Presidente do Corinthians merece impeachment? Leia opiniões dos dois lados

A coluna convidou conselheiros da oposição e da situação corintiana para escreverem sobre o pedido de impeachment contra o presidente do Corinthians, Augusto Melo.
O tema proposto foi: "Por que os conselheiros devem votar a favor ou contra a destituição?".
O situacionista Peterson Ruan escreveu sobre rechaçar o impeachment. Por sua vez, o oposicionista Willian Tapara de Oliveira sustentou o voto a favor do afastamento.
A votação acontece em reunião do Conselho Deliberativo, o CD, na próxima segunda (20).
Caso a maioria opte pela afastamento, o impeachment será submetido ao voto dos associados. Até lá, Osmar Stabile, primeiro vice-presidente, ficaria no cargo.
Sendo confirmado o impeachment pelos sócios, o novo presidente é escolhido pelo CD. Vale lembrar que outro pedido de processo de destituição foi feito pelo Cori (Conselho de Orientação). Ele não entra na votação programada para segunda.
A oposição alega que Augusto desrespeitou o estatuto com algumas de suas ações. O escândalo policial envolvendo a intermediação do contrato de patrocínio entre Corinthians e Vai de Bet é um dos temas centrais. Augusto nega ter cometido irregularidades.
A seguir, leia o que escreveram os dois membros do CD.
Por que os conselheiros devem votar contra o impeachment?
O meu voto é contra o impeachment!
"Nós, conselheiros, temos o dever de fiscalizar o presidente eleito, mas também de respeitar o processo eleitoral, respeitar a vontade do sócio corintiano e unir forças pra ajudar essa gestão, porque a eleição acabou em novembro de 2023.
O Corinthians precisa de todos nós, a oposição precisa descer do palanque, porque no processo eleitoral do clube não temos segundo turno.
O dia que tivermos qualquer dirigente envolvido com malfeitos, indiciado, réu e condenado, serei o primeiro a defender sua substituição.
Para estarmos conselheiros é porque fomos escolhidos pelo voto do sócio, em respeito a cada voto que me elegeu devemos ser responsáveis com o CNPJ do Sport Club Corinthians Paulista, seja em apoio à diretoria ou na sua oposição.
Quero poder andar no clube com minha família e ter minha consciência tranquila por não ter alimentado o caos e, mais que isso, saber que a minha única defesa é pelo melhor do nosso Corinthians".
Peterson Ruan, conselheiro do Corinthians
Por que os conselheiros devem votar a favor do impeachment?
A gestão temerária está comprovada. Agora é corrigir a rota
"O presidente Augusto Melo gosta de dizer que Deus o colocou no cargo. Só esqueceu que Deus não gosta de mentira.
A assinatura de Augusto garantiu a Alex Cassundé uma comissão de [cerca de] R$ 25,5 milhões por 36 meses - ou seja, R$ 700 mil mensais dos cofres do Corinthians, que iriam para contas de laranjas. A comissão era prioritária: o ex-diretor administrativo Marcelo Mariano até atropelou a diretoria financeira para pagá-la. Tudo confirmado à polícia.
Augusto escondeu a comissão de seus diretores, que deixaram sua gestão, a fim de não receberem ordens que lesavam o clube.
Para a torcida, Augusto também mentiu. Em maio de 2024, disse ao Benja que Cassundé 'trouxe o pessoal da Vai de Bet'. Tudo mentira: o CEO da Vai de Bet, José André da Rocha Neto, confirmou à polícia que não foi Cassundé quem o levou a Augusto. O 'intermediário' só foi incluído na quarta versão do contrato - a pedido do Corinthians.
Além disso, em todas as oportunidades de defesa que o estatuto prevê, Augusto continuou mentindo. Mentiu até para o Conselho Deliberativo, ao dizer que assinou acordo amigável com a PixBet, antecessora da Vai de Bet; na verdade, tratava-se de um acordo numa ação de execução de uma dívida de R$ 44 milhões, não quitada e que já supera R$ 60 milhões. Agora, Augusto mente que não teve direito à ampla defesa.
Só que até hoje o clube não processou a Vai de Bet, e somente agora, com a votação marcada, anunciou-se a saída de Marcelinho, como bode expiatório.
As ações e omissões comprovadas do presidente configuram gestão temerária pela legislação. Votar pelo impeachment é rejeitar as mentiras e corrigir a rota do clube.
Estou no meu primeiro mandato como membro do Conselho Deliberativo, órgão que fiscaliza tecnicamente a administração do Corinthians. Não vou ser acusado de ter sido omisso na minha vez. Por isso, sou a favor do impeachment".
Willian Tapara de Oliveira, conselheiro do Corinthians
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