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OpiniãoEsporte

Demissão de Diniz era tão óbvia que a única dúvida era quando aconteceria

Por acaso alguém tinha dúvida que Fernando Diniz seria demitido do Cruzeiro antes do meio do ano?

Eu, sinceramente, não tinha. Porém, depois da "pipocada" da direção do Cruzeiro no final de 2024, confesso que esperava que dessem mais tempo a ele.

Para quem não lembra, no final do ano passado, durante uma coletiva, um jornalista perguntou diretamente a ele: "Diniz, o que você acha dessa sua demissão?".

Diniz, surpreso, ficou visivelmente irritado, pois não sabia de nada. Ele fez um discurso duro, criticando a falta de respeito da direção do Cruzeiro e afirmando que era um profissional sério. E, de fato, ele tinha razão nesse ponto.

Mas, se fosse realmente coerente, após esse "golpe pelas costas", Diniz deveria ter usado aquele discurso para pedir demissão. Não o fez e acabou ficando à mercê de Alexandre Mattos. Estava claro que bastariam alguns resultados negativos para ele ser demitido sem qualquer consideração, como ele mesmo previu no discurso de fim de ano.

Pois bem, a diretoria segurou Diniz, mas a torcida cruzeirense já o havia "demitido". A grande maioria dos torcedores não queria mais o treinador no comando e estavam prontos para criticá-lo ao menor deslize. E foi exatamente o que aconteceu.

Assisti aos amistosos do Cruzeiro contra o São Paulo (1x1) e Atlético-MG (0x0) e a partida contra o Athletic (0x1) pelo Campeonato Mineiro. O time foi mal em todos, mas a derrota para o Athletic foi o ponto de ruptura.

Fernando Diniz é um treinador com estilo muito marcado, que, embora tenha funcionado no Fluminense, tornando-o campeão da Libertadores de 2023, agora está previsível e fácil de ser anulado pelos adversários.

Embora eu não seja fã de analisar o futebol apenas por estatísticas, os números de Diniz em 2024 são contundentes.

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Ele venceu apenas três jogos no Brasileirão, somando suas passagens por Fluminense e Cruzeiro. Foi demitido do clube carioca com apenas uma vitória e deixando o time na lanterna do campeonato.

No total, entre Supercopa, Brasileirão, Carioca, Sul-Americana e Copa do Brasil, Diniz acumulou 13 vitórias, 14 empates e 17 derrotas em 44 jogos.

Os números são ruins, mas o problema vai além disso: seus times não apresentaram bom desempenho. Os adversários já conhecem seu esquema de jogo, e, como ele não possui variações táticas, as equipes ficam estagnadas.

Seu discurso de que "futebol não é só resultado" perdeu força. A maioria dos treinadores também busca jogar bem, mas sabem que, para consolidar um trabalho, vencer é essencial. No futebol, não se vive apenas de romantismo; o básico — vencer — é indispensável.

O modelo de jogo de Diniz, com muita posse de bola, mas passes laterais e pouca objetividade, não funciona e não agrada a torcida.

Pelo que li, o novo treinador do Cruzeiro será Renato Gaúcho, que já jogou e foi campeão pela Raposa. Ele tem tudo para trazer resultados positivos.

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Renato se relaciona bem com os jogadores, evitando criar panelas e tratando todos de forma igual. Além disso, ele é "boleirão", cheio de histórias e resenhas que agradam os atletas, além de saber criar um ambiente leve e descontraído.

O problema do Renato é a relação com a imprensa. Se ele não evoluiu nesse aspecto, pode ter os mesmos problemas que enfrentou no Rio Grande do Sul. Por outro lado, sua relação com jogadores como Gabriel, quando o dirigiu no Flamengo, foi boa, o que sugere que ele sabe administrar conflitos pontuais.

No entanto, Renato não tolera atletas que se fazem de vítimas, tumultuam o ambiente ou criam problemas ao serem substituídos. Isso pode ser um desafio, especialmente com jogadores como Dudu, dependendo do rendimento em campo.

A demissão de Fernando Diniz era tão previsível que, na verdade, já havia "acontecido". Ele permaneceu no cargo apenas no "grito". E, no futebol, quando você "ganha no grito", sua permanência será curta — pois, mesmo que te mantenham, não querem você de verdade.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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