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Pets sofrem com relaxamento do isolamento social. Veja como prepará-los

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home office pets Imagem: iStock

Taís Ilhéu

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/09/2020 12h32

Resumo da notícia

  • Pets sofrem com relaxamento do isolamento social e retomada das atividades
  • Especialista dá dicas de como tornar a mudança menos traumática para os animais
  • Realizar saídas rápidas e realizar mais atividades com os pets pode amenizar problema
  • Adoção de bichos de estimação cresceu desde o início da pandemia do coronavírus

O convívio com um bichinho de estimação deixa as pessoas mais alegres, além de menos solitárias e estressadas. E não se trata de uma simples suposição: estudos realizados pela Universidade da Comunidade de Virgínia e por psicólogos da Universidade de Miami e da Universidade de St Louis, todas nos Estados Unidos, provaram esses pontos em pesquisas realizadas em 2011 e 2012, concluindo que ter um pet contribui, afinal, para uma melhor qualidade de vida.

Parece uma boa pedida para tempos de isolamento social e pandemia, e muita gente já se deu conta disso. Os índices de buscas pelo termo "adoção de cachorro" no Google começaram a subir por volta do final de março e atingiram o pico dos últimos cinco anos na primeira semana de julho. Para os gatos, o pico nessa meia década foi na última semana de maio.

Mas será que quem procura um novo pet, ou mesmo quem já tem um em casa, parou para pensar se essa intensa convivência com os bichinhos na quarentena faz tão bem a eles quanto aos humanos? E como ficam esses novos vínculos formados com o gradual retorno à rotina pré-quarentena?

Para a psicóloga Alice Frank, mestre em ciências pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, a tendência é que os animais sintam, sim, esses efeitos positivos do convívio mais próximo, já que recebem mais atenção e afeto dos donos quando eles estão em casa. Só destaca que é preciso um pouco de atenção para não sufocá-los com todo esse amor.

"As pessoas podem não respeitar tanto o tempo dos seus animais, sua necessidade de espaço e quando eles não querem interação", conta.

Se essa regrinha para dosar a convivência durante o isolamento é bem simples e não deve causar grandes dores de cabeça, o pós-isolamento vai exigir um pouco mais de cuidado e planejamento por parte dos pais de pet.

"Tenho esperanças de que ela vai melhorar"

O isolamento nem precisou relaxar na casa de Maria Virgínia de Freitas para Amora, cadelinha adotada em abril, começar a se desesperar com a possibilidade de ficar longe de qualquer membro da família. Maria, que mora em Jundiaí (SP), saiu de casa pouquíssimas vezes desde o início da pandemia, para ir ao médico ou ao supermercado, mas bastava que Amora notasse a movimentação estranha para começar a se desesperar e chorar. "Essa semana ela viu meu marido de máscara, antes de sair, e já começou a gritaria", conta. Em outros momentos do dia, relata, a impressão é que Amora habituou-se a ter atenção o tempo todo.

"Os animais passam por um momento em que as pessoas estão disponíveis para eles solicitarem coisas e terem atenção", explica a psicóloga Alice Frank.

Por isso, a tendência é que com a volta à rotina eles demonstrem demandar ainda mais atenção por terem se acostumado à convivência do período de isolamento. Para quem já tinha um animalzinho antes do início da pandemia, o retorno vai representar ainda mais mudança de rotina: depois de terem se acostumado com a nova hora da brincadeira, do passeio e da alimentação, tudo torna a mudar de novo.

Por isso, explica a psicóloga, esse provavelmente será (e já está sendo, em alguns lares) um momento conturbado para os animais de estimação. Na casa de Maria, a expectativa é que as saídas rápidas como idas à padaria ajudem Amora a adaptar-se melhor no futuro: "tenho esperanças de que ela vai melhorar".

A melhor transição possível - e como monitorar a saúde psicológica do seu pet

Nem todas as decisões envolvendo a pandemia ou mesmo o fim do isolamento cabem individualmente às pessoas - já que muitos estão sendo chamados de volta ao trabalho presencial ou precisam retornar às aulas, por exemplo - mas proporcionar um melhor retorno à rotina para seu pet é algo realizável e aconselhado.

A primeira dica de Alice é, se possível, experimentar uma volta gradual, com intervalos de tempo mais curtos fora de casa. "Assim o animal pode se acostumar a ficar sozinho e aprender que as pessoas vão embora, mas retornam".

Se essa opção não está a seu alcance, fique tranquilo. Você pode ainda tentar proporcionar um ambiente mais rico para seu bicho nos períodos em que estiver fora de casa, tornando-a "um lugar repleto de atividades diferentes para o animal se distrair enquanto fica sozinho".

Além de existirem vários produtos no mercado com essa finalidade, ainda é possível encontrar tutoriais no Youtube para criar atividades com objetos já disponíveis em casa, como garrafas pet.

Durante esse retorno, é importante que o dono também fique atentos ao comportamento do seu animal de estimação para, se necessário, buscar ajuda veterinária. "Animais ansiosos podem latir, uivar, destruir coisas, fugir, cavar, mastigar, andar de um lado para outro, se lamber excessivamente ou, até mesmo, se mutilar", explica Alice, enquanto os deprimidos "tendem a ficar mais apáticos, a parar de se engajar em atividades que antes gostavam de fazer, a perder interesse em comida e a mudar seus hábitos, sua rotina".

Por fim, é importante estar ciente que mesmo com a volta a uma rotina pré-pandemia e mais agitada, é necessário dedicar-se ao animalzinho e que eles necessitam de troca, vínculo, atividades, brincadeiras e passeios, além de cuidados veterinários e de atenção. Por isso, a posição da psicóloga é que a pessoa repense a doação se não tiver condições de tempo ou mesmo recursos financeiros para fornecer essa estrutura.