Caçador de tesouros tem pena encerrada pela Justiça, mas continuará preso

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Foram dez anos de uma intensa queda de braço entre a Justiça de Ohio, nos Estados Unidos, e o ex-caçador de tesouros afundados Thomas "Tommy" Thompson, preso naquele estado há dez anos, por se negar a pagar indenização aos investidores que financiaram o resgate que ele fez de uma fortuna em ouro do naufrágio do histórico navio americano S.S. Central America, e também por não revelar onde escondeu o que retirou do fundo do mar.
Até que, na semana passada, a Justiça norte-americana jogou a toalha.
"Este tribunal está convencido de que mantê-lo preso não mudará o cenário, nem o fará cumprir as determinações legais", escreveu em seu despacho o juiz federal Algenon Marbley, ao dar por encerrada a pena de Tommy Thompson, naquele caso.
No entanto, o mesmo juiz decidiu mantê-lo preso, só que por outro motivo: desacato, já que Thompson não compareceu a uma audiência sobre o caso, em 2012, o que lhe rendeu uma pena extra de dois anos de reclusão.
Pode parecer um tanto sem sentido, já que, na prática, Tommy Thompson continuará preso.
Mas, para ele, a decisão judicial da semana passada não deixou de ser uma vitória, já que ela diz respeito ao principal motivo de ele estar preso: o de se recusar a indenizar os investidores e revelar onde o ouro extraído do navio está.
Dois anos foragido

Ao ser preso, em 2015 - após passar dois anos foragido, escondido na Florida -, Thompson, hoje com 72 anos, aceitou, a princípio, pagar uma indenização de 500 moedas de ouro retiradas do naufrágio aos investidores.
Mas, em seguida, alegou "perda de memória, por conta idade avançada", e disse não se lembrar mais onde o ouro estava - o que, obviamente, ninguém acreditou.
Thompson, então, foi preso, por se negar a fazer o pagamento e não revelar o paradeiro do ouro, de forma que os investidores pudessem ser ressarcidos.
E seguiu assim até a semana passada, quando o juiz de Ohio, impressionado com a determinação de Thompson de não fazer nem uma coisa, nem outra (apesar de uma multa extra imposta de US$ 1 000 por dia, o que já soma mais de US$ 3 milhões - equivalente a R$ 18 milhões - em dívidas do presidiário), decidiu encerrar a causa.
Pelo menos "aquela causa", embora ele continue preso por outra.
Podia ser solto quando quisesse
O curioso é que Thompson sempre pode sair da cadeia na hora que quiser: bastava pagar a dívida, a multa e revelar onde o ouro estava.
Mas ele sempre preferiu permanecer preso do que fazer isso (sobretudo revelar onde o ouro que retirou do navio está guardado), certamente contando com uma "vitória por cansaço", como a que aconteceu na semana passada.
Fortuna incalculável em ouro
A peculiar história de Tommy Thompson, um ex-mergulhador e pesquisador marinho, começou 37 anos atrás, em 1988, quando ele, após uma longa busca, encontrou os restos do navio americano S.S. Central America, que transportava uma fortuna incalculável em ouro extraída dos garimpos da Califórnia, ao afundar, vítima de um furacão, na costa da Carolina do Sul, em 1857.
Na época, Thompson angariou cerca de US$ 12 milhões com investidores privados, com a promessa de devolver o dinheiro com dividendos, quando o tesouro fosse resgatado.
Mas isso nunca aconteceu e ele fugiu com todo o ouro que retirou do navio, cuja quantidade, até hoje, ninguém sabe.
Muito menos onde supostamente está guardado, informação que Thompson não fornece nem aos seus advogados.
Pode ser solto em breve
No passado, além da "perda de memória", Thompson também alegou à Justiça norte-americana que não tinha mais acesso às moedas que seriam usadas para indenizar os investidores, sem, porém, dar nenhum detalhe.
Por isso foi preso, mas agora com boas chances de ser solto em breve, já que a pena de desacato é de apenas dois anos de reclusão.
Um navio lendário

Por trás de todo este imbróglio está a determinação inquebrantável de Tommy Thompson de não revelar o paradeiro do ouro que retirou do S.S. Central America, um navio que se tornou lendário tanto pela tragédia causada pelo seu naufrágio quanto, especialmente, pelo que aconteceu após ele ser encontrado, cuja história completa pode ser conferida clicando aqui.
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