Palmeiras mostrou que luta pelo título, mas e o Corinthians?
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Tem diversas explicações para uma partida tão desproporcional — taticamente, tecnicamente e fisicamente —, que foi favorável ao Palmeiras de Abel Ferreira.
Vou começar pelos próprios treinadores, porque um dos principais motivos está exatamente aí.
Abel Ferreira é um treinador espetacular, sem dúvida alguma, porque trabalha muito bem seu time em todos os pontos, mas principalmente o mental, e isso não é de hoje.
Todos os títulos que o Palmeiras conquistou até agora na era Abel tiveram forte influência do seu trabalho.
Classificação e jogos
Os jogadores ficam raramente dispersos em campo, faltando espírito de luta ou garra.
Nas finais do Paulistão 2025, que o Corinthians venceu, o esquema de jogo do Ramón Díaz foi todo mundo atrás, jogando por uma bola, e funcionou bem. Carillo foi brilhante e o Memphis, junto com o Yuri, aproveitou a única jogada ofensiva. Porém, o time não jogou nada.
Naquela ocasião, o Abel ainda estava à procura de um time, de um esquema definido, porque o grupo havia mudado bastante.
Na partida deste sábado (12), o Palmeiras foi superior em tudo, tanto que matou o jogo em 20 minutos, quando fez 2 a 0 (gols de Piquerez e Martinez) e teve o controle do jogo todo. O Corinthians só acertou o gol do Weverton aos 47 do segundo tempo.
Vamos por setores.
A defesa do Palmeiras é infinitamente melhor que a do Corinthians, que inclusive é o ponto mais deficiente da equipe.
O Palmeiras tem defensores de alto nível, tanto que o Abel escala o time com tranquilidade, dois ou três zagueiros, e tudo funciona.
Além disso, conta com um dos melhores zagueiros da América do Sul, sendo o capitão e o líder do time, que é Gustavo Gomes.
Enquanto a zaga corintiana é uma bagunça total, porque todos são meia-boca. Qualquer dupla que é escalada, nenhuma se firma como titular. Mas a pior dupla é André Ramalho e Cacá, que estiveram juntos na derrota na Arena Barueri.
Só os goleiros se equivalem: Weverton e Hugo Souza são incríveis de verdade.
Os meio-campistas são parecidos, mas o Corinthians sem Rodrigo Garro fica bem pior do que o Palmeiras sem Raphael Veiga.
Essa partida também deixou claro que a dinâmica e a intensidade do meio-campo do Palmeiras são maiores que as do Corinthians.
Martinez e Rios são jogadores que marcam e se apresentam para o jogo, apoiando o ataque.
Além disso, Richard Ríos tem muita criatividade e técnica, e a bola sai do meio para frente com enorme qualidade.
Por outro lado, Raniele faz um enorme número de faltas e toca a bola muito para os lados e para trás, fazendo o time depender muito do José Martinez, Carillo e do garoto Bidon para ajudar na saída de bola e na criação, mas sem intensidade.
Como o Palmeiras jogou com três zagueiros (Gustavo Gomes, Bruno Fuchs e Micael), tanto o Felipe Anderson quanto o Piquerez foram alas e jogaram demais.
Não tem como comparar Matheus Bidu ou Hugo com o Piquerez, que inclusive fez um golaço, sendo o seu terceiro gol em três jogos.
Vamos para a criação de jogadas e ataque.
O Abel ainda tem mais três jovens formidáveis para criar e atacar.
Facundo Torres e Vitor Roque, além da velocidade e técnica, têm também a força física e a garra que demonstram no jogo. Além disso, o Palmeiras conta com a genialidade do garoto Estevão, que já vai para o Chelsea em junho.
Porém, o Abel já pode contar com o Paulinho daqui para frente, completando um ótimo ataque, tanto taticamente como tecnicamente.
Do lado do Ramón Díaz, temos o Memphis Depay, que é um ótimo jogador. O holandês, no entanto, está devendo muito em clássicos, principalmente fora de casa.
No Dérbi de ontem, ele estava totalmente disperso. Tanto que, no final da partida, tocaram uma bola para ele que nem viu a bola bater em sua perna.
No Corinthians e Palmeiras, não tem como o jogador estar pensando em outra coisa.
Memphis, onde estava sua cabeça nesse lance?
Por fim, tem o Yuri Alberto, que luta muito, tem velocidade, mas lhe falta técnica, habilidade e inteligência futebolística. Faz muitas faltas nos zagueiros, atrapalhando muitos ataques do time. Erra passes importantes, mas a maior deficiência é que ele não segura uma bola na frente para ajudar a equipe a sair de trás. Ele depende totalmente de como está o Memphis e da presença do Garro para seu jogo fluir.
Ainda assim, é o atacante mais perigoso e artilheiro do Corinthians.
Só os goleiros se equivalem. Weverton e Hugo Souza são incríveis de verdade, mas o Donelli é inferior pela falta de experiência.
Para finalizar, o Palmeiras dividiu as disputas de bolas como se fosse uma final, e o Corinthians como se fosse um treininho recreativo à véspera de jogo.
O Palmeiras de Abel Ferreira mostrou que luta pelo título.
O Corinthians ainda precisa mostrar qual é o seu objetivo no Campeonato Brasileiro.
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