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Ewbank e Gagliasso choram ao lembrar racismo com os filhos: 'Porrada Forte'

Ewbank e Gagliasso lamentam só terem se aprofundado sobre racismo após as vindas de Titi e Bless - Reprodução/GNT
Ewbank e Gagliasso lamentam só terem se aprofundado sobre racismo após as vindas de Titi e Bless Imagem: Reprodução/GNT

De Splash, em São Paulo

17/10/2022 20h18

O casal de atores Bruno Gagliasso, de 40, e Giovanna Ewbank, de 36 anos, se emocionaram ao relembrarem a adoção da filha Titi, de 9, e os casos de racismo vividos pelas crianças em viagem recente para Portugal. Eles abriram o coração sobre a família na série documental "Histórias de Famílias", do canal GNT.

No trecho da entrevista, Ewbank relembrou que conheceu Titi no penúltimo dia da viagem ao Malawi, na África, e teve um sentimento que jamais havia vivido na vida.

Preciso passar rapidinho num lugar, levar fraldas para algumas crianças antes de ir para o hotel" (...) A gente passou à noite rapidinho no abrigo, no orfanato. Quando fomos conhecer todo mundo, não sei por que eu fui na frente. De repente, antes de alguém bater na porta, a Titi abriu a porta. Aquele toquinho, ela tinha 1 ano e três meses. Nossa, eu comecei a tremer. Não sei o que aconteceu comigo na hora. Olhei para ela, me deu um gás, uma sensação de montanha russa, um frio na barriga. Ajoelhei na hora e abracei. Ela me abraçou. Eu comecei a chorar. Eu nunca tinha sentido nada parecido. Uma vontade de proteger, de abraçar, de colocá-la dentro de mim.
Giovanna Ewbank

A artista contou que ligou para Bruno Gagliasso dizendo que não conseguia tirar da cabeça que havia chegado a hora de se tornar mãe. Assim, ela voltou ao Brasil em razão de compromissos profissionais e o marido viajou ao local para tratar da papelada da adoção de Titi.

"Minha filha foi xingada, foi vítima de racismo, com 3 anos. Isso foi muito forte pra gente. A gente tinha acabado de passar por todo esse processo (de adoção). Se demorou um ano e meio e a gente conheceu ela com 1 ano e meio, ela estava com 3 quando chegou aqui. Foi assim que ela chegou. Pra gente foi uma porrada muito grande. Logo depois que a gente chegou e as pessoas descobriram, falaram também: "Por que da África, e não do Brasil?", declarou ela.

Isso foi muito forte. Eu fui criado de uma maneira para não enxergar isso. Não só não enxergar, mas até de certa forma cutucar, com expressões erradas, não olhando para o outro. Eu sinto muita vergonha de ter que ter tido o meu grande amor passando por isso para enxergar. Isso durante muito tempo me consumia mesmo, eu ficava mal.
Bruno Gagliasso

Ewbank lamentou que o aprendizado sobre a luta contra o racismo, infelizmente, só despertou a partir do momento em que assistiu os filhos serem alvos de ataques.

"Foi um choque, uma porrada. A gente não achou que fosse como é. A gente imaginava, mas, quando tem alguém que a gente ama que passa, a gente se culpa muito. Por que a gente foi enxergar isso, o quão cruel é, só através da nossa filha, através do amor? É maravilhoso a gente conseguir enxergar isso. (Mas) a gente sente muita culpa. Sente vergonha também às vezes", destacou.

Além de Titi, Gagliasso e Ewbank são pais de Bless e Zyan e se apoiam nos estudos e acolhimento de amigos para trazer uma educação antirracista para os filhos.

A gente está sempre tentando acertar com os nossos filhos. Hoje, eu vendo minha filha se olhar no espelho e dizer "nossa, como sou linda, mamãe, olha essa pele", eu fico muito orgulhosa do que a gente tem tentado fazer. Só que eu não sou uma mulher preta. Sei que, em algum momento, eu posso não conseguir suprir o que minha filha precisa e meu filho também (...) A gente está sempre tentando buscar referências, amigos, pessoas em que a gente possa se apoiar e aprender, que possam nos ajudar, para que nossos filhos cresçam fortes, seguros e orgulhosos de sua cor e de sua origem.
Giovanna Ewbank