Pole Position

Pole Position

Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Torcida madrugando, transmissão ao vivo: a estreia de Hamilton na Ferrari

Já faz alguns dias que todos os hotéis da região de Maranello, onde fica a fábrica da Ferrari, na Itália, estão lotados. Afinal, a cidade vive uma semana histórica: a primeira de Lewis Hamilton como piloto da equipe italiana. E o ápice aconteceu nesta quarta-feira, quando o britânico teve sua primeira experiência com um carro ferrarista.

Foi um teste com o carro de 2023 na pista de Fiorano, que fica grudada na sede da Ferrari. Os torcedores começaram a chegar no início da madrugada para tentar ter uma boa visão do jeito que é possível: não há arquibancadas por lá, então o jeito de ver a ação de pista é chegar cedo e ficar o mais perto possível do alambrado, na rua mesmo.

Desde a segunda-feira, a prefeitura da pequena Maranello tem tido a ajuda das cidades vizinhas para conseguir organizar o trânsito e garantir a segurança, tamanha a empolgação dos tifosi.

"O que me surpreende é a quantidade de pessoas", disse Mara Sangiorgio, repórter da Sky Sports Italia, que detém os direitos de transmissão da F1 no país e que fez inclusive uma longa transmissão ao vivo de meia hora do primeiro teste de Hamilton.

"Não esperava tanta gente. Em 13 anos, nunca tinha visto tanta gente e tanta expectativa. Vi as primeiras voltas de Alonso, de Vettel, e Charles é claro já era de casa. E fico escutando que a única comparação é com as primeiras voltas de Schumacher. E chama a atenção o silêncio, o respeito quando ele passa."

Isso, mesmo com o frio. A temperatura ficou entre 5 e 7 graus, com garoa o tempo todo e muita neblina, especialmente na sua primeira volta.

Continua após a publicidade

Na Itália, a comparação feita por jornais foi com a chegada de Cristiano Ronaldo na Juventus em 2018. Mas o efeito Hamilton não foi só sentido na terra da Ferrari: a primeira foto dele como ferrarista, um retrato cuidadosamente feito pelo fotógrafo trazido pelo próprio Hamilton, conhecido pelas fotos em branco e preto especialmente de pessoas pretas, Andre D. Wagner, se tornou rapidamente a foto de Fórmula 1 mais curtida da história no Instagram. Em menos de 48h, a imagem já tinha ultrapassado os 5 milhões de curtidas.

Lewis Hamilton posa com a Ferrari F40 em seu primeiro dia como piloto da Scuderia
Lewis Hamilton posa com a Ferrari F40 em seu primeiro dia como piloto da Scuderia Imagem: Ferrari/Divulgação

Como foi o primeiro teste de Hamilton?

A foto foi tirada na segunda-feira (20), o primeiro dia de trabalho oficial de Hamilton na Ferrari, quando ele também começou a preparação com os engenheiros para este teste. Mas logo ficou claro que muita informação já tinha sido trocada pelas partes: a Ferrari tinha preparado um volante similar ao que ele usava na Mercedes, ajudando na adaptação do heptacampeão.

Depois, ele provou o simulador ferrarista, considerado o mais avançado da F1 atualmente. E nesta quarta-feira, às 9h16 pelo horário local, foi para a pista pela primeira vez.

Continua após a publicidade

Hamilton fez primeiro uma volta de instalação, só para checar todos os sistemas e o rádio, e depois voltou para algumas sequências de no máximo 10 voltas, com pneus de chuva. Ele fez vários ajustes no volante, testando a resposta do carro a diferentes configurações, e percebia-se que ele estava buscando entender como o carro respondia a alguns estímulos mais agressivos, mesmo com as condições difíceis, com várias fritadas de pneu.

Mas é claro que este não foi um teste para buscar performance. A ideia é garantir que ele está confortável com o cockpit, pedais, e entenda o "jeitão" dos carros da Ferrari, que têm conceitos diferentes do que ele estava acostumado na Mercedes. No total, foram 30 voltas, com direito a várias simulações de largada.

No período da tarde, foi a vez de seu companheiro Charles Leclerc andar com o mesmo carro. Os tempos não costumam ser divulgados nesse tipo de teste privado

Ao final de sua sessão de testes, Hamilton foi até o "barranco" em que a torcida estava para cumprimentá-los, e foi recebido com gritos de incentivo e pedidos para trazer o título para Maranello. A Ferrari não vence o mundial de pilotos desde que Raikkonen derrotou o próprio Hamilton em 2007. Quando o inglês foi até a torcida, sua mãe, Carmen, o acompanhava de perto, tirando fotos com seu celular. Seu pai e a madrasta, com os quais ele morou durante grande parte da infância e adolescência, também estão em Maranello.

Por que Hamilton pilotou carro de 2023 e qual o próximo teste?

A opção pelo carro de 2023 tem a ver com o regulamento. Este teste entra na conta do chamado "teste de carros antigos", que só pode ser feito com modelos que têm entre dois a cinco anos.

Continua após a publicidade

Cada piloto pode fazer, ao longo da temporada, 1000km de testes com este tipo de carro, e o plano da Ferrari é praticamente esgotar essa cota logo de cara para que Hamilton comece a temporada o mais bem adaptado possível, até porque não há tanto valor em testar com carros dessa geração ao longo do ano, já que haverá uma grande mudança de regulamento na F1 em 2026.

A próxima experiência do heptacampeão com o carro vermelho deve ser já na próxima semana. A Ferrari confirmou que fará uma sessão no Circuito da Catalunha, em Barcelona, mas a data exata depende das condições climáticas.

Hamilton revelou seu capacete para 2025

Hamilton mostra capacete que usará pela Ferrari na F1
Hamilton mostra capacete que usará pela Ferrari na F1 Imagem: Divulgação/Instagram/@lewishamilton

O piloto de 40 anos voltará a usar um capacete predominantemente amarelo, com um toque de vermelho, pelo menos nesse início de carreira com a Ferrari. Trata-se de uma cor que esteve presente nas várias metamorfoses pelas quais o casco do britânico passou ao longo dos anos, e tem uma origem curiosa: seu pai, Anthony, ficava aflito por não conseguir identificar o filho na pista de kart, e por isso eles decidiram que o amarelo seria uma boa cor, por chamar a atenção.

Continua após a publicidade

Claro que também há certa influência do capacete de Ayrton Senna, até pela maneira que as outras cores que Hamilton usava (que lembravam o país de origem da família do pai, a ilha caribenha de Granada) estavam dispostas.

O capacete predominantemente amarelo foi o primeiro que ele usou na F1, na época de McLaren. Depois ele foi ganhando cada vez mais roxo e preto, voltando a um tom amarelo-esverdeado em 2022.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.