Fernando Guerreiro

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Opinião

Treino funcional: por que todo corredor deveria fazer?

Quando a gente fala em corrida, muita gente pensa que o único jeito de evoluir é correndo.

Claro, os treinos de corrida são essenciais e os mais importantes para melhor a performance. Mas não são tudo. Existe um tipo de treino que, embora muitos ainda ignorem, é capaz de mudar o jogo completamente: o treino funcional.

Se você já ouviu esse nome por aí e ainda acha que é coisa de academia "da moda", ou que não serve para quem corre, chegou a hora de entender por que o funcional é um dos pilares mais importantes para qualquer corredor que quer longevidade, desempenho e prevenção de lesão.

O treino funcional é, antes de mais nada, um treinamento inteligente. Ele parte do princípio de que nosso corpo foi feito para se mover em conjunto, de forma global, usando todos os músculos. Diferentemente da musculação tradicional, que foca em músculos isolados, o funcional trabalha cadeias musculares inteiras, integrando força, mobilidade, equilíbrio, coordenação e estabilidade, tudo ao mesmo tempo.

A ideia é reproduzir movimentos que a gente faz no dia a dia e nos esportes: agachar, saltar, puxar, empurrar, girar, acelerar, parar. E tudo isso pode ser feito com o peso do próprio corpo, ou com equipamentos simples como elásticos, bolas, cordas ou kettlebells. Em outras palavras: não precisa de uma academia cheia de máquinas. Precisa de movimento com propósito.

E aqui vai o ponto mais importante: qualquer pessoa pode fazer treino funcional. Do sedentário ao atleta de alta performance. O treino se adapta ao nível, à limitação e ao objetivo de cada um. Inclusive, é muito comum que quem está se recuperando de lesão use o funcional como base para sua reabilitação — justamente porque ele trabalha os pequenos músculos estabilizadores, melhora o controle motor e resgata padrões corretos de movimento.

Mas por que o corredor deveria dar atenção a isso?

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Imagem: iStock

Porque correr é um movimento repetitivo, com impacto constante e grandes exigências sobre articulações, tendões e músculos. E se o corpo não estiver preparado para sustentar isso com equilíbrio, as lesões são só uma questão de tempo. Não importa se você é iniciante ou experiente.

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O treino funcional ajuda a fortalecer regiões cruciais para quem corre: core, quadril, joelhos, tornozelos. Ele melhora a postura, a mecânica da passada, a estabilidade na aterrissagem, e ainda corrige compensações que, muitas vezes, a gente nem percebe — mas que tiram eficiência e aumentam o risco de lesão.

Outro ponto-chave: performance. Um corpo mais forte, estável e consciente gasta menos energia para correr, aproveita melhor cada impulso e mantém o ritmo por mais tempo. O funcional, inclusive, ajuda até na respiração e no controle da fadiga, já que melhora o condicionamento geral.

Resumindo:

O treino funcional faz você correr melhor, por mais tempo e com menos dor. Ele te dá base para evoluir, força para resistir e consciência para se mover com propósito.

Se você está começando a correr ou se já corre há anos e quer continuar correndo por muitos mais, inclua o funcional na sua rotina. Seu corpo vai agradecer. E seus tempos também.

Treino em grupo

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Uma grande vantagem do treino funcional é que há muitos lugares que oferecem esse tipo de atividade em grupo. E quando o assunto é manter a constância, se desafiar e curtir o processo, o treino em grupo tem uma força única.

O treino funcional em grupo tem um poder que vai muito além do físico. Ele transforma o ambiente, cria conexão e faz com que as pessoas que talvez não gostassem de treinar passem a sentir prazer e propósito no movimento.

Isso porque o funcional já é um tipo de treino dinâmico, criativo e que envolve o corpo inteiro. Agora, imagina tudo isso acontecendo com música, com pessoas ao seu lado, com energia no ar e incentivo mútuo? O que era só exercício vira experiência. O que era só suor vira celebração coletiva.

A primeira diferença que o grupo traz é o compromisso.

Você sabe que vai encontrar outras pessoas lá. Você sabe que, se faltar no treino, vai fazer falta para as pessoas do grupo. Isso ativa um senso de responsabilidade que é quase impossível manter quando se treina sozinho.

E mais: você é puxado para cima. Ver alguém ao seu lado dando o máximo, rindo no meio do esforço ou completando um desafio te inspira a continuar.

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A segunda grande vantagem é a motivação emocional.

Em um treino funcional coletivo, a conexão entre as pessoas faz toda diferença. Não é só o professor que te motiva, é o grupo inteiro. Você se sente parte. E quando você se sente parte, você permanece.

É por isso que muitos alunos dizem que "nem percebem o tempo passar" ou "chegaram cansados e saíram leves". Não é magia. É movimento somado a comunidade.

Eu já vi isso acontecer centenas de vezes.

Pessoas que chegaram para treinar tímidas, desacreditadas, quebradas por dentro. E saíram de cabeça erguida, com novos amigos, com novos sonhos, com uma nova relação com o próprio corpo.

E tudo começou com um treino funcional simples — feito em grupo, e isso nos faz dizer que nunca será só um treino.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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