Fernando Guerreiro

Fernando Guerreiro

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Dor na virilha? Descubra como evitar que a pubalgia atrapalhe seus treinos

Ela não chega de uma hora para outra, nem grita como uma lesão aguda. Mas, quando você percebe, a dor na virilha já está limitando sua corrida, seu treino, sua rotina.

Estamos falando da pubalgia, uma das dores mais traiçoeiras (e mal compreendidas) lesões do universo esportivo.

Se você é atleta amador, joga futebol no fim de semana ou apenas alguém ativo que sente dor persistente na virilha, no baixo-ventre ou na parte interna da coxa, é possível que esteja lidando com a temida pubalgia — uma lesão traiçoeira, muitas vezes ignorada no início, mas que pode limitar movimentos básicos como correr, chutar, agachar e até mesmo dormir com conforto.

A pubalgia, também chamada de "síndrome da dor pubiana", é uma inflamação que atinge a região do púbis, afetando músculos, tendões e articulações. Ela geralmente está relacionada a um desequilíbrio entre a musculatura abdominal e a musculatura dos músculos adutores (na parte interna das coxas). Quando essas forças se desequilibram, o centro do corpo sofre — e responde com dor.

Ela é comum em esportes que envolvem corrida, mudanças rápidas de direção, saltos, chutes ou rotações do tronco —como futebol, corrida, CrossFit, lutas, entre outros.

A pubalgia não costuma surgir de um dia para o outro. Ela é uma lesão por sobrecarga e repetição. Ou seja, quando o corpo é constantemente exigido em padrões de movimento errados, com má postura, falta de mobilidade ou desequilíbrio muscular, uma hora ele cobra a conta.

Abdome fraco, glúteos pouco ativados ou músculos adutores rígidos são fatores que aumentam o risco da lesão. Além disso, atletas com encurtamento de cadeia posterior (isquiotibiais, lombar) também estão mais vulneráveis.

A pubalgia pode ser facilmente confundida com:

  • Hérnia inguinal
  • Distensão dos adutores
  • Lesão lombar irradiada
  • Inflamações em articulações sacroilíacas
Continua após a publicidade

Essa confusão atrasa o diagnóstico correto e pode levar a tratamentos ineficazes. Por isso, um bom exame clínico e, se necessário, exames de imagem (como ultrassonografia ou ressonância) são essenciais.

Quando atinge seu estágio mais avançado, a pubalgia pode tornar até os gestos simples do dia a dia difíceis: virar na cama, subir escadas, calçar um tênis. Mas, para o atleta, o impacto é ainda mais sensível:

  • Redução da amplitude de movimento na corrida
  • Perda de potência em chutes e sprints
  • Dor constante ao correr, pedalar ou levantar peso
  • Dificuldade de treinar com constância, prejudicando performance e progresso

Ao sentir uma dor na região da virilha, do púbis ou no baixo ventre que atrapalha os treinos, o primeiro passo é buscar ajuda de um médico ortopedista, que irá diagnosticar corretamente o problema --e confirmar se trata-se mesmo de pubalgia.

O tratamento da pubalgia envolve diferentes abordagens e precisa respeitar o tempo do corpo. Mas há um consenso entre os especialistas: repouso absoluto raramente é a melhor saída. O ideal é adotar um plano de reabilitação ativa e progressiva.

Com o tratamento certo, é possível não só eliminar a dor, como também fortalecer seu corpo para voltar ainda melhor.

O que realmente funciona no tratamento da pubalgia?

1. Fisioterapia personalizada

Continua após a publicidade

Nada de protocolo genérico. O tratamento deve focar em fortalecer o core (abdômen profundo), glúteos e adutores, com exercícios progressivos e bem direcionados.

2. Reeducação de movimento

A pubalgia geralmente nasce de padrões errados de corrida, chute ou levantamento de peso. Corrigir a técnica é parte essencial da cura.

3. Mobilidade e liberação muscular

Quadril travado, músculos tensos e encurtados são grandes vilões. Trabalhar mobilidade e fazer liberação miofascial ajuda a reduzir a sobrecarga.

4. Fortalecimento inteligente

Continua após a publicidade

Exercícios de estabilidade, força isométrica e ativação muscular devem fazer parte da rotina — mesmo depois de a dor sumir.

5. Retorno progressivo aos treinos

Voltar aos poucos é o segredo. Com orientação, você reconstrói sua base e ganha performance sem medo de se machucar de novo.

Caso não seja feito um tratamento adequado, a pubalgia pode se tornar crônica. Quando isso acontece, a inflamação constante desgasta não só a região, mas também a motivação do atleta. É comum ver pessoas desistindo de treinar por conta dessa dor mal resolvida.

A pubalgia é um lembrete de que a performance começa na região central do corpo, o core. Não é só uma dor chata na virilha, é um aviso do corpo de que algo está em desequilíbrio. Cuidar disso não é sinal de fraqueza, mas de inteligência. E quem entende isso, volta mais forte.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.