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Tudo o que você precisa saber para cuidar do seu pet

Adotar salva vida de cães e gatos e muda a do tutor. Saiba por onde começar

Aline Manha e a cadela Madalena: uma das muitas histórias de adoção de pets que mudou a vida de todo mundo - Fernando Moraes/UOL
Aline Manha e a cadela Madalena: uma das muitas histórias de adoção de pets que mudou a vida de todo mundo
Imagem: Fernando Moraes/UOL

Juliana Finardi

Colaboração com Nossa

02/02/2021 04h00

"Adotar é um ato de amor." "Além de você salvar uma vida, eles também salvam você." "É puro amor!" É com frases em níveis altíssimos de fofura que os adotantes de pets descrevem a experiência de escolher, cuidar, amar e doar-se a um cãozinho ou gatinho que cruzaram seus caminhos e passaram a escrever uma história de amor com certeiro final feliz.

Se você decidiu adotar um pet, mas não sabe por onde começar a busca, muita calma. Veja histórias de quem passou por este processo e veja dicas de quem mais sabe sobre o assunto.

Um "veterano" pode conquistar seu coração

Ademir, Teresinha e Francisca são os dois gatinhos e a cachorra adotados pela publicitária Amay Spolaore Barbosa de Freitas, 31 anos. Ela acredita que a idade do pet seja um fator importante a se considerar na hora da adoção.

Amay Freitas e seu marido Andre Brusco com Ademir (gato preto), Teresinha (gata malhada) e a cadela Francisca - Keiny Andrade/UOL - Keiny Andrade/UOL
Amay Freitas e seu marido Andre Brusco com Ademir (gato preto), Teresinha (gata malhada) e a cadela Francisca
Imagem: Keiny Andrade/UOL

"A maioria das pessoas quer filhotes porque são fofinhos, mas a chance de destruir móveis é muito maior do que a de um cão adulto, que costuma ter menos energia. Além disso, todo mundo só quer filhote e os adultos sempre sobram. Por que não adotar um adulto que talvez nunca fosse adotado?", diz.

Para preparar a chegada de Francisca ao apartamento onde até então só existiam os gatos, Amay contou com a ajuda de uma consultora.

Amay Freitas e Teresinha - Keiny Andrade/UOL - Keiny Andrade/UOL
Amay Freitas e Teresinha
Imagem: Keiny Andrade/UOL
Amay Freitas e Francisca - Keiny Andrade/UOL - Keiny Andrade/UOL
Amay Freitas e Francisca
Imagem: Keiny Andrade/UOL

"Tivemos o auxílio da Carolina da @consultoriapet com a adaptação e ela nos ajudou muito. Inclusive foi ela quem recomendou que adotássemos a Chica, pois sabia que ela era calma, já adulta e tinha uma personalidade mais submissa. Hoje em dia os três já se amam", relembra.

Muito amor - e paciência

É praticamente impossível não citar a palavra "amor" quando o assunto é adoção. A nutricionista Isabella Nardinelli, 25 anos, também adotou um cãozinho adulto, o Coquinho, então com cerca de 5 anos, após já ter decidido dar um lar para a Pepa ainda filhote.

"Adotar é um ato de amor. Eles também têm os sentimentos de alegria, dor, fome e sono. Precisam de vacinas, comida, água, fazem xixi e cocô e precisam passear todos os dias.

Assim que seu cachorro se adaptar, ele vai te fazer muito feliz, será seu melhor amigo, seu fiel companheiro independente de tudo e tornará qualquer dia ruim em um dia bom. Não imagino minha vida sem Pepa e Coquinho", garante.

Luisa Benvenuto, 31 anos, que trabalha com marketing, passou por alguns perrengues até conseguir a adaptação completa da cadelinha Laika Judith, 4 anos.

Luisa Benvenuto e a sua cadelinha adotada, Laika  - Fernando Moraes/UOL - Fernando Moraes/UOL
Luisa Benvenuto e a sua cadelinha adotada, Laika
Imagem: Fernando Moraes/UOL

"Ela sofreu na rua, mudou de lugares e para entender que não seria abandonada e que aquele seria um lar fixo foi um mês intenso. Quando eu saía, ela latia, uivava e teve uma época que fiquei bem desesperada achando que ela não se adaptaria. O pessoal da ONG foi muito importante para me explicar que tem esse processo mesmo. Depois de um mês, ela entendeu que aquele era o lar dela e que eu saía, mas voltava."

Na opinião de Luisa, para adotar um pet o tutor precisa ter muita paciência, rotina e estabilidade.

Ao adotar, a gente pode acabar esquecendo que tudo é muito novo para eles e que não temos como explicar que será diferente. Só a rotina vai mostrar isso", disse.

Prévia

Uma boa dica para quem ainda está em dúvida sobre a adoção é a possibilidade de fazer com que sua residência seja um lar temporário para o pet. Muitas ONGs que não têm espaço para abrigar todos os animais trabalham com o sistema de lares temporários, quando a pessoa cuida do bichinho até que ele seja adotado.

Chico e da Charlote, os novos filhos de Carolina Smith - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Chico e da Charlote, os adotados de Carolina Smith
Imagem: Arquivo pessoal

A recomendação é da ceramista Carolina Godoy Smith, 29 anos, que adotou Chico e Charlotte, cachorrinhos com 10 e 2 anos, respectivamente: "Antes de adotar, eu doava dinheiro para algumas que acompanhava na rede e a maioria delas mostra direitinho como eles usam as doações. Vemos que os pets estão sendo bem cuidados."

