Trump quer briga, Musk quer paz: como a China divide a dupla na Casa Branca

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Trump x IA woke; China vai dividir Musk e Trump; IA detecta suas emoções?)

Com Donald Trump de volta à Casa Branca, outras pessoas virão com ele. Entre os novos integrantes do Salão Oval está o bilionário Elon Musk, que concorda em muitos pontos com o presidente eleito.

Mas um país pode fazer a dupla ter opiniões divergentes nos próximos meses.

No novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz explicam que, diferente de Trump, o dono da Tesla, Space X e X (ex-Twitter) é bastante próximo da China e tem interesses comerciais explícitos no país rival do governo norte-americano.

Trump x chips

Trump quer desmontar uma das principais políticas industriais de Joe Biden. Tentando reativar a indústria nacional de semicondutores, o democrata criou em 2022 o "CHIPS and Science Act", para levar a cadeia de suprimento de chips para os EUA.

Durante a pandemia de covid-19 várias empresas intensificaram seus processos de digitalização, aumentando o uso de chips.

E o mundo percebeu que todos os chips que a gente precisa estão na China
Helton Simões Gomes

As ações podem diminuir ou impedir a venda de semicondutores avançados de IA em alguns lugares do mundo com o claro objetivo de diminuir o acesso da China a eles. De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, serão investidos quase US$53 bilhões no setor.

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O plano não agrada a Trump, crítico porque a verba abastecerá empresas, entre elas uma chinesa. Só a Intel abocanhou US$8 bilhões.

É uma grana que o governo norte-americano vai botar em empresas que já são grandes
Helton Simões Gomes

O que Trump pretende fazer é substituir os incentivos dados pelo governo por um aumento de tarifa a fornecedores de fora dos EUA. A medida deve elevar os preços no mundo todo.

Essa é uma preocupação do mercado de tecnologia: será que o acesso a infraestrutura também não vai ficar mais caro?
Diogo Cortiz

Trump e o TikTok

O TikTok, um expoente da indústria de tecnologia chinesa, pode estar para ver sua sorte mudar com a chegada de Trump.

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O app da chinesa ByteDance está na linha de tiro de parlamentares e da Casa Branca. Se não for vendido para um grupo não-chinês, será barrado do país.

Cortiz comenta que Trump era contra a rede social, mas mudou de ideia durante as eleições. Para atrair o eleitorado jovem, passou a dizer que o banimento atacava a liberdade de expressão.

Musk, Trump e a China

Se, por um lado, Trump quer rivalizar ainda mais com os chineses, por outro, Musk precisa deles para os negócios.

Nomeado por Trump para o Departamento de Eficiência Governamental, Musk tem a missão de reduzir gastos na administração federal.

Muito provavelmente ele vai fazer um uso massivo de IA na administração pública
Helton Simões Gomes

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Há um conflito de interesses, diz Helton, já que as empresas de Musk podem ser afetadas por decisões do governo. As mudanças na Seção 230, por exemplo, mexeriam no funcionamento do X. A Space X possui contratos com a NASA, a agência espacial dos EUA.

Tem algo que traz uma complicação ainda maior: é que o Trump é totalmente anti-China e o Elon Musk é amiguinho da China
Diogo Cortiz

Quase metade da produção da Tesla está na China. Musk tenta manter boas relações com a China, tanto para conter o avanço da BYD, que tira o espaço de sua empresa no país, quanto para agradar o governo chinês.

A China proibiu a Tesla de usar o assistente de direção no país, até mesmo em testes. O veto não afetou a BYD ou outras montadoras chinesas.

O Musk está tentando fazer um lobby com o governo chinês para tentar reverter essa medida
Diogo Cortiz

Pau que dá em Chico dá em Francisco, né? Os EUA não estão querendo proibir o TikTok?
Helton Simões Gomes

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Por que empresas querem convencer você que IA detecta emoções?

O filme "Divertidamente" popularizou a teoria das emoções universais. Proposta pelo psicólogo norte-americano Paul Ekman, consultor no filme da Pixar, a tese aponta que emoções como raiva, alegria, tristeza ou medo são inatas e podem ser reconhecidas universalmente pelas expressões faciais.

Apoiadas nessa ideia, empresas de tecnologia estão querendo convencer que as inteligências artificiais delas conseguem identificar e compreender as emoções humanas.

No novo episódio do Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Diego Cortiz e Helton Simões Gomes explicam como a ideia, ainda que popular, não faz sentido.

Afirmar que reconhecer emoções por meio da expressão facial é quase como jogar na loteria
Diogo Cortiz

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'IA woke' e o monopólio do Google: o que Trump mudará na tecnologia?

O retorno de Donald Trump à Casa Branca em janeiro de 2025 vai dar início a uma série de mudanças no país que é a maior potência econômica do mundo. As promessas feitas pelo presidente eleito foram muito mais anunciadas do que a chegada dele ao Capitólio no próximo 20 de janeiro.

Entre as alterações prometidas está extirpar do país tudo o que ele considera 'woke'. O termo originalmente estava associado a "estar em alerta contra injustiças raciais", mas foi ampliado para contexto de pautas mais progressistas. E nesse contexto, a inteligência artificial está na mira.

Hoje existe uma ordem executiva, que é como um decreto, feito pelo presidente Joe Biden, para a Inteligência artificial. É uma ordem executiva que delimita alguns casos de uso de uma forma bastante setorial. É uma ordem pró inovação, mas também pensando muito numa IA responsável
Diogo Cortiz

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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