Edmo Atique Gabriel

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Opinião

Aumenta rendimento, melhora sono: será que a vitamina C é tão boa assim?

A pandemia do coronavírus foi talvez o momento de maior preocupação da humanidade com seu sistema imunológico, nas últimas décadas. Vamos fazer um rápido exercício de memória e recordar que o desespero e o medo de morrer foram tão intensos que as pessoas procuraram estocar e consumir suplementos vitamínicos, especialmente a vitamina C, na tentativa de fortalecer suas defesas orgânicas.

No final dos anos 70, havia uma onda mundial defendendo o consumo de altas doses da vitamina C. Um dos maiores defensores dessa ideia era um cientista renomado, Linus Carl Pauling, detentor de dois prêmios Nobel. Pauling consumia doses altíssimas de vitamina C, atingindo quase 20 g ao dia, e defendia que essa estratégia poderia diminuir a incidência de infecções e câncer.

Com o passar do tempo, não ficou estabelecido que essa superdosagem de vitamina C realmente seria efetiva e, para se ter uma noção, a dose diária indicada pela maioria dos estudos seria de 60 mg a 1 g ao dia.

Isso significa que Pauling estava errado e não tinha lógica em sua estratégia? Como uma regra, talvez seja difícil defender uma superdosagem da vitamina C, mas não se pode negar que os benefícios dela são múltiplos e, em situações especiais e individualizadas, pode agir favoravelmente, do ponto de vista preventivo e terapêutico.

Dessa forma, vejam algumas perguntas e respostas sobre a vitamina C e tentem se identificar com alguma dessas situações. Ao final, seria muito interessante receber comentários e experiências que vocês que já viveram sobre este assunto.

1. Pessoas que realizam atividade física intensa e prolongada precisam de maior aporte diário de vitamina C?

Sim, essas pessoas realmente necessitam de uma dieta rica em vitamina C e muitas vezes de uma suplementação diária para compensar a intensa exigência física.

2. A suplementação diária de vitamina C aumenta o rendimento na prática esportiva?

Não, isso não ocorre. O fato de um treino intenso exigir maior consumo de vitamina C não significa que essa suplementação promova um desempenho físico superior.

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3. Existe relação entre o consumo de vitamina C e a qualidade do sono noturno?

Sim, vários estudos clínicos demonstram que o consumo diário de vitamina C melhora a duração do sono, reduz os distúrbios dele e atenua as consequência negativas da apneia do sono.

4. O consumo diário de vitamina C pode ser considerado como uma terapia anticâncer?

Não, pois ainda não há provas concretas sobre o papel da vitamina C como inibidora direta da atividade cancerígena. Também não há evidências que a vitamina C seria capaz de potencializar os efeitos da quimioterapia.

5. O consumo de vitamina C poderia melhorar a qualidade de vida de pessoas com câncer?

Sim, pois essas pessoas normalmente enfrentam sintomas desconfortáveis, como náuseas, dores e cansaço. A vitamina C pode exercer efeitos positivos em atenuar esses sintomas e, portanto, seu consumo teria um caráter mais paliativo do que terapêutico.

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Seriam incontáveis as questões a serem formuladas e debatidas acerca dos benefícios do consumo diário de vitamina C. Levando em consideração que muitas frutas e sucos que consumimos em nossa rotina são ricos em vitamina C, não seria uma regra a necessidade dessa suplementação diária.

Claro que cada um de nós carrega um histórico de particularidades genéticas, influências ambientais e fragilidades físicas que determinam diferentes necessidades diárias de vitamina C, e isso sempre deve ser mandatório na indicação dessa suplementação.

Muitos estudos ainda estão em andamento, visando trazer mais evidências sobre os benefícios do consumo diário da vitamina C em situações muito particulares, como na osteoporose, catarata dos olhos, doenças de pele e na insuficiência renal. Em breve, estarei trazendo a vocês uma atualização sobre esses tópicos, como também uma precisão maior acerca das doses mais apropriadas para suplementação. Por enquanto, leiam com cuidado as questões acima e façam seus comentários.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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