Já a publicitária Aline Manha Papalardo, 33 anos, depois de ter ido morar sozinha, sentiu falta por sempre ter convivido com pets na casa dos pais e, enquanto não definia pela própria adoção, contentou-se em ser lar temporário para uma cachorrinha. Foi então que conheceu a cadelinha Madalena: amor à primeira vista.

Aline Manha e a cadela Madalena - Fernando Moraes/UOL - Fernando Moraes/UOL
Aline Manha e a cadela Madalena
Imagem: Fernando Moraes/UOL

"A Madalena me emociona só por abanar o rabinho porque eu sei que ela faz questão de mostrar que está feliz e me dar incansáveis lambeijos toda vez que vê que tem comida e água no potinho. Esse amor todo é incrível", se derrete Aline.

"Não compre, adote sempre. Tem muitos precisando de amor e uma caminha quentinha. Depois tem que ter paciência, muita: se for filhote, passar pela fase é lindo, mas dá trabalho. E se for adulto também porque eles chegam com um passado e uma vida.

Às vezes eles demoram para aprender, ouvir, se adaptar, mas a gratidão que eles demonstram não tem preço."

Para dar "match"

Aline Manha e a cadela Madalena - Fernando Moraes/UOL - Fernando Moraes/UOL
Aline Manha e a cadela Madalena
Imagem: Fernando Moraes/UOL

O ideal é que antes de adotar a pessoa procure saber as principais necessidades do animal, pesquisar melhores alimentações e como preparar a casa.

A ONG Adote um Gatinho (adoteumgatinho.org.br), hoje com 360 felinos disponíveis para adoção, tem critérios bem rigorosos para que o adotante leve o gatinho para casa. O processo acontece de forma online, onde a pessoa escolhe um gato e preenche um formulário de adoção.

"Contém uma série de perguntas para que a gente possa conhecer um pouco mais sobre a pessoa. Se o perfil do adotante for aprovado, e o apartamento ou a casa já estiverem totalmente telados, à prova de fugas e quedas, é combinada a entrega", afirma Susan Yamamoto, fundadora e presidente da ONG que acaba de completar 18 anos.

Susan afirma que a ONG avalia se o pretendente tem condições financeiras para dar uma alimentação de boa qualidade, vacinas anuais e eventuais exames e internações, analisa se a casa é totalmente segura e à prova de fuga e também o histórico das pessoas, se já tiveram animais, como morreram ou o que aconteceu com eles.

Tentamos casar o perfil dos gatinhos com o da família. Muita gente escolhe pela beleza, mas gatos têm personalidades diferentes e é importante levar em consideração o seu estilo de vida", declara.

Luisa Benvenuto e Laika - Fernando Moraes/UOL - Fernando Moraes/UOL
Luisa Benvenuto e Laika
Imagem: Fernando Moraes/UOL

Luiza Julio Campos, voluntária da ONG Desabandone (desabandone.com.br), conta que o processo de adoção funciona da seguinte forma: fotos dos animais são postadas no Instagram, os interessados preenchem um formulário de interesse, passam por entrevistas via Whatsapp e as visitas são marcadas. Caso a família seja selecionada, é combinada a entrega do animal sempre castrado e vacinado.

Através do formulário de interesse, são avaliados requisitos básicos de moradia como abrigo contra chuva e frio, rotas de fuga, telas em apartamento principalmente no caso dos felinos, disponibilidade financeira, nível de interesse e disponibilidade para visitar o bichinho.

A Rede Petz, por sua vez, faz a conexão entre quem deseja adotar um pet com mais de 85 ONGs e protetores parceiros. São disponibilizados espaços especialmente dedicados para a adoção no centro das lojas e as ONGs e protetores ficam responsáveis pelo processo e entrevista com os adotantes. Com espaços nas lojas destinados a adoção, mais de 45 mil cães e gatos já encontraram um lar.

Amay Freitas, seu marido Andre Brusco, Ademir, Teresinha e a cadela Francisca -  Keiny Andrade/UOL -  Keiny Andrade/UOL
Amay Freitas, seu marido Andre Brusco, Ademir, Teresinha e a cadela Francisca
Imagem: Keiny Andrade/UOL

Uma vida salva e outra transformada

A ONG Adote um Amicão (@adoteumamicao/) tem cerca de 50 cãezinhos disponíveis para adoção. A responsável pelas feiras e entrevistas com pretendentes, Célia Aun Gregorin, afirma que é recorrente ouvir de quem adota que "não só transforma a vida do cão como a própria".

A sensação de saber que você salvou uma vida é indescritível."

Marina Inserra, que é presidente-fundadora da ONG que leva seu nome (@marinainserraadotedog), disse que são inúmeros os motivos que levam à adoção e relembra que há um gesto social importante nesta ação:

Luisa Benvenuto e a sua cadelinha adotada, Laika - Fernando Moraes/UOL - Fernando Moraes/UOL
Luisa Benvenuto e a sua cadelinha adotada, Laika
Imagem: Fernando Moraes/UOL

"Na maioria dos casos, a comercialização dos cães é feita de forma clandestina, sem fiscalização e sem respeito ao bem-estar e à saúde dos animais; Quando você adota, ajuda a reduzir o número de animais abandonados e, consequentemente, o número de cães que irão procriar pelas ruas", diz.

"Adotar é uma experiência rica para toda a família. Todos os cães que já passaram fome, sede ou alguma outra necessidade, são extremamente gratos quando ganham a oportunidade de serem cuidados e quando você adota um cão pode escolher o que melhor se adapte à sua realidade e rotina de vida", conclui.