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Se você ama música, você precisa ver 'This is Pop' e '1971'

Os Backstreet Boys em 1996
Os Backstreet Boys em 1996
Paul Bergen/Redferns/Getty Images

De Splash, em São Paulo

04/07/2021 04h00

Os catálogos dos trocentos serviços de streaming que assolam o Brasil (na semana passada ainda chegou a HBO Max...) estão lotados de documentários musicais. Alguns excelentes, premiados, outros nem tanto. Mas duas estreias recentes chamam atenção.

"This is Pop", na Netflix desde março, e "1971", que estreou em maio na AppleTV+, são minisséries documentais que tratam de música com amor, e com formatos e premissas diferentes. As duas, porém, são um tapa na cara de quem ainda acha, em 2021, que artista não deve se posicionar.

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Ambas se dividem em oito episódios cada. A primeira se debruça sobre fenômenos específicos da música pop: desde a invenção do Auto-Tune ou a busca pelo que há nas águas da Suécia, celeiro de hits há décadas, passando pelas boy bands, a popularização do country e até o britpop.

Com linguagem esperta e... pop (há!), "This is Pop" tem dois grandes trunfos: buscar a autenticidade por trás de todos esses movimentos, dando voz a personagens não tão falados e, principalmente, falar sobre o elefante na sala.

'Como assim?', você pergunta, caro leitor.

Longe de apenas glorificar seus objetos de estudo, cada episódio trata de assuntos poucos falados, mas tão importantes quanto os fenômenos em si:

  • As boybands brancas, como Backstreet Boys e 'N Sync, chupinharam os pioneiros Boyz II Men e ficaram com todos os louros.
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Michel Linssen/Redferns/Getty Images - Michel Linssen/Redferns/Getty Images
Imagem: Michel Linssen/Redferns/Getty Images
  • A masculinidade tóxica exaltada na famigerada "batalha do britpop", entre Oasis e Blur, que empoderou homens brancos idiotas a serem idiotas (e, veja bem, falo enquanto fã das duas bandas), além de todo sexismo presente na cena.
David Cheskin - PA Images/Getty Images - David Cheskin - PA Images/Getty Images
Imagem: David Cheskin - PA Images/Getty Images
  • A perseguição ao rapper T-Pain, esculhambado por abusar do Auto-Tune como opção estética - com direito a redenção emocionante e tudo.
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Já "1971" assume tons mais pesados. Também pudera: o ano que mudou a música começou assombrado pelo fim dos Beatles e pela Guerra do Vietnã, àquela altura mais impopular que pão francês com leite condensado.

Mas 1971 também teve Concert For Bangladesh, que reuniu George e Ringo

New York Daily News Archive/Getty Images - New York Daily News Archive/Getty Images
Imagem: New York Daily News Archive/Getty Images

De Asif Kapadia (dos ótimos documentários "Senna", de 2010, "Amy", 2015, e o mais recente "Diego Maradona"), 1971 parte da política para contar como um ambiente influenciou a frutífera cena musical da época —que influenciou tudo o que veio depois.

Com destaque às letras das canções e um desfile impressionante de álbuns hoje clássicos, "1971" vai da guerra ao abuso de drogas como cocaína e heroína, da força do movimento Black Power ao glam rock, que deu ao mundo David Bowie.

Álbuns lançados em 1971

  • "What's Going On", Marvin Gaye
  • "Tapestry", Carole King
  • "Blue", Joni Mitchell
  • "Sticky Fingers", Rolling Stones
  • "Hunky Dory", David Bowie
  • "Who's Next", The Who

... entre muitos outros...

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Costurado por grandes músicas, excelentes imagens de arquivo e muita, muita história, "1971" é mais uma prova de que artistas têm, sim, que se posicionar —a não ser que não queiram entrar para a História— e que tudo, até a música, é político.

O que a ativista Angela Davis tem a ver com música? Tudo.

Bettmann/Getty Images - Bettmann/Getty Images
Imagem: Bettmann/Getty Images