'Energia masculina': 'Mark deve desculpa a mulheres', diz ex-líder da Meta
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(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: A executiva que disse adeus; Zuckerberg e a 'energia masculina'; Best-seller irrita império das redes; Eleições 2026, Trump e Big Tech)
Daniela Scapin, ex-head de políticas públicas do WhatsApp no Brasil, afirmou que Mark Zuckerberg deve desculpas às mulheres que trabalham na Meta (dona do aplicativo de mensagem, Facebook e Instagram) por ter dito que faltava "energia masculina" às empresas.
Em entrevista a Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, a ex-executiva da Meta contou por que se demitiu após Zuckerberg encerrar a checagem de fatos e a moderação automática de posts controversos, além de definir o retorno dos conteúdos políticos. Ela criticou a mudança de postura do CEO, que já defendeu a diversidade no ambiente de trabalho.
De repente você substitui isso pela retórica de que está faltando energia masculina. No dia seguinte a essa frase, conversei com mulheres da empresa. A Meta é uma empresa de liderança masculina carregada por muitas mulheres. A minha sensação é que o Mark deveria pedir desculpas para as mulheres que trabalham aqui
Daniela Scapin
Para Scapin, o que a chocou foi a mudança rápida de posicionamento diante de Donald Trump, que lidera um governo com orientação política diferente do anterior.
Tanto Mark já defendeu ideais liberais quanto há um posicionamento na Meta a favor da diversidade e inclusão
Uma corporação se alinhar política e economicamente a um governo poderoso recém-eleito não é novidade pra ninguém. Porém, a velocidade e a intensidade dessa virada retórica da Meta, e a adesão a uma base ideológica tão distinta dos valores que orientavam meu o trabalho até então -pensando nas medidas de integridade e segurança implementadas no WhatsApp nos últimos anos... Isso simplesmente não é algo que eu possa compreender, muito menos apoiar
Daniela Scapin
Em entrevista ao podcast do comediante e comentarista de UFC norte-americano Joe Rogan, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, disse que o mundo estava ficando "culturalmente neutro" e que ele sente falta de mais "energia masculina" nas empresas.
Acho boa a energia masculina. E, obviamente, a sociedade está repleta dela, mas acho que a cultura corporativa está realmente tentando se livrar dela. Acho que ter uma cultura que celebra um pouco mais a agressão tem seus próprios méritos que são realmente positivos
Mark Zuckerberg
A essa declaração sucederam diversas críticas ao CEO, destacando que a fala é um exemplo de masculinidade tóxica.
Scapin diz que, no dia seguinte às declarações feitas pelo empresário, conversou com mulheres que trabalhavam na Meta. Para ela, o novo discurso do empresário é ofensivo para parte das pessoas que "carregam a empresa nas costas".
Ela considera que toda a guinada à direita feita pela Meta aconteceu de forma atropelada e desconectada do trabalho de centenas de pessoas que internamente se dedicavam à empresa e poderiam ter sugerido jeitos melhores de lidar com a situação.
Poderia ter tratado isso de uma forma muito mais bem informada em relação ao que está acontecendo no mundo, que vai para além do que está acontecendo em Washington. Achei pouco profissional
Daniela Scapin
'Inaceitáveis': ex-líder da Meta diz por que saiu após ações de Zuckerberg
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, pegou muita gente de surpresa quando anunciou o fim da checagem de fatos e da moderação automática, além do retorno do conteúdo político para Facebook, Instagram e Threads. Isso inclui os funcionários da empresa.
Descontentes com a novidade, muitos deles saíram silenciosamente da empresa. Não foi o caso de Daniela Scapin, ex-head de políticas públicas do WhatsApp no Brasil. Em seu último dia de trabalho, Scapin expôs a situação no LinkedIn. Agora, ela conta com exclusividade a Deu Tilt, o podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, por que tomou a decisão.
'Careless people': por que Meta tenta soterrar livro sobre origens do Facebook?
Sarah Wynn-Williams, ex-executiva de políticas globais do Facebook, irritou muitos executivos na Meta com o livro "Careless People". O best-seller traz o olhar de Sarah sobre a ascensão da rede social rumo ao posto de gigante global da comunicação. E mostra como os executivos não só abraçaram o poder político decorrente do novo status como se sentiram muito confortáveis com ele. E dá nome a todos eles.
Para Daniela Scapin, há ali também uma coleção de fofocas. Tudo isso conecta o momento em que as histórias foram vivenciadas pelo Sarah, demitida da empresa em 2017, com a empresa hoje, diz Scapin, que se demitiu após Mark Zuckerberg colocar fim aos checadores de fato, à moderação automática de posts polêmicos e decretar o retorno do conteúdo político.
Trump e Big Tech vão influenciar eleições 2026 no Brasil, diz ex-executiva da Meta
Para Daniela Scapin, ex-head de políticas públicas do WhatsApp no Brasil, Donald Trump já anunciou suas intenções e as plataformas digitais mostraram o que pretendem fazer. Como o Brasil vai reagir? Ainda mais diante do desafio das discussões sobre a regulação das Big Tech e na véspera das eleições de 2026? "A Europa exporta regulação, os Estados Unidos exportam tecnologia, e a gente aqui consumindo? Já houve momentos no Brasil em que a gente estava numa posição diferente. eu acho que é possível retomar esse momento", comenta.
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.
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