É preciso punição severa para salvar vidas em estádios de futebol
Ler resumo da notícia

A impunidade leva à violência em qualquer segmento da sociedade, inclusive no futebol. O que aconteceu nesta quinta-feira em Santiago do Chile, na partida entre Colo-Colo e Fortaleza, foi alarmante. A partida estava 0 a 0 quando começou uma invasão de torcedores em campo, que causou pânico, terror e desespero em todos, além da exposição sem nenhuma segurança para os jogadores do Fortaleza, que correram para o vestiário o mais rápido que conseguiram para evitar um possível espancamento.
Claro que a falta de segurança no estádio, a facilidade para invadir o campo e o descaso com a preocupação em dar proteção a todos facilitam a ação de vândalos, arruaceiros e violentos, que não se importam com nada a não ser semear o caos. Aqui na América do Sul, tudo pode acontecer durante uma partida de futebol em qualquer país. Vamos desde racismo, com imitações de macaco, ofensas raciais, homofobia, xenofobia e machismo, passando por torcidas que soltam bombas e sinalizadores, até agressões e invasões propriamente ditas.
A Conmebol nada faz para resolver esses problemas, nada faz para punir os clubes e os torcedores. Em 29 de maio de 1985, na final da antiga Copa dos Campeões, jogada no estádio de Heysel, na Bélgica, entre Juventus e Liverpool, vencida por 1 a 0 com gol de Michel Platini, ocorreram 39 mortes e 600 feridos. Depois disso, os ingleses conseguiram acabar com os hooligans, causadores dessa tragédia.
Aqui no Brasil, a maior tragédia desse tipo foi numa final da Supercopa São Paulo de Futebol Juniores, em 1995, jogada entre Palmeiras e São Paulo, no estádio do Pacaembu. O Palmeiras venceu por 1 a 0 com gol na morte súbita do jogador Rogério. A torcida palmeirense invadiu o campo para comemorar, mas foi provocar a torcida são-paulina, que se enfureceu e também invadiu, resultando em uma guerra violentíssima. O Pacaembu estava em reforma na área do antigo Tobogã, e os torcedores se armaram com pedras e pedaços de pau, partindo para a batalha.
Classificação e jogos
Eu estava assistindo ao vivo e fiquei em total desespero vendo o despreparo da nossa segurança para grandes eventos, e isso continua até hoje. O final trágico dessa guerra foi de 102 feridos (80 torcedores e 22 policiais) e a morte violenta, transmitida ao vivo, do torcedor do São Paulo Márcio Gasparin da Silva, de apenas 16 anos.
Lá em Santiago, poderia ter acontecido um massacre, porque os torcedores invadiram o campo com barras de ferro, carregados de ódio e com uma fúria descomunal e incomum dentro de uma partida de futebol, praticamente com uma única torcida. Até agora, o resultado dessa ignorância violenta é de duas mortes do lado de fora do Estádio Monumental de Santiago: um garoto de 13 anos e uma jovem de 18 anos. Duas mortes durante uma partida de futebol por causa da reação agressiva de uma torcida, sem que estivesse acontecendo nada que pudesse gerar tanta violência.
Vamos ver quanto tempo a Conmebol levará para tomar uma atitude de acordo com a gravidade dessa violência. Não venham com portões fechados, perda de mando de jogo ou qualquer punição branda desse tipo, como são acostumados a fazer. A impunidade da instituição facilita a violência, porque esses vândalos se sentem seguros pela falta de punição.
Passou da hora de as autoridades esportivas da América do Sul tomarem uma posição drástica, mas nada farão se os clubes e as confederações não pararem de passar pano e forem coniventes com essa falta de atitude e punição. Nenhuma mãe quer ver seu filho ou filha sair de casa para assistir a um jogo de futebol e não voltar mais, como aconteceu com a torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli, com apenas 23 anos, numa briga entre palmeirenses e flamenguistas. Um torcedor jogou uma garrafa que se quebrou e acertou mortalmente Gabriela.
É isso: a segurança precisa ser suficiente para proteção ao redor e dentro dos estádios de futebol. Se não mudar radicalmente as punições, nada irá mudar.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.