Com Augusto, Corinthians criou dívidas novas de R$ 270 mi em 2024

Não o suficiente, diga-se. Tanto que o saldo negativo no curto prazo é de R$ 425 milhões. Ou seja, é o valor que o Alvinegro tem que pagar a mais só em 2025, além de suas despesas correntes.

Mas quanto desse montante é culpa da corrente liderada pelo ex-presidente Andres Sanchez e quanto é de Augusto Melo?

É inegável que as presidências de Sanchez, Mario Gobbi, Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves acumularam dívidas. O débito tributário, por exemplo, é o maior do Brasil. Há pendências com jogadores, clubes, fornecedores.

Mas, em uma análise do balanço, é possível identificar pelo menos R$ 270 milhões em dívidas novas feitas por Augusto Melo em apenas um ano, 2024.

Vamos a elas. O valor de empréstimos e adiantamentos explodiu em 2024: chegou a R$ 227,7 milhões, contra R$ 82,7 milhões antes.

O principal fato foi o empréstimo da XP vinculado ao contrato de direitos do Brasileiro, na operação da LFU (Liga Forte União). Ali, foram levantados R$ 147 milhões. Esse valor ou tem que ser descontado das cotas de TV deste ano ou terá de ser pago como empréstimo a partir de 2026. Neste caso, há juros de CDI + 3%.

Outros empréstimos novos com o Banco Voiter, com a Bruncker Administradora de Bens e com o BMG ajudam a inflar a conta. Essa Bruncker é de um amigo de Augusto Melo.

Além disso, o Corinthians relata em seu balanço ter uma dívida de R$ 189 milhões cobradas na CNRD (tribunal da CBF), Fifa ou CAS. São salários de jogadores, comissões de agentes e pagamentos a clubes. Desse total, quase metade - R$ 93,5 milhões - foi feita no ano de 2024, isto é, na gestão de Augusto Melo. Ele portanto deixou de pagar quase R$ 100 milhões do futebol formado na sua administração.

Nas dívidas trabalhistas, o balanço também cita que um total de R$ 8,1 milhões foram contraídos no primeiro ano de gestão de Melo.

Há outro cenário que indica aumento de dívidas na gestão Melo especialmente por gastos do futebol. No item de "Fornecedores de Serviços de Futebol", há uma explosão no passivo. Ao final de 2024, o valor passou a R$ 176 milhões em um montante que era de R$ 55,5 milhões.

E o Corinthians acumulou esses débitos mesmo com uma receita recorde e com uma venda substancial de jogadores. A receita total corintiana foi de R$ 1,1 bilhão. Desse valor, R$ 338,4 milhões foram arrecadados com venda de jogadores.

Ou seja, o Corinthians fez caixa o suficiente para começar a reduzir a sua dívida, mas preferiu continuar a gastar acima das suas possibilidades.

Para dar razão em parte a Augusto Melo, há de fato uma herança maldita que acrescentou uma dívida de R$ 191 milhões ao passivo do clube. É um valor relativo a tributos municipais sobre bilheteria, impostos e processos cíveis.

Por todas essas razões, foram cerca de R$ 180 milhões de déficit em 2024.

As contas corintianas justificam tanto os questionamentos do passado corintiano quanto a ameaça ao cargo de Augusto Melo, que enfrenta processo de impeachment.

Tanto que, no balanço, os auditores usam um linguajar duro para falar sobre a situação do Corinthians.

"Conforme apresentado na nota explicativa n° 1.1, esses eventos ou condições indicam a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional do Clube. Nossa opinião não está ressalvada em relação a esse assunto", concluem os auditores.