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Título da Supercopa consolida o insistente Raphinha como ídolo do Barcelona

Há jogos que mudam a história de um jogador para sempre. A goleada do Barcelona sobre o Real Madrid, por 5 a 2, terá esse poder sobre a carreira e a vida de Raphinha. O duelo deste domingo, na Arábia Saudita, deu ao brasileiro uma condição que poucos compatriotas tiveram.

Raphinha é, finalmente, um ídolo do Barcelona.

Melhor em campo, autor de dois gols e uma assistência, o camisa 11 fez mais do que jogar muito — algo que já tem feito com frequência na atual temporada.

Mas o que Raphinha fez em Jeddah foi além disso: ele foi a alma de um time que encarou um rival mais rico, com mais estrelas e que chegava ao duelo como favorito.

O dia que mudou o tamanho do brasileiro na história blaugrana começou com um ato inusitado, logo no início da final. Enquanto Mbappé era atendido dentro de campo, após o primeiro gol do Real Madrid, um Raphinha desesperado pegou a maleta do médico do Real Madrid e levou para fora do campo.

Era a atitude desesperada de um líder. Eleito quarto capitão do time no início da temporada, Raphinha transformou-se no símbolo do Barcelona de Hansi Flick.

Raphinha com a braçadeira de capitão do Barcelona
Raphinha com a braçadeira de capitão do Barcelona Imagem: ANP/ANP via Getty Images

Eleito quarto capitão no início da temporada, ele já teria uma certa incidência sobre o elenco. Com o passar do tempo, o acaso (e as lesões de Ter Stegen, Araújo e De Jong, os três primeiros capitães), o levaram a ser também o dono da braçadeira na maioria dos jogos.

A final da Supercopa sacramentou a figura de um Raphinha que é, além de um dos principais jogadores do time, um representante da própria torcida durante as partidas. Conquistar isso, em Barcelona, é estar para sempre no coração do torcedor culé.

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Na final da Supercopa, foi Araújo que terminou o jogo como capitão, e Ter Stegen (de calça e tênis) quem levantou a taça. Mas o capitão de fato foi Raphinha. Mesmo fora de campo, ele vibrava, sofria e até xingava o árbitro Gil Manzano — o que lhe rendeu um cartão amarelo, já no banco de reservas.

A consagração de Raphinha, sacramentada no deste domingo, é fruto de qualidade técnica, dedicação e trabalho.

Mas é, também, uma ode à insistência.

Quando chegou ao Barcelona, Raphinha foi criticado por ter custado demais — foram 55 milhões de euros (cerca de R$ 320 milhões em valores atuais, pagos ao Leeds). Depois, foi criticado por não ser "o típico ponta brasileiro".

A torcida esperava um Neymar, um Ronaldinho, e Raphinha não era (ainda não é) nenhum dos dois.

Em um terceiro momento, Raphinha foi criticado porque perdia muitas bolas; depois, porque errava muitos chutes. Quando se irritou com o técnico Xavi Hernández por tirá-lo da maioria dos jogos no segundo tempo, foi criticado por expor a insatisfação em público.

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E, quando Lamine Yamal começou a aparecer entre os titulares, grande parte da imprensa, da torcida e dos dirigentes pediram que ele fosse negociado. Uma proposta de 60 milhões, da Arábia Saudita, era a saída perfeita.

Raphinha não aceitou. O Newcastle também bateu na porta e ouviu uma negativa. "Sair do Barcelona nunca foi uma opção", afirma uma pessoa próxima ao atacante.

Raphinha insistiu porque jogar no Barcelona era um sonho antigo. Seu pai, Rafael, era integrante de um grupo de pagode de Ronaldinho e visitou a cidade várias vezes. Na infância, as histórias do clube eram o que motivaram o seu sonho de ser jogador.

Agora, é ele quem serve de motivação. Em Barcelona, todos querem ser Raphinha.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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