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Julio Gomes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Ranking da Década de 40: 'Expresso da Vitória' do Vasco marcou época

Moacir Barbosa, goleiro do Vasco em jogo contra o São Paulo. Ele foi o goleiro da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1950, no Brasil - Acervo UH/Folhapress
Moacir Barbosa, goleiro do Vasco em jogo contra o São Paulo. Ele foi o goleiro da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1950, no Brasil Imagem: Acervo UH/Folhapress

31/03/2021 04h00

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O blog chega, finalmente, à Década de 40 - a última que será rankeada. Os anos 30 são o início da profissionalização do futebol no Brasil e a coisa ainda estava muito pulverizada. Por uma questão de recorte, paramos nos 40. A guerra rolava solta mundo afora, mas não chegou ao Brasil e o futebol continuou.

A década de crescimento do esporte por aqui começou com a inauguração do Pacaembu, em 1940, e terminou com a organização do Sul-Americano de 1949 e da Copa do Mundo de 1950 - além, claro, da construção do Maracanã, o maior estádio do mundo. Os estádios são fundamentais para explicar como o futebol se desenvolveu nos grandes centros brasileiros.

A seleção brasileira foi campeã sul-americana em 49, depois de 27 anos do último título - só viria a ganhar uma Copa América novamente em 89. A Copa de 50, como sabemos, não acabou bem. Os uruguaios e o Maracanazo abriram uma ferida enorme na sociedade brasileira, mas a frustração seria transformada em sucesso. A seleção mudou a cor da camisa depois disso e a "amarelinha" seria campeã do mundo três vezes nas cinco Copas seguintes.

Abaixo, no Ranking da Década de 40, as "convocações" que aparecem junto a cada clube se referem a jogadores chamados tanto para o Sul-Americano quando a Copa de 50.

O Vasco, que já tinha o estádio de São Januário, e o São Paulo foram os grandes clubes da década. O "Expresso da Vitória" vascaíno, comandado por Ademir de Menezes, conquistou o título do Sul-Americano de clubes de 48, um embrião da futura Copa Libertadores, além de dominar o futebol do Rio e ser base da seleção brasileira. Já o São Paulo tinha como protagonista Leônidas da Silva, o maior jogador do país até o surgimento de um tal Pelé, na década seguinte.

Com Leônidas, o São Paulo ficou entre os dois primeiros colocados em oito dos dez Campeonatos Paulistas da década. Além disso, ganhou dos quatro grandes cariocas em quatro disputas diferentes para ficar com a Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo, uma espécie de Recopa que era disputada entre o campeão dos dois Estados mais populosos da nação. O Torneio Rio-São Paulo, que havia sido inaugurado em 1933, não foi disputado nos anos 40. Só voltaria a ser jogado em 1950, adquirindo o status de competição mais forte do país até o meio dos anos 60.

Em outros lugares do Brasil, é preciso destacar o "rolo compressor" do Internacional, que conquistou oito títulos gaúchos e cedeu jogadores para a seleção brasileira. No Rio Grande do Norte, o ABC de Natal concluiu, em 1941, um decacampeonato estadual que não seria mais repetido em lugar algum. O ABC é, até hoje, o maior campeão estadual do Brasil (55 títulos), ainda que nunca tenha conseguido expandir as fronteiras potiguares. Em Minas, o Atlético Mineiro seria campeão seis vezes. No Paraná, Coritiba, Atlético e Ferroviário alternavam conquistas - o Coxa seria dominante nas três décadas seguintes, mas foi nos anos 40, após um título avassalador, que o Furacão ganhou o apelido. O Sport, dono da Ilha do Retiro, que foi sede da Copa, mandou durante a década.

O Campeonato Brasileiro da época era o de Seleções, que foi disputado seis vezes. O Distrito Federal (Rio de Janeiro) dominou, com títulos em 43, 44, 46 e 50. São Paulo, derrotado nestas quatro finais (apesar de ter Leônidas), havia vencido em 41 e 42. O Rio Grande do Sul, com a força do Inter, foi o terceiro em quatro destas edições e o quarto em duas. Minas foi uma vez terceiro e três vezes o quarto. A Bahia foi terceira em 41.

O Brasileiro de Seleções era muito importante na época, reunia todos os principais jogadores e nos dá uma medida de como eram, de fato, mais fortes os times de São Paulo e Rio.

RANKING DA DÉCADA DE 40:

#1 Vasco
1 - Campeonato Sul-Americano (48)
4 - Cariocas (45, 47, 49 e 50)
1 - Vice Rio-SP (50)
2 - Vices Cariocas (44 e 48)

*convocações - 14

#2 São Paulo
5 - Paulistas (43, 45, 46, 48 e 49)
4 - Taças dos Campeões Estaduais SP-RJ (43, 45, 46 e 48)
3 - Vices Paulistas (41, 44 e 50)
*convocações - 8

#3 Palmeiras
4 - Paulistas (42, 44, 47 e 50)
2 - Taças dos Campeões Estaduais SP-RJ (42 e 47)
1 - Vice Paulista (49)

*convocações - 2

#4 Internacional
8 - Gaúchos (41 a 45, 47, 48 e 50)
*convocações - 3

#5 Flamengo
3 - Cariocas (42, 43 e 44)
1 - Vice Carioca (41)
*convocações - 4

#6 Corinthians
1 - Torneio Rio-São Paulo (50)
1 - Paulista (41)
1 - Taça dos Campeões Estaduais SP-RJ (41)
5 - Vices Paulistas (42, 43 e 45 a 47)
*convocações - 2

#7 Fluminense
2 - Cariocas (41 e 46)
2 - Vices Cariocas (43 e 49)
*convocações - 4

#8 Botafogo
1 - Carioca (48)
4 - Vices Cariocas (42, 45, 46 e 47)
*convocações - 4

#9 Atlético-MG
6 - Mineiros (41, 42, 46, 46, 49 e 50)

Menções estaduais:

Moto Club
7 - Maranhenses (44 a 50)

Bahia
6 - Baianos (44, 45 e 47 a 50)

Sport
5 - Pernambucanos (41, 42, 43, 48 e 49)

Paysandu
5 - Paraenses (42 a 45 e 47)

Portuguesa
*convocações - 2

Bangu
*convocações - 1

*****

CLIQUE ABAIXO PARA VER O RANKING DE CADA DÉCADA DO FUTEBOL BRASILEIRO:

DÉCADA DE 40
'Expresso da Vitória' do Vasco e São Paulo de Leônidas marcaram época

DÉCADA DE 50
Grandes pulverizam títulos e futebol do Brasil começa a ganhar o mundo

DÉCADA DE 60
Santos foi o maior quando éramos os maiores

DÉCADA DE 70
Inter domina início da "era nacional" do futebol

DÉCADA DE 80
Flamengo rompe fronteiras e ganha o mundo

DÉCADA DE 90
São Paulo supera concorrência em década 'paulista'

DÉCADA DE 00 (ANOS 2000)
Inter brilha na Libertadores e supera o São Paulo, tri brasileiro

DÉCADA DE 10
Corinthians campeão do mundo; brasileiros dominam Libertadores