alimentos ultraprocessados custam ao organismo, enquanto aqueles pouco processados ou consumido em natura são mais saudáveis. Isso se deve à menor quantidade açúcares e gorduras trans, entre outros, nestes ingredientes. Há um aumento do consumo dos ultraprocessados, dizem os pesquisadores, que já são 20% das calorias ingeridas pela população.

Ultraprocessados estão associados a doenças não comunicáveis (ou que não são transmissíveis), como as cardiovasculares, câncer, diabetes e mais. Elas são causadas por fatores genéticos e comportamentais e foram responsáveis por 74% das mortes em todo o mundo em 2019. 52% dos brasileiros têm pelo menos uma doença não comunicável, destacam os cientistas.

Não se trata do consumo de uma única bolacha, nem de uma única vez na vida, mas sim um consumo contínuo dessa porção de bolachas. Se a pessoa consome por muitos anos e de forma diária, esse hábito irá reduzir o tempo de vida saudável dela. Aline Martins de Carvalho, professora de Nutrição da USP e coautora do estudo, em divulgação ao jornal da universidade

Alimentação do brasileiro é, no geral, prejudicial à saúde. O Índice Nutricional de Saúde médio no país foi de -5,89 minutos, o que significa que o brasileiro está no vermelho —o que ele come diminui seus anos de vida sem doenças.

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Estes alimentos podem fazer viver mais --e melhor

  • Açaí com granola: + 41,43 minutos;
  • Peixes de água doce: + 17,22 minutos;
  • Banana: + 8,08 minutos;
  • Feijão: + 6,53 minutos;
  • Arroz com feijão: + 2,11 minutos.

Já estes contribuem para viver pior

  • Carne seca: - 61,15 minutos;
  • Bolachas recheadas: - 39,69 minutos;
  • Carne suína: - 36,09 minutos;
  • Margarina com ou sem sal: - 24,76 minutos;
  • Carne bovina: - 21,86 minutos;
  • Biscoitos salgados: - 19,48 minutos;
  • Pizza de muçarela: - 9,76 minutos.

Os pesquisadores ainda concluíram que o brasileiro tem uma dieta monótona. A alimentação está centrada em torno dos mesmos grupos de alimentos: arroz, feijão, além de carnes bovina, suína e de frango. Há um consumo reduzido hoje de alimentos nativos e biodiversos, que seriam bons para o corpo e para o meio ambiente.

Dieta é menos equilibrada para a saúde no Norte e no Nordeste. As duas regiões tiveram as piores médias do índice e variaram entre opções como a negativa carne seca e a positiva combinação de açaí com granola.

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