Pesadelo em câmera lenta: o terror psicológico por trás do novo 'Lobisomem'

"Lobisomem" chega aos cinemas nesta quinta-feira (16) e traz uma nova visão da famosa história de terror sobre um homem que se transforma em lobo. O longa é dirigido e corroteirizado por Leigh Whannell, que também comandou "Homem Invisível" e é cocriador da saga de sucesso "Jogos Mortais" ao lado de James Wan.
Sob seu comando, o novo filme traz um olhar mais profundo sobre o significado da história. "Lobisomem" acompanha uma família que se encontra isolada e aterrorizada pelo monstro, mas que se vê em uma situação ainda mais complicada quando o patriarca, interpretado por Christopher Abbott ("Pobres Criaturas"), começa, lentamente, a se transformar em um ser macabro.
Em entrevista para Splash, Whannell explica ter criado uma metáfora sobre doenças e enfermidades, afinal, lentamente, o homem vivido por Abbott se torna menos humano e começa a se distanciar de sua própria família. "Pensei muito em como nossos próprios corpos podem trabalhar contra nós, e como o corpo falha com você. Quis retratar quando sua mente ou seus músculos impedem você de se comunicar com sua família."
O diretor relata ter visto casos próximos de pessoas que sofreram com doenças degenerativas, não apenas com seus corpos, mas também com a perda de funções mentais. "Isso me pareceu a coisa certa para este filme de terror, porque me parece um pesadelo em câmera lenta, que pode ser vivido na realidade de uma maneira."
Para mim, ver pessoas sofrendo destas doenças foi o ponto de partida para este filme. Leigh Whannell

A degradação do personagem principal é mostrada por meio de sua lenta transição de humano para criatura com traços de lobo, processo que, segundo o diretor, foi uma das grandes dificuldades de mostrar em tela por meio de efeitos práticos. "A transformação requeria horas e horas na cadeira de maquiagem e, isso, limita o nosso tempo. Se um ator fica na cadeira de maquiagem por seis horas, isso significa que eles só podem ficar no set por quatro ou cinco horas, o que é muito menor do que o tempo normal."
No caso de Leigh Whannell, que atua também como roteirista, ao lado de Corbett Tuck, este tipo de "problema" enfrentado nas gravações não foi antecipado durante o processo de escrita. Para o diretor, transformar as palavras em ações em frente às câmeras é um "problema para o Leigh diretor, não roteirista". "Tento dividir meu cérebro desta forma. Mas, quando estou dirigindo, me pego pensando: 'Quem foi o idiota que escreveu isso?'."
Para o futuro, ele espera que o "Leigh roteirista" escreva uma história que se passe nas praias do Rio de Janeiro. "Não consigo escrever outro filme ambientado em uma casa isolada no meio da noite. Sou eu me torturando. Vou tentar ser mais gentil comigo mesmo, porque criei alguns problemas para o lado diretor do meu cérebro", diz em tom de brincadeira.
O Brasil, inclusive, está nos planos do cineasta. Para Splash, ele conta não ver a hora de conhecer o país. Sua amiga Lin Shaye, atriz da saga "Sobrenatural", fez uma propaganda muito positiva de sua passagem por território brasileiro. "Era para eu ter ido à CCXP, mas não rolou. Espero que eu consiga ir logo, a Lin falou maravilhas daí, disse que foi um dos melhores momentos da vida dela."
Aceno aos fãs
Se você é fã de "Jogos Mortais" —principalmente do primeiro filme da franquia— verá uma referência importante ao filme que Leigh Whannell não apenas ajudou a criar, mas como também atuou. Ele vive o fotógrafo Adam no longa original.

Quase no final do filme, o lobisomem vivido por Christopher Abbott morde a perna até conseguir se soltar de uma armadilha. A referência é ao final do primeiro filme de "Jogos Mortais", quando o médico Lawrence Gordon (Cary Elwes) serra a própria perna para conseguir escapar dos jogos.

Para Splash, Whannell diz que o momento foi um aceno aos fãs da saga e uma espécie de homenagem à própria carreira. "No momento em que gravamos 'Jogos Mortais' eu estava tentando me descobrir como artista e, agora, colocar este momento em 'Lobisomem' é como uma jornada completa", encerra.
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