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Rodrigo Hübner Mendes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

BNDES e Bem Maior dão importante passo para impulsionar a filantropia

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Imagem: Freepik

Rodrigo Hübner Mendes

Colunista do UOL

21/10/2022 10h49

Nos últimos anos, acompanhei de perto o admirável empenho do Movimento Bem Maior para viabilizar com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) uma iniciativa que promete gerar impactos significativos no campo do financiamento de projetos de natureza socioambiental no Brasil. Após inúmeras rodadas de planejamento e negociação, foi aprovada uma ação que destina investimentos provenientes do Fundo Socioambiental do referido banco para projetos com capacidade de produzir transformações em escala nas áreas de emprego, saúde, educação e meio ambiente.

Um exemplo é o projeto "Alavancas para a educação inclusiva de qualidade", cujo objetivo é influenciar políticas públicas voltadas à formação continuada de professores, diretores de escolas e equipes de secretarias de educação de dez municípios das cinco macrorregiões geográficas do país. O tema das ações formativas será o atendimento de estudantes com deficiência, transtornos do espectro autista ou altas habilidades. Nossa atual legislação prevê que esse segmento de alunos participe das escolas comuns, convivendo com os demais educandos. No entanto, várias pesquisas apontam que os professores brasileiros se sentem inseguros para oferecer uma educação de qualidade no modelo inclusivo, tendo em vista seu limitado repertório sobre essa temática.

A seleção dos municípios que participarão desse projeto será feita por meio de um edital, lançado na última segunda-feira. As inscrições estarão abertas até onze de novembro e contemplam qualquer município que almeje avançar no âmbito da perspectiva inclusiva de ensino. O resultado do edital será comunicado ainda esse ano, de forma que o primeiro curso de formação seja iniciado em março de 2023. Além de impactar 120 mil professores e 2 milhões estudantes, essa iniciativa pretende fomentar a criação de políticas públicas que irão propiciar impactos de longo prazo na rede de escolas públicas do Brasil. O projeto terá duração de três anos e conta com um orçamento de R$ 6 milhões. O financiamento prevê um aporte de 50% desse valor, oferecido pelo BNDES, e o restante captado com outros agentes financiadores, como o próprio Movimento Bem Maior — modelo chamado de "matching fund".

Considerando que as organizações do terceiro setor brasileiro são predominantemente financiadas por uma lógica de projetos desenhados para o horizonte de doze meses, elas raramente usufruem da possibilidade de planejar suas ações para o longo prazo. Isso inviabiliza investimentos em inovação e retenção de talentos. Essa é uma das raízes da fragilidade observada nesse setor. Nesse sentido, essa inovadora ação decorrente dos esforços do BNDES e do Movimento Bem Maior não só aposta em empreendimento sociais com impactos de larga envergadura, como também atua como um abre alas para a ampliação do horizonte de planejamento e sustentabilidade do segmento. Emblemático exemplo a ser seguido.