Ricky Hiraoka

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Reportagem

Izabella Camargo: 'Chorei e vomitei no meu primeiro dia de Globo'

Há seis anos, a jornalista Izabella Camargo virou notícia quando vivenciou um lapso de memória enquanto apresentava a previsão do tempo em um noticiário da GloboNews. Para os espectadores, aquele esquecimento parecia uma mera falha, mas o problema era mais sério do que aparentava. Izabella ficou com a visão escura, a boca secou, o estômago embrulhou e sentiu tremores nas pernas.

Após cumprir o expediente, ela foi ao pronto-socorro, onde chegou sob o risco de convulsão, e foi diagnosticada com síndrome de burnout. "Naquele momento, eu descubro uma das coisas mais cruéis e mais importantes que eu repito todos os dias: dor que não sangra dói em dobro, dor invisível dói em dobro." Izabella foi afastada para cuidar da saúde e, quando voltou ao trabalho, foi demitida no mesmo dia.

O apagão ao vivo encerrou um ciclo de sete anos de Izabella nos telejornais da Globo, uma trajetória que foi marcada por tensão desde o momento em que foi contratada. "Quando eu chego na Globo para meu primeiro dia de trabalho, meu feedback foi: 'Sua voz é muito ruim, Izabella'", lembra a jornalista. "Naquele momento questiono minha chefe e ela esbravejou, e para onde eu fui? Para o banheiro chorar e vomitar no primeiro dia de trabalho."

Em nossa conversa, Izabella conta como sua demissão a fez descobrir que a grande missão de sua vida é levar a educação sobre saúde mental ao maior número de pessoas e explica seu projeto sobre EPIs (equipamentos de proteção individual) para saúde mental, que visa transformar os ambientes de trabalhos em locais mais acolhedores para os profissionais. "As perdas relacionadas a saúde mental no Brasil é de R$ 400 bilhões por ano. A cada 6 minutos, uma mulher é afastada do trabalho por depressão ou ansiedade", aponta.

Izabella também faz um alerta sobre a relação do burnout com o assédio. "O que faz um profissional que ama o que faz, muito comprometido, ter a síndrome de burnout é o assédio. o problema do burnout não é o trabalho, é o assédio", esclarece. "O assédio institucional, o assédio organizacional daquele 'que se você não quiser fazer, tem uma fila querendo seu lugar', tudo isso somado a um corpo esgotado vai levar a um dano existencial. Você vive uma situação que rompe seu projeto de vida. Isso não é cansaço, nem esgotamento."

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

14 comentários

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Luis Marcelo Inaco Cirino

Continua linda 

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Elias Coelho Macedo

Ela tinha salário na Globo de 49 mil reais por mês. Só de indenização da globo ela recebeu cerca de 2 milhões de reais, uma verdadeira fortuna. E além do mais, ela tem que agradecer a globo por tudo, se não foi a Globo ela teria caído no ostracismo e estaria na pindaíba.

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Ramiro Chigueyochi Matsunaga

É emprego dos sonhos de muita gente, que trabalharia feliz da vida mesmo de madrugada.  Muita gente faz isso e se sente realizada. A Izabella tinha uma situação sua, particular, que não combinava com a função. Insistir era autoflagelação.

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