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Gestão Doria teria orientado empresa para vencer licitação do Carnaval

4.mar.2017 - A Orquestra Voadora fez sua estreia em São Paulo no fim de semana pós-Carnaval. O bloco carioca desfilou na Vila Nova Conceição, bairro nobre da Zona Sul da cidade - Junior Lago/UOL
4.mar.2017 - A Orquestra Voadora fez sua estreia em São Paulo no fim de semana pós-Carnaval. O bloco carioca desfilou na Vila Nova Conceição, bairro nobre da Zona Sul da cidade Imagem: Junior Lago/UOL

Daniel Weterman

12/06/2017 12h19Atualizada em 12/06/2017 15h59

A gestão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), teria orientado a agência de eventos Dream Factory, contratada pela Ambev, para vencer a concorrência pelo patrocínio do Carnaval, informa a rádio CBN.

De acordo com a emissora, a empresa venceu o edital ainda no ano passado, mas em janeiro a Comissão Avaliadora da Secretaria de Cultura decidiu que a proposta da SRCOM, parceira da Heineken, era a melhor porque oferecia mais itens de interesse público.

De acordo com a CBN, no entanto, o áudio de uma reunião entre funcionários da Secretaria de Cultura e dois diretores da Dream Factory mostra que os representantes narram um encontro na Prefeitura, no dia 17 de fevereiro, em que o vice-prefeito Bruno Covas (PSDB) orienta os integrantes da Ambev e da Dream Factory a alterar os itens da planilha da proposta para justificar os R$ 15 milhões oferecidos inicialmente e, assim, vencer a concorrente, que ofereceu R$ 8,5 milhões.

Os secretários André Sturm (Cultura) e Anderson Pomini (Justiça) negaram que houve direcionamento e afirmaram que todo o processo cumpriu os itens do edital.

A Ambev afirmou que o edital previa a redistribuição dos valores da proposta entre os itens e sustenta que não houve oferta de novo valor durante a concorrência. A Drem Factory afirmou que todas as mudanças no edital foram autorizadas pela comissão e que foram lícitas.

Outro lado

Em nota, a prefeitura questiona a reportagem da CBN e diz que o edital elaborado e publicado pela gestão de Fernando Haddad "foi inteiramente obedecido" e que, "conforme previa o edital, foi permitido que a esta empresa, a Dream Factory, alterasse os itens de investimento, mas mantendo-se dentro do escopo do que já havia sido apresentado".

A nota continua: "Pare que fique claro: a proposta da SRCOM foi de R$ 8,5 milhões; a da Dream Factory, de R$ 15 milhões. O conteúdo da proposta de maior valor, porém, foi julgado insatisfatório pela comissão, pois boa parte dos recursos era destinada a ações de marketing. Como o edital permitia, foi solicitado à Dream Factory que alterasse o conteúdo de sua proposta, para que esse valor se destinasse inteiramente a serviços de interesse público (segurança, ambulâncias, banheiros químicos)".

Além disso, a prefeitura alega que "o mesmo não poderia ser oferecido à SRCOM, uma vez que o edital não permitia que o valor da proposta fosse alterado, apenas sua composição, desde que dentro do escopo".

Em nota, a Ambev também insiste que a possibilidade "de redistribuir o valor total de sua proposta entre os itens de execução em infraestrutura do evento" já estava prevista "no item 7.10 do edital de convocação do chamamento público". A nota conclui: "Não houve, portanto, qualquer alteração ou oferecimento de novo valor durante o chamamento público. Todo esse trâmite está registrado em processo administrativo, que é público e disponível para consulta de qualquer interessado."