Transações entre Botafogo e Lyon geram desconfiança na França
O Lyon está proibido de recrutar jogadores durante essa janela de transferência, decisão que foi confirmada pelo órgão regulador de finanças da Ligue 1. Essa decisão chama a atenção para as transações de jogadores entre Lyon e Botafogo.
Os dois clubes pertencem ao grupo Eagle Football Holdings, cujo sócio majoritário é John Textor. As operações de atletas entre os clubes têm ocorrido com valores fora de mercado em boas partes do caso.
Por exemplo, o meia Thiago Almada está na França para se integrar ao Lyon por um empréstimo gratuito do Botafogo. Ainda não está claro se o veto ao recrutamento terá impacto nesta chegada. Mas é fato que o time carioca empresta sem custo um atleta pelo qual pagou US$ 22 milhões a apenas seis meses.
Esse tipo de transação tem causado desconfiança nos outros clubes da França que disputam a Ligue 1, especialmente os que concorrem por vaga na Champions League. Isso porque há um indício de que as operações servem para burlar as regras de Fair Play Financeiro da França.
Ou seja, o Botafogo contrata jogadores caros e depois os repassa ao Lyon mais barato ou a custo zero. Assim, o Lyon dribla o limite de gastos. No meio de 2024, o clube francês gastou 130 milhões de euros em contratações na janela do meio do ano, um dos motivos que levou à punições no final do ano.
Pelas notícias, Luiz Henrique deve ser vendido pelo grupo. Mas, se optar pelo Lyon, também haverá a mesma questão.
Há outro tipo de transação também. O Botafogo contratou Jeffinho por 5,3 milhões do Lyon por 70%. É um jogador que ficou a maior parte do tempo no banco do clube carioca em 2024. Anteriormente, fora vendido pelo próprio Botafogo ao Lyon por 10 milhões de euros. Sua ida ajuda as finanças do clube francês.
Ao final do Brasileiro-2023, o Botafogo também vendeu Adryelson e Lucas Perri ao Lyon. As negociações foram por 4,1 milhões e 4 milhões, respectivamente. Perri vinha sendo convocado para a seleção, e ambos acabaram a Série A como destaques.
A visão de outros clubes na França é que as transações de Textor podem abrir uma brecha para todas as MCOs (grupos multi-clubes) poderem fazer o mesmo. Ou seja, as regras de Fair Play para conter gastos com contratações se tornariam inúteis desta forma.
Por isso, a percepção na França é que o DNCG (Direção Nacional do Controle de Gestão) vai exercer um escrutínio maior sobre essas transações entre clubes a partir de agora.
Em entrevista no final do ano passado, Textor já deixou claro que entende as finanças do grupo Eagle de uma forma única. Ou seja, transfere dinheiro entre os clubes de acordo com as necessidades pelo bem de toda a holding.
Esse procedimento é diverso do que fazem, por exemplo, MCO como o grupo City. Quando há uma transferência entre os clubes, é preciso estabelecer um valor justo para ser pago.
A Fifa não tem regras ainda para regular transferências de jogadores dentro de grupos de clubes.
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