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Blocos de rua

Último dia de blocos em São Paulo é marcado por revival dos anos 80 e 90

Sara Puerta

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/03/2017 18h57

Considerado o maior Carnaval de rua que São Paulo já teve em número de blocos e público, a folia chega ao fim, oficialmente, neste domingo (5), com a Avenida Faria Lima fechada para o desfile dos trios, bem mais tranquilo que o dia anterior.

Por volta do meio-dia, o bloco Vou de Táxi abriu o dia com músicas dos anos 90, a marca registrada do trio. No repertório, sucessos que vão desde Britney Spears, Backstreet Boys e Skank a Mamonas Sssassinas.

Para Carina Leite, esse é o melhor bloco. "E olha que estou na rua desde o dia 29 de janeiro. Quem imaginou há três anos atrás que São Paulo teria um Carnaval desse tamanho?", analisou.

Juliana Lambarelli, que usou uma fantasia feminista, inspirada na propaganda "We Can Do It", elogiou as campanhas "Não é Não" e "Carnaval Sem Assédio", disseminadas esse ano. "Pelo menos nos blocos que estive não vi problemas desse tipo. Algo tem mudado, sim!", afirmou.

Às 15h, a avenida estava tomada de foliões, sem qualquer sinal de cansaço da festa. O bloco Se Te Pego Não Te Largo começou o desfile nesse horário.

Reinaldinho, vocalista do Terra Samba, e Gilmelândia, ex-líder da banda Cheiro de Amor, mostraram que o axé dos anos 90 é um movimento cool atualmente. No trio, os dois fizeram medleys dos grandes sucessos.

Carlos Dias, que anteriormente achava as músicas ruins, hoje garante que é uma diversão ouvi-las. "A gente acha o máximo essas coreografias. Na época, não dançava de forma alguma", disse.

Paralelamente, na Rua Inácio Pereira da Rocha, o bloco que homenageia os anos 80, o Chega Mais, agitava o pessoal. A bateria era composta em sua maioria de mulheres, fantasiadas de motivos da década. Entre eles, o refrigerante Crush, Cubo Mágico, Paquitas, Pac Man e até Sassá Mutema, personagem da novela global O Salvador da Pátria". Clássicos do rock, músicas infantis e da MPB da década embalaram a festa. 

As amigas Mayara Rocha e Debora Cristina, vestidas de havaianas, começaram o último dia de bloco com uma garrafa de catuaba. "Escolhemos essa
 por ser afrodisíaca", garantiram.

E, ao que parece, esse foi o Carnaval da bebida fermentada. Para uma vendedora que não quis ser identificada, ela foi uma das vendidas, apesar de não ser permitida sua comercialização pelo ambulantes credenciados. Dessa forma, sua venda é clandestina.

"A gente tem que entrar com as garrafas (de catuaba) escondidas. E é garantia de vender bem o dia todo", afirmou.

Outro hit desse Carnaval foram os unicórnios. Consenso entre as vendedoras de adereços, a tiara do "animal fantástico" foi a mais procurada. "Tem que acabar tudo esse ano porque já enjoou. No próximo Carnaval já era", disse a ambulante Elisangela Costa.

Aproveitando para faturar, Waldomiro Junior, vendeu a R$ 1 pedaços de papel higiênico na frente dos banheiros químicos. "Consigo entre R$ 50 e 60 por dia. Pensava que as mulheres iam comprar mais", disse.