Direção vê Corinthians prejudicado por debate sobre recuperação judicial
Pressionada com a inclusão do tema na próxima reunião do Conselho Deliberativo (CD), a diretoria do Corinthians mantém a posição de que descarta pedir recuperação judicial e transformar o clube em SAF.
Na direção, a insistência no assunto é vista como prejudicial ao clube. A tese é de que a especulação pode aumentar a ida de credores à Justiça antes da suposta tentativa de Recuperação Judicial.
O discurso é de que quem fomenta este assunto tenta desestabilizar o ambiente e minar a profissionalização que a diretoria comandada por Augusto Melo assegura estar empregando.
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, marcou reunião do CD para o próximo dia 7.
Um dos itens da pauta é "análise e discussão sobre eventual iniciativa unilateral da diretoria referente à medida cautelar judicial (Lei 11.101/2005 que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária) - e suas possíveis consequências para o SCCP".
O presidente do CD já havia enviado ofício para Augusto informando que tinha chegado ao seu conhecimento a possibilidade de o clube "ajuizar ação cautelar extrajudicial de recuperação judicial ou algo semelhante".
Tuma também escreveu que seria temerário adotar tal medida sem consulta prévia ao CD ou ao Cori (Conselho de Orientação).
O discurso na diretoria é de que os dirigentes conhecem o estatuto e sabem os temas que precisam ser levados aos órgãos internos. Ou seja, se isso não aconteceu, é porque não existe nada nesse sentido.
A ação cautelar é, de fato, uma das medidas estudadas. Com ela, o objetivo seria tentar evitar, por 60 dias, penhoras e bloqueios provocados por cobranças na Justiça. Nesse período, o clube teria mais dinheiro para pagar contas com vencimento imediato. E planejaria outras ações, como acordos com credores.
Opositores afirmam que a ação cautelar seria uma preparação para a recuperação judicial e para a transformação em SAF, o que a diretoria nega.
Críticos da atual administração alegam que se a ação cautelar for pedida e negada, haverá uma corrida de credores à Justiça para receber, pois o clube teria demonstrado incapacidade de honrar os compromissos.
Ou seja, os dois lados da política corintiana enxergam risco de que quem tem dinheiro para receber do Alvinegro deixe de tentar um acordo para ir à Justiça por causa do tema Recuperação Judicial.
A direção sustenta que a instituição tem capacidade de geração de receitas suficiente para não precisar adotar a medida.
A recuperação judicial é uma negociação entre devedor e credores mediada por um juiz. Ela é uma alternativa usada por empresas que estão perto de quebrar.
Os credores precisam aceitar o plano de pagamento proposto pelo devedor. Eles entram numa fila para receber, de acordo com critérios previstos na legislação. As cobranças na Justiça são suspensas. Desta forma, o devedor consegue manter suas atividades, sem risco de falir.
